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sábado, 2 de outubro de 2021

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PROJETOS - PROJETAR - PROJETE-SE!


Frequentemente nos deparamos com a necessidade de criar projetos. São projetos que integram os nossos anseios, os nossos saberes, e a necessidade de aprendizagem. Aristóteles, filósofo grego antigo, dizia que o homem nasce com o desejo de aprender. Essa máxima, é o que nos orienta no decorrer de toda vida. Nunca paramos de aprender. Nunca estamos satisfeitos com o que sabemos. Estamos sempre querendo saber mais, aprendendo.

O filósofo Sócrates, dizia que quanto mais o homem sabe, tanto mais precisa ter a humildade em reconhecer sua própria ignorância. Quanto mais nos abrimos ao saber, tanto mais reconhecemos que não sabemos, e que, portanto, temos muito ainda a aprender.

Por isso é necessário projetar. Os projetos nos ajudam a mobilizar o que sabemos, em direção ao que não sabemos. Os projetos nos ajudam a sermos mais humanos e, reconhecer nossa própria humanidade. Quem projeta, está sempre com a noção do inacabado, do incompleto, do necessário a ser feito. Jean Paul Sartre, filósofo contemporâneo, dizia que o homem é um eterno insatisfeito. Em outras palavras, quando o homem realiza um projeto, nunca se dá por satisfeito, sente de imediato a necessidade de continuar a projetar e a projetar-se.

A dinâmica de projetos inserida nos diferentes lugares, nos ajuda a reconhecer nossa capacidade criativa de transformar o meio, a partir da percepção concreta e material dele mesmo. A transformação está, em primeiro lugar, ao olhar para a realidade e reconhecer que ela pode ser mais do que momentaneamente é, verificando seu potencial de empreendedorismo social, humano e sustentável. Em segundo, o olhar crítico sobre a realidade, nos possibilita desmobilizar a tradição e a reprodução da negação do potencial criativo e de aprendizagem. Esse olhar contribui no sentido de criar novos projetos, novas ideias, novas vivências. Em terceiro lugar, os projetos nos possibilitam a vivência de nossos saberes, de nossas aprendizagens, e ajudam a avaliar o quanto nos apropriamos da realidade em que estamos inseridos.

Assim, como afirma o filósofo Martin Heidegger, ao nos projetarmos sobre o mundo com liberdade, também agimos sobre ele com responsabilidade. A dinâmica do projeto, seja ele de vida, profissional, escolar, exige de nós responsabilidade sobre nossas ações. Assim, projetar-se é responsabilizar-se pela transformação da natureza social e humana em cultura, e consequentemente, a transformação de sua própria condição. Quando transformo o meio através dos meus projetos, também me transformo! É uma relação de liberdade que exige responsabilidade.

Por fim, a dinâmica de projetos exige com que direcionamos nosso olhar ao outro. Realizar um projeto, é nunca estar só; é estar sempre em relação. Nossas ações, pensamentos e transformações, transformam também a relação com o outro e o transformam. Esse exercício de mudança, proporcionado pela dinâmica de projetos, envolve diretamente relações de cooperação e cidadania. Projetar-se e projetar na dinâmica do outro, é cooperar; responsabilizar e responsabilizar-se na dinâmica do outro, é cidadania.

Te desejo muitos projetos! Projete e projete-se!

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sexta-feira, 10 de setembro de 2021

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A Dimensão Mística do Projeto de Vida


Você já considerou a dimensão místico-espiritual e sua importância na realização do seu projeto de vida? Quem sabe, essa é uma das dimensões mais essenciais na realização do seu projeto de vida e, no entanto, muitas vezes, uma das mais esquecidas. Normalmente, ao pensar o projeto de vida, as questões econômicas, profissionais, afetivas e sociais, ocupam um lugar de destaque. Não menos importante, é a dimensão espiritual.

A dimensão espiritual se difere na condição racional, pois enquanto a racionalidade busca as diferentes explicações para os diferentes propósitos presentes em seu projeto de vida, a espiritualidade desenvolve o sentido do propósito do mesmo. A vida humana, a partir da espiritualidade, é uma constante busca de sentidos, e essa busca é o vínculo que caracteriza a relação do ser humano com o transcendente.

No sentido existencial e espiritual do ser humano, e ao colocar esse sentido no projeto de vida, percebe-se que a condição humana está localizada em um horizonte mais amplo do que o bem-estar imediato e material que passamos boa parte de nossas vidas. Assim, a dimensão espiritual, ao ajudar o ser humano a encontrar o sentido do seu propósito, também o ajuda a estabelecer um diálogo com as outras dimensões existenciais.

Aprofundar a espiritualidade, está em ampliar a relação humana-divina como experiência vivencial. A espiritualidade é tão presente no projeto de vida, que chega a ser fenômeno que norteia o amadurecimento intelectual, afetivo esocial da pessoa  humana. É através da espiritualidade que o projeto de vida amplia suas metas em direção a uma experiência colaborativa, cooperativa e coletiva das vivências humanas.

Alimentar a espiritualidade e a dimensão mística, criando ambiências de comunidade, de grupo, caridade, devoção, crença, entre outros, favorece o aprofundamento das dimensões humanas e sua realização. Através da espiritualidade, o ser humano se realiza enquanto humano. É na condição espiritual, coerente com a dimensão material, que ocorre o amadurecimento individual, sua vocação, e felicidade.

Por último, a dimensão espiritual convoca ao engajamento comunitário. É da espiritualidade viva, concreta, que os movimentos comunitários ganham sentido, junto com ele, as pessoas que dele participam. É nesse lugar, que se amplifica as relações sociais profícuas em direção ao crescimento humano de cada um de nós.

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sábado, 4 de setembro de 2021

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A DIMENSÃO PSICOAFETIVA - A AUTOCRÍTICA E O AUTOCONHECIMENTO - NO PROJETO DE VIDA

Você já pensou sobre a importância de seu processo de personalização em meio a sociedade? Você já pensou o quanto você é diferente de todas as outras pessoas? Você já pensou como desde sempre buscou tornar-se pessoa? Para responder essas perguntas, e quem sabe possibilitar outras reflexões em torno das mesmas, vou trazer algumas ideias sobre a importância do desenvolvimento da dimensão psicoafetiva no seu projeto de vida.

A dimensão psicoafetiva é o processo de personalização das descobertas, da aceitação de si, da integração e do trabalho para construção de si. Quando falamos em dimensão psicoafetiva, estamos falando de nós mesmos. Não se trata de avaliar a sua relação com os outros, mas consigo. Por isso, a relação psicoafetiva também pode ser entendida como a minha relação comigo mesmo.

Para desenvolver a dimensão psicoafetiva em um projeto de vida, é importante o autoconhecimento e autocrítica. Sem eles, o ser humano se torna incapaz de analisar as diferentes situações que o envolvem e, envolvem a administração dos próprios conflitos e dos conflitos com os outros.

Através da autocrítica - crítica de si - podemos entender com objetividade e de maneira equilibrada o por quê agimos de determinada forma em indeterminada situações. Estamos sempre mudando, e compreender essas mudanças favorece um melhor relacionamento consigo, garantindo saúde mental, espiritual e afetiva, de forma plena. A falta de autocrítica, leva o ser humano à ações não planejadas e, portanto, de resultados não esperados. A falta de autocrítica, faz com que o ser humano transforme pequenos conflitos em grandes confrontos.

Outra dimensão importante é o autoconhecimento. É nessa dimensão que buscamos valores oriundos de nossas concepções educativas/formativas. É nela que ampliamos a reflexão ética de como devemos agir, diante de determinadas situações. A dimensão do autoconhecimento também ajuda a pessoa a se afirmar enquanto pessoa, a valorizar-se, a priorizar-se e, ao mesmo tempo, valorizar o outro e a priorizar o outro como referência para sua construção.

É através do autoconhecimento e da autocrítica que relacionamos outras dimensões da nossa constituição como pessoa: os sentimentos, corpo, afetividade, valores, habilidades, trabalho, lazer, dinheiro, bens materiais e espirituais, saúde, entre outros.

Por isso, é importante para o projeto de vida e sua realização, que essa dimensão -  a dimensão psicoafetiva -  seja entendida, sentida e vivida em sua plenitude. Isso requer compreender a vida em sua totalidade, sem afastar-se dos outros, mas também, sem deles ser vítima. Autocrítica e o autoconhecimento favorecem a construção do projeto de vida com autonomia e emancipação.

Boas reflexões!

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sexta-feira, 27 de agosto de 2021

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VOCÊ JÁ PENSOU EM SEU PROJETO DE VIDA?

A trajetória do ser humano é, para o próprio ser humano, um dos maiores enigmas a ser vivido. O propósito de sua vida, é algo a ser descoberto. Ele não é dado, é decisão! Ninguém foge dele! Ter um propósito para a vida vai além de uma visão superficial, mediana ou até medíocre de sua própria existência. A existência, quando vivida de forma coerente com o propósito, acaba por ser um desafio. Sabemos que o maior desafio do propósito humano, é a sua realização. Muitas pessoas têm propósitos, poucas o realizam.

Para pensar sobre seus propósitos, sugiro três questões:

1. Onde pretendo chegar? Nessa primeira questão, está o sonho. Ninguém tem um propósito, sem antes ter sonhos. Dentro dos sonhos estão as nossas metas, nossos ideais, o lugar onde me encontro e a responsabilidade que tenho. Em outras palavras, sonhar é ter a consciência a respeito de si mesmo e o lugar que ocupa no mundo.

2. Onde e como estou? Nessa questão estão as categorias da situação, do contexto, o rumo que me desejo; enfim, é a consciência da realidade que sou e na qual me encontro.

3. O que preciso fazer? Está nessa pergunta a dimensão prática do propósito de vida. Quais são os passos que preciso/ devo fazer? Em outras palavras, quais ações são necessárias para realizar o projeto sonhado? Essas ações são concretas. Elas implicam em sair de um lugar muitas vezes confortável ao qual se está, e caminhar em direção ao que deseja. Exige movimento!

Em síntese, o projeto pessoal de vida é a organização dos sonhos, que leva em consideração a realidade a qual a pessoa se encontra, bem como, a necessidade e a urgência de dar passos concretos que respondam às diferentes realizações das dimensões da vida.

Por vezes, para pensar o nosso projeto de vida, precisamos de uma ambiência, ou seja, a construção de um clima especial, propício para o exercício de concentração, escuta atenta e  resposta elaboração do projeto. Considere também que, a escrita do projeto é a materialização do seu objetivo. Portanto, deixe fora dele decisões mesquinhas ou egoístas, superficiais, ambiciosas, ou outra qualquer que seja incoerente com a sua opção.

 Por último, faça a melhor opção: opte pela sua felicidade e, pela felicidade das pessoas que você ama! Construa seu projeto de vida! Se precisar de algumas dicas ou auxílio, conte comigo! 

Boas reflexões!

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sexta-feira, 20 de agosto de 2021

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DO CONSELHO DE CLASSE AO CONSELHO DE GRUPO


 Você já ouviu a expressão "Conselho de Classe"? Pois bem, Esta é uma expressão utilizada quando nos referimos às práticas escolares, em especial, quando se quer verificar o andamento de um processo pedagógico. No Conselho de Classe reúnem-se professores, coordenadores, diretores, das mais diferentes áreas do conhecimento, e também de diferentes turmas. Debatem-se nesse espaço, questões relativas ao andamento da aprendizagem, disciplina, angústias e algumas propostas de melhorias para aquela determinada turma.

O Conselho de Classe é uma prática da Escola Tradicional. Desde as primeiras escolas do período da escolástica medieval, havia o Conselho de Classe. Nessas escolas, por serem internatos, o Conselho de Classe tinha a função de regimentar e fazer cumprir as normas escolares voltadas principalmente ao controle disciplinar dos estudantes internos. Era um espaço onde havia uma lista de “conselhos” indicados para cada situação vivenciada por cada turma.

Partindo do entendimento da escola na Modernidade, em especial, a escola voltada a reprodução da fábrica e da sociedade, o termo Conselho de Classe passou a significar a legitimação do conflito de classe social existentes na sociedade. A escola no período moderno, acaba reproduzido em sua dinâmica organizacional e pedagógica, a ordem social e sua organização.

O termo "classe" foi criado por Karl Marx, se referindo a uma sociedade estratificada em dois grupos: os burgueses (opressores) e os operários (oprimidos). Segundo Karl Marx, as relações entre classes são conflituosas. É esta relação de conflito de classe, que marca a história da humanidade. Pensar em classe, na condição social, é uma forma de compreender os conflitos inerentes ao próprio sistema capitalista. Pensar em classe, no ambiente escolar, é a reprodução da sociedade na estrutura da escola, onde costumeiramente utilizamos a expressão classificar - termo derivado de classe.

Quando pensamos a escola na dinâmica democrática, em especial nos nossos tempos, precisamos mudar essa prática de Conselho de Classe para a prática de Conselho de Grupo. A prática de Conselho de Grupo é democrática, pois pressupõe que cada turma disposta em assembleia, possa ser capaz de autorregular-se; ou seja, constituir-se como um espaço em que, através da participação consciente, da escuta ativa, do respeito à diversidade, e do compromisso coletivo, possam os estudantes saírem da condição passiva da obediência, para condição ativa da cidadania.

É difícil de conceber a construção da cidadania em uma escola, onde as práticas autoritárias reproduzam a natureza dos conflitos sociais. No entanto, para se construir cidadania, é necessário a educação moral do indivíduo. Nesse sentido, a convivência grupal regulada por princípios construídos pelo próprio grupo, colocando em primeiro lugar a cooperação, constitui-se num espaço de construção moral da cidadania.

 Assim, para concluir, a construção do Conselho de Grupo em uma escola, é um desafio que caminha desde a gestão escolar, o currículo, as práticas pedagógicas dos professores e sua formação profissional, bem como a sensibilização dos estudantes. Não se trata de ter sucesso ou não, mas de transformar a escola em um lugar de amplificação das vivências democráticas. Assim, consequentemente, teremos uma sociedade mas atenta a cidadania e a democracia.

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sexta-feira, 30 de julho de 2021

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PROFESSOR-PESQUISADOR E O ENSINO HÍBRIDO: LER, PESQUISAR, ESCREVER NA NOVA ESCOLA

A construção de conhecimento coletivo e a pesquisa escolar, tem relação intrínseca quando se pensa a educação nos dias de hoje. A escola deixou de ser um espaço de transmissão de conhecimento, para ser um lugar onde se socializam as diferentes perspectivas de saberes. Não há quem saiba mais, ou quem saiba menos; existem, porém, aqueles que compartilham saberes construídos ao longo de suas vidas. Não há na escola de hoje, lugar para arrogância do saber. Não há alguém imaculado (a), porque tem um arcabouço cultural mais refinado, ou em contrapartida, popular. Não se valoriza na escola, esta ou aquela perspectiva teórica como a melhor. Na nova escola, dentro de um discurso democrático, há lugar para diferentes entendimentos que vão desde concepções políticas, religiosas, econômicas, filosóficas, artísticas, culturais.

Na escola de hoje, a construção coletiva de conhecimento se dá entre os pares. São professores, educadores responsáveis por sua missão, que refletem sobre sua prática pedagógica. Refletem, pois entendem que através da reflexão ampliam a dimensão ética de sua profissão. Entendem que a reflexão melhora seu saber, sua relação com o outro, e também o ajudam a entender melhor a complexidade do processo educacional.

A construção coletiva de conhecimento, só é possível quando o professor também se dedica à pesquisa. Não se trata de existir setores/disciplinas de pesquisa dentro de uma escola, mas, a constituição da escola como um lócus de pesquisa. É sempre bom lembrar que a pesquisa nasce de uma inquietação, um problema, uma reflexão. A escola que favorece o ambiente inquieto, problematizador e reflexivo é, por excelência, uma escola de pesquisadores.

Professores-pesquisadores são aqueles que estão inquietos diante de seu trabalho, que problematizam-o, que refletem sobre seus saberes, suas práticas de ensino e aprendizagem, e também as avaliativas. Professores-pesquisadores não se reduzem a um currículo positivista, ou seja, onde os conhecimentos são vistos como verdades a serem transmitidas. Professores-pesquisadores, estão sempre em constante movimento de troca com seus pares, pois entendem que a experiência de educação, só faz sentido quando compartilhada.

Assim, na escola de hoje, a pesquisa e a produção coletiva andam juntas. Além de inquietar-se, problematizar e refletir sobre seus saberes e práticas pedagógicas, sobre o seu cotidiano concreto, os professores-pesquisadores também escrevem. Eles entendem que a escrita é um exercício de imortalidade ou, se for o caso, de eternidade. Pesquisar,  ler e escrever, fazem parte de um roteiro dialético -  que coloca em movimento crítico -  as palavras do mundo e o mundo das palavras. 

Para ampliar ainda mais a leitura, a escrita e a pesquisa, a escola de hoje oferece o ensino híbrido, possibilidade de levar para o estudante a experiência e o exemplo educativo do professor-pesquisador. O ensino híbrido possibilita autonomia do estudante, sem perder de foco a orientação e mediação do professor. Ensino híbrido, ao contrário de transmissões de aulas presenciais (ensino remoto), amplia a dimensão de autonomia e protagonismo do estudante, bem como a função democrática do ensino. A dimensão da Autonomia e do protagonismo, são desenvolvidas quando o estudante inquieto pelas problematizações da mediação docente, busca em espaços virtuais diferentes entendimentos para complementar, ampliar e complexificar o saber fragmentado da sala de aula. Na sala de aula, a função democrática do ensino se potencializa quando se dialogam os diferentes entendimentos da pesquisa com saberes curriculares, realizando profícuas reflexões.

Por fim, na escola de hoje, ler, pesquisar, escrever individualmente ou em espaços coletivos, juntamente com as metodologias ativas do ensino híbrido, constituem um novo ensinar e aprender. Resta a pergunta: De que somos capazes em nossas escolas? E a resposta -  de tudo isso, e muito mais!

Boa leitura! Excelentes reflexões!

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sexta-feira, 23 de julho de 2021

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NA NOVA ESCOLA QUEM APRENDE, NÃO DEPENDE!

Quem aprende não depende! Escutei essa afirmação dias atrás, de um excelente orientador e mediador de um processo formativo realizado em um coletivo de professores. De fato, aprender vai além do ensinar. Quem só ensina, depende; não aprende. Para ensinar, precisamos antes de mais nada, aprender a ensinar e o que ensinar. A aprendizagem é o centro da escola do futuro.Uma escola onde o ensinar não será mais o centro, mas o aprender.

A escola do futuro é um espaço coletivo de aprendizagem, e não de ensino individual. A escola tradicional, estava mais preocupada em ensinar do que aprender. A figura do processo era o professor.

Estudava-se muitas teorias sobre aprendizagem nos cursos de formação inicial e continuada de professores. Para cada teoria, a necessidade de métodos de ensino. Passou-se com o tempo, a compreender a escola como um lugar de ensino; pior do que isso, de um ensino calcado na transmissão de informações.

O que se espera da nova escola, é que se possa estabelecer uma relação de conhecimento e cultura. Onde há relação com conhecimento seja diferente do que aquela que temos hoje e, a relação com a cultura, seja mediada pelo professor na relação com o conhecimento.

  Na nova escola, o conhecimento está em tudo, assim como na escola tradicional também estava. No entanto, o conhecimento sempre esteve no mundo de forma caótica. Na nova escola, cabe ao professor organizar, dar sentido, e aproximar os sujeitos do conhecimento a partir de uma experiência vivencial, declaradamente reflexiva.

O movimento da tecnologia no ambiente escolar, facilita experiências coletivas de organização do saber. Mas é bom lembrar, que não resolve o problema da aprendizagem, pois este não é tecnológico, é humano. A tecnologia facilita a distribuição das informações, possibilita os encontros, armazena os registros, e pode até ensinar, mas não aprende por ninguém.

Na nova escola, a formação de professores têm como foco o trabalho coletivo, ou seja, ela acontece no próprio trabalho do professor, quando este estabelece uma relação dialética com o seu trabalho e com os colegas. Essa relação é marcada pelo questionamento, pela reflexão, e pela melhoria do fazer, do ensinar, mas principalmente do aprender.

Por fim, a nova escola é a "casa comum" de todos nós. É o lugar de reflexão comum dos professores, estudantes, comunidade. Comum, não significa simplificado, de fácil compreensão. Comum significa comunitário, de compromisso de todos. Na nova escola como casa comum, as relações também são comunitárias. Aprende-se uns com os outros. Ensina-se aprendendo. Avalia-se, fazendo. Emancipa-se, discutindo. 

A casa comum é a nova escola de todos nós, onde quem aprende, não depende!

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sexta-feira, 16 de julho de 2021

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NÃO SE ESQUEÇA DE BALANCEAR!

Muitas escolas chegaram neste final de semana, ou ainda chegaram no próximo, ao fim de mais um semestre letivo. Os alunos e professores entram em recesso escolar. É momento de fazer algo que, diferente da rotina, não nos distancie do compromisso com a escola. Descanso e muita reflexão para os professores. É momento de fazermos um balanço de nosso trabalho, de seu sentido, objetivos e anseios.

Antes de viajarmos, normalmente colocamos nosso carro em perfeito funcionamento, em harmonia. Significa que o levamos até uma oficina para fazer uma manutenção geral. O balanceamento faz parte da manutenção e, e consequentemente, quando bem realizado, possibilita uma viagem mais segura, tranquila e feliz. Fazer o balanceamento de nosso carro é sempre uma atitude assertiva, porque além de econômica em relação aos desgastes dos pneus, da suspensão e de toda máquina do carro, evita transtornos maiores como saída da pista, trepidação em alta velocidade, perda de controle de direção, etc.

Utilizando essa analogia, os professores também necessitam fazer balanceamento. A trajetória escolar oferece à esses profissionais que conduzem os estudantes, momentos de declínio, ou mesmo, ascendência na aprendizagem, na disciplina, na relação. O balanceamento pedagógico permite com que, a condução pedagógica ofereça mais estabilidade durante esses momentos da trajetória.

Mesmo depois do balanceamento pedagógico realizado, é momento de balancear os desgastes emocionais, racionais, afetivos, intersubjetivos, frustrações ou mesmo sucessos que são recolhidos durante a trajetória.

Durante o semestre, por vezes, estamos em um deslize aqui, outro acolá. A escola de hoje, na pós-modernidade, não é um porto seguro, sólida, sem mudanças. A escola é sim, um lugar de frequentes transformações, de incertezas, fragilidades, acertos e erros. No lugar do porto seguro, estão os tristes marinheiros observando os destroços dos velhos portos onde ancoravam suas certezas. Esses portos não existem mais! As certezas desapareceram. No lugar deles, um novo porto, uma nova escola. Ali estão novos marinheiros, atentos ao movimento do contexto do mar. Sabem esses marinheiros que o melhor a se fazer na agitação ou na calmaria do mar, é balancear certezas com incertezas, seguranças com inseguranças, esperanças com desesperança, sentidos com ausências, solidão com presença, tristeza com alegria, etc.

Logo, voltaremos balanceados! A viagem continua! Continuaremos! Paramos um pouco para balancear, rever o que não deu certo, meditar sobre o que não tivemos tempo de refletir, ampliar aquilo que era só uma ideia, e sentir que desde já, mesmo sabendo que as trajetórias nos oferecem desconhecidos solos à pisar, o que balanceamos agora nos possibilitará viajar seguros e tranquilos até onde nós pudermos, e que Deus nos permitirá!

Boa Viagem! Bom descanso! Bom retorno! Não se esqueça de balancear!

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sábado, 10 de julho de 2021

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SEUS DADOS ESTÃO SEGUROS?


Um dos grandes enigmas humanos sempre foi responder as perguntas que fazem referência à sua existência e à sua história. A existência humana, necessariamente, vem acompanhada de sentido, encontrados no mundo material, racional, subjetivo, emocional. Perguntas como, “Quem sou? De onde vim? Para onde vou?”, são questões que os primeiros filósofos já levantavam sobre o ser humano em seu tempo. Ainda hoje, mesmo diante de tantos avanços tecnológicos, políticos, econômicos e científicos, o dilema sobre a resposta das perguntas continua. Acrescenta-se a este dilema, a segurança de dados.

Você pesquisou seu nome na internet? (se não ainda, faça agora...) Você sabe quantos registros fotográficos seus estão online? Seu CPF, RG, CNH, estão publicados na internet, para acesso público? Sabe quantas empresas vendem seus dados, como telefone, email, perfil em rede social, para outras empresas que lhe oferecem produtos? Você sabe quantas empresas de propaganda e publicidade utilizam seus perfis nas redes sociais, considerando seus interesses, para lhe oferecer propaganda de produtos que atendem seu perfil? Sabe quantas pessoas já descobriram alguma coisa sobre você,  porque seus dados estavam dispostos em locais que você não sabia que eles estavam? Enquanto lê esse texto, nesse blog, você tem certeza de que está seguro (a) ao estar conectado na internet?

E os seus dados físicos, suas matrículas, seus registros, suas movimentações bancárias, seus documentos, sua intimidade, entre outros, estão seguros? É, parece que o mesmo dilema que incomodava e fazia os primeiros filósofos pensar, ainda continua nos preocupando hoje.

Vivendo em um mundo, em que não estão separados o real do virtual, a pergunta que fica é: como garantir a segurança de meus dados? Quem sabe, sendo mais prudente e não tão radical, poderia relaborar a questão: como melhorar a segurança de meus dados?  Para isso,  foi criada a LGPD -  Lei Geral de Proteção de Dados.

A LGPD - Lei Geral de Proteção de Dados, é a lei nº 13.709, aprovada em agosto de 2018 e com vigência a partir de agosto de 2020. Ela serve para garantir a proteção de direitos fundamentais da pessoa humana, como a liberdade e a privacidade, entendendo que estas são fundamentais para livre formação da personalidade dos sujeitos. Entenda, porém, que a proteção de dados pessoais, como o nome, RG, CPF, CNH, e-mail, matrícula escolar, entre outros, estão entre direitos da pessoa humana que garantem à ela uma vida social plena. Quando estes dados se encontram  desprotegidos, também está desprotegida a condição social, ética e moral da pessoa humana, bem como, a sua integridade no convívio social. 

Mesmo que a lei represente um grande avanço, em especial, no tempo de conexão que existimos, o primeiro passo a ser dado quanto aos dados pessoais, é sempre por parte do indivíduo que dele faz natureza. Assim, muitas vezes, a falta de senso crítico e a ilusão pelo mercado por parte dos indivíduos, são oportunidades para os falsários. Por isso, recomenda-se sempre em primeiro momento, fazer uso da informação verdadeira. Pessoas seguras de si, esclarecidas, tem demonstrado maior segurança com seus dados.

 O isolamento social não proporciona segurança de dados. A vida social é sempre uma troca. Assim, não pode a troca ser confundida como posse, aproveitamento, exploração e engano. Parte-se de relações éticas, que fundamentam qualquer relação mais segura. Dessa forma, a reflexão ética sobre o agir, é fundamental para segurança de dados. A ética valoriza os princípios da ação, confere legitimidade às relações sociais.

  Converse sobre a LGPD, discuta LGPD. Proponha em seu ambiente de trabalho, em sua casa, a busca de informações sobre a LGPD. Acima de tudo, não se esqueça: esteja seguro de sí ao realizar qualquer tipo de transação, mediação, troca, que exija seus dados. O esclarecimento é a chave da emancipação!

 Boa reflexão 

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domingo, 4 de julho de 2021

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SUA ESCOLA TEM UM PROJETO DE INCLUSÃO E RECONHECIMENTO DA DIVERSIDADE?

Durante os últimos tempos, vivemos vários desafios nas escolas. Existem desafios que são sequentes quando se pensa a organização e o funcionamento da escola. Alguns desafios são mais latentes, outros, nem tanto. Outros ainda, foram normalizados como rotina no cotidiano das escolas. Por serem normalizados, acabaram por se tornar comuns/controlados nas práticas educativas. Mas, em especial, gostaria de trazer para reflexão a inclusão e o reconhecimento da diversidade como prática escolar educativa.

A diversidade está tão presente em nossa vida, em especial, na contemporaneidade, que ela acabou por impulsionar movimentos de mudanças dentro das instituições sociais. É o caso da família, das empresas, do trabalho, da religião, da cultura, entre outras e, finalmente, a escola.

Na escola, boa parte dos projetos, tradicionalmente, são decorrentes do currículo. Porém, há que lembrar, que o currículo tem várias vertentes epistemológicas, metodológicas e ideológicas. O currículo sempre corresponde à uma tendência educativa que orienta o saber e o fazer escolar. Algumas escolas, tratam o currículo como algo vivo, compreendendo-o como lugar de conflito, de reflexão, e de ação pedagógica. Outras escolas, tratam o currículo como estratégias de controle disciplinar do corpo e da mente dos seus estudantes. Nesse segundo caso, o currículo não é libertador, é sim, opressor.

No entanto, falar de inclusão e reconhecimento das diversidades e propô-la como prática viva na escola, está em desafiar, em primeiro momento, a observar as fragilidades relacionadas à inclusão de grupos minoritários no contexto escolar. Com certeza, não se trata apenas de incluir, mas de reconhecer sempre em abertura para uma proposta educativa aberta, não opressora.

Assim, a inclusão e o reconhecimento das minorias, deve ser reconhecida não apenas no grupo de estudantes, mas nos professores, gestores, famílias, e todos que compõem a escola. Além do reconhecimento, precisa também ser estendida para comunidade não-escolar, pois é ela que legitima, juntamente com a comunidade escolar a educação como um processo socialmente válido.

Se for do interesse da escola, a proposta parte de um estudo, não apenas de sua implementação, mas de uma sensibilização quanto as diversidades socialmente presentes na escola. Esse ponto é muito importante, pois é através dele que se busca a construção de um contexto de diálogo e de enfrentamento dos preconceitos construídos e legitimados no ambiente escolar.

Após a sensibilização, é hora da implementação. Para esta, é preciso reconhecer quais são os facilitadores e os dificultadores das ações de implementação. Os facilitadores e os dificultadores, são elementos fundamentais pois representam o interesse da escola em implementar as mudanças no processo pedagógico, curricular, de gestão, na política educacional, entre outros.

Por fim, é preciso que a escola se organize com um plano de trabalho, pois o processo não é pontual, de imediata mudança na cultura organizacional bem como no trabalho pedagógico. O plano de trabalho, necessita sempre ser resultado de muito estudo, discussão, abertura, e entendimento da diversidade com flexibilidade à permanente inclusão. 

Incluir a diversidade não basta, é preciso reconhecê-la. Ela está aí, muitas vezes silenciada, calada, oprimida. Reconstruir os espaços de voz, vez, e atividade, não pode ser uma tentativa de normalizar a diversidade, mas de perceber nela mais uma oportunidade de aprendizagem e de saudável convivência.

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sábado, 26 de junho de 2021

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A RELAÇÃO INDIVÍDUO E SOCIEDADE

Quando pensamos na relação indivíduo e sociedade, percebemos que muitas coisas mudaram desde que começamos a entendê-la. Essas mudanças acarretam melhorias ou prejuízos à vida social do indivíduo. 

A relação do indivíduo e a sociedade, em um estado de normalidade, precisa ser sadia. No entanto, o que se observa é que muitas vezes essa relação é marcada por conflitos de ordem generalizada em muitos aspectos funcionais da sociedade. Os conflitos colocam em risco a segurança, ou até mesmo a fragmentação do indivíduo com as diferentes instituições sociais. 

A vida do indivíduo em sociedade é marcada por fatos sociais, que são a maneira de ser, pensar, sentir, dos mesmos dentro da sociedade. Os fatos sociais são coercitivos, quando pensamos a relação indivíduo-sociedade. É a partir da coerção da sociedade sobre o indivíduo, da consciência coletiva sobre a consciência individual, que as pessoas vão formando suas diretrizes para viver em sociedade. Não quer dizer que não há liberdade, mas que, a partir dessa coerção, é importante refletirmos sobre como está a saúde da sociedade.

Quando os fatos sociais extrapolam os limites da normalidade social, temos uma sociedade patológica. Pensar em uma sociedade anomica, doentia ou patológica, é entender que os fatos sociais produzidos pela consciência coletiva sobre os indivíduos em sociedade, traduzem a saúde das instituições sociais. Observamos, porém, que as instituições sociais como família, escola, Igreja, e o Estado, como dito anteriormente, coagem o indivíduo em todo o seu processo de construção e vida social. Dessa forma, o indivíduo será o reflexo da saúde social. Uma sociedade patológica, terá indivíduos da mesma ordem.

Não se trata, porém, de estabelecer um padrão de indivíduo social, mas de reconhecer algumas diretrizes que podem orientar a paz, harmonia, e as relações saudáveis entre os indivíduos e sua vida em sociedade. Sempre há abertura para o livre-arbítrio, mas este precisa também ser entendido como uma construção consciente do indivíduo social.

Assim, a educação como fenômeno social, implica em essência, em ser um elemento fundamental, quando pensamos as novas gerações e seu papel social. Tudo passa pela educação. Abrir mão da boa gestão da educação, seja ela familiar, escolar, moral e ética, é comprometer o futuro das pessoas com diferentes tipos de patologias sociais. 

Hoje, vivemos o reflexo de uma sociedade construída sobre o silenciamento político, da ausência deste debate na família, na escola, na Igreja. As instituições sociais, tem papel fundamental quando se pensa educação e o futuro da humanidade. 

O futuro pode (veja bem, “pode”) ser construído a partir de uma relação saudável entre o indivíduo e sociedade. Isso não quer dizer que precisa obedecer aos parâmetros estabelecidos e configurados no contexto de hoje. O futuro é sempre uma construção em perspectiva: devemos colocar o melhor de hoje, na perspectiva do amanhã.

Mesmo que o hoje ofereça condições limitadas ao que estávamos acostumados, ele também traz muitas possibilidades. Questionado, um jovem assim me respondeu: "A grande mudança dos nossos tempos, está na educação." Esse jovem percebeu aquilo que muitas pessoas e não percebem: educação não significa transmissão, mas um processo continuo de transformação da vida e das pessoas em uma sociedade em transformação.

Por fim, a relação do indivíduo com a sociedade em nossos tempos, exige que dialogamos com as instituições sociais, de forma sadia, orientados por um processo educativo dinâmico, preservando os valores éticos, morais, espirituais, do indivíduo, que também está em constante processo de transformação.

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sábado, 19 de junho de 2021

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AS MELHORES ORGANIZAÇÕES CONTAM COM OS MELHORES COLABORADORES!

A cultura é uma construção humana. As organizações sociais, são construções culturais. Não nascemos culturais, nem tão pouco, é natural em nós a convivência em organizações sociais. Quando decidimos viver culturalmente, nos colocamos diante dos outros. Por isso, criamos em nossas organizações sociais diferentes culturas, que vão diferenciando-se, e nos diferenciando dos outros grupos sociais.

As organizações sociais estão organizadas a partir de princípios que podem ser sintetizados em sua filosofia, missão e valores. O conjunto dessa tríade, indica os princípios da cultura de uma organização. 

Se observarmos no cenário atual, vamos perceber que dentro de uma mesma cidade, podemos encontrar diferentes culturas organizacionais em um mesmo segmento de trabalho. Encontramos escolas, no segmento da Educação, com diferentes culturas organizacionais. Isso implica na organização do trabalho, e nos fins que o mesmo se propõe. Há escolas, por exemplo, em que a cultura organizacional é pautada em princípios de formação humana, sendo que esses mesmos princípios se refletem na educação que os estudantes vivenciam nesse ambiente. Por outro lado, algumas escolas estão voltadas à competitividade, de igual forma, esse princípio se reflete nas relações entre os colaboradores e e os estudantes.

Alguns profissionais, colaboradores de organizações com cultura organizacional voltada para a competição, acabam limitando seu trabalho, quando o seu perfil profissional não se acomoda em relação ao institucional. Assim, observa-se diferentes elementos em discrepância. Entre eles, o potencial de aprendizagem e de produção de cada profissional. Por isso, em ambientes assim, normalmente se aplica o ajustamento do colaborador à cultura organizacional através de cursos de formação, ou mesmo de acompanhamento profissional.

Quando isso acontece, algumas organizações preferem o desligamento do colaborador, entendendo que essa seja a melhor forma de resolver a questão. Estas organizações correm o risco desperdiçar um potencial profissional que pode alavancar soluções em diferentes situações.

Visualizando o campo da gestão, onde perpassam diferentes entendimentos sobre cultura organizacional, políticas, e interesses profissionais, parece ser necessário considerar a cultura organizacional, bem como o potencial de aprendizagem do colaborador em direção há três elementos:

1. Fazer tudo muito bem feito! - A organização cresce quando o colaborador também cresce. O crescimento profissional e pessoal do colaborador não pode representar uma ameaça para a Organização. O reconhecimento e o crescimento profissional é oportunidade de fazer tudo muito bem feito. Quando digo isso, visualizo que muitos colaboradores ao perceberem que não estão satisfeitos com o seu crescimento e o crescimento da instituição, começam a fazer o possível, mas não o seu melhor. Portanto, "fazer tudo muito bem feito", é resultado de satisfação, crescimento pessoal e profissional e também organizacional.

2. Fazer sempre o bem! - As relações saudáveis são fundamentais dentro de qualquer organização. Agir eticamente, respeitando a filosofia organizacional e suas implicações nas relações que ali existem, é também visualizar e praticar o bem. Dessa forma, a oportunidade do trabalho orientado pela ética, é também a possibilidade de ampliar o convívio social na organização. A prática do bem, melhora a saúde da organização, tornando as relações profissionais, pessoais e organizacionais mais alinhadas.

3. Estar sempre alegre! Mover-se pela esperança! - Entre os muitos desafios das organizações na atualidade, está a motivação. Alegria é o que move a esperança. Em um espaço cultural em que a esperança e alegria se encontram, há motivação. Quando pelo contrário, impera o conflito, a falta de perspectiva, e a ausência de boas relações, o rancor e os constantes ataques difamatórios.

Por fim, essa pequena reflexão serve tanto para as organizações, quanto para seus colaboradores. Refletir acerca do papel do colaborador em relação à organização, ou mesmo, da organização em relação ao colaborador, é um desafio constante dos gestores, sejam eles públicos ou privados. Os melhores colaboradores, com certeza, estão nas melhores organizações. E, para não ser redundante, as melhores organizações são privilegiadas com uma cultura organizacional construída e vivenciada pelos melhores colaboradores.

Boa leitura, belas reflexões!

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sábado, 12 de junho de 2021

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QUEM É ELE?

Para muitos, ele caiu em desuso. Para outros, ele está mais presente do que nunca. Para outros ainda, ele é fruto da autoridade. Para alguns outros, em que autoridade é constituída pelo conhecimento e pela experiência de vida, ele deve continuar existindo. Para esses últimos, mais do que autoridade do poder, ele é constituído pela autoridade do saber. E esse saber não se restringe a algum tipo de conhecimento específico, mas à uma condição de humildade, de reconhecimento, em que ele é necessário. Mas quem é ele? De quem estamos falando?

Em nossa primeira condição existencial, a infância, ele está presente na relação entre pais e filhos, na família. Depois vamos crescendo, e ele vai nos acompanhando. Entramos na escola, e ouvimos o discurso de que " ele se aprende em casa". No entanto, sabemos que a escola tem papel fundamental para o seu aprendizado e para sua vivência. Ele não está nos currículos escolares, mas está nas relações escolares. Não há uma lei na escola sobre ele, mas há consenso sobre o seu bom uso.

Conforme vamos crescendo, ele vai nos acompanhando. É difícil conviver com ele, pois ele exige que aos poucos, devemos superar nossa condição contraditória entre o que pensamos e o que fazemos. É difícil, mas não é impossível! Crescer, nesse sentido, significa, aprender a conviver com os dilemas éticos em que ele nos impõe. Entre esses dilemas, encontramos a necessidade de fazer dele uma troca: ninguém o tem, se também não o der. É uma via de mão dupla: você só receberá, se tiver a capacidade de dá-lo.

Na condição do trabalho, ele também está presente. Não podemos separar o que somos, daquilo que fazemos. O trabalho é a nossa condição fundamental de transformar a natureza em cultura. Ao passo que, quando isso acontece, também nos transformamos. Porém, transformar-se implica, necessariamente, em tê-lo presente. Uma vez destituída a sua presença na relação de trabalho, diminui-se a condição da dignidade, da liberdade e da humanidade do trabalhador.

Nas relações de governo, de gestão pública, ele também está presente. Deveria ser prática do gestor. Porque gestar não é um processo voltado para o benefício de quem gesta, mas o reconhecimento da intenção daqueles que votaram nele, que o dão crédito. Negar essa intenção é negá-lo. O bem político, é um dos maiores patrimônios que a humanidade têm. A política, é o conjunto das relações que torna possível a convivência dentro de uma sociedade. A partir do momento em que os políticos o negam, também eliminam a possibilidade de uma sociedade melhor.

Ainda, sua presença está implícita nas nossas relações com a natureza, na relação de integração do homem com a natureza; mas propriamente, no reconhecimento de que somos interdependentes. Ele não está presente na visão de que somos parte da natureza, porque quem assim vê, se vê separado da natureza. Mas em uma relação de complexidade, tudo que está em nós, também está na natureza. Tudo que constitui a natureza, também constitui a nossa própria natureza, constitui quem somos. 

Acima de tudo, ele está presente em tudo. Você já deve ter se questionado, de quem estamos falando? Quem é ele? Pois bem, não se trata de uma pessoa, mas de uma condição fundamental para ser pessoa. Não se trata de algo que se compra, de algo que se transfere, de algo que se ganha ou se perde. Não se trata de algo que se pode se tirar vantagem; algo que assegure status, fama, ou que legitime uma posição privilegiada na sociedade. Mas é a partir dele e nele, que nos constituímos como gente, gente constituída por gente. Ele é o respeito! 

Boas reflexões! 

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domingo, 6 de junho de 2021

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DIA NACIONAL DA LIBERDADE DE IMPRENSA - Da Ética, da Moral, da Educação


No dia 7 de junho, comemoramos o Dia Nacional da Liberdade de Imprensa. Todo o Artigo 5º de nossa Constituição trata do tema da liberdade. Mas afinal, o que significa liberdade? Qual é a relação que esta tem com a Moral e a Ética e a Educação?

O tema da Liberdade, é sempre, entre os seres humanos, uma das questões que leva-os a refletir filosoficamente não apenas sobre suas ideias, mas também sobre suas ações. Liberdade é uma palavra que reflete juízos, conceitos e abordagens teóricas, apresenta muitos e diversos entendimentos.

Possivelmente você já ouviu a expressão "Sinto-me livre como um pássaro...". Essa expressão, não passa de uma metáfora. Segundo o filósofo alemão Imannuel Kant, mesmo o pássaro ágil, ainda é impedido de voar contra a resistência do ar. No entanto, se a resistência não existisse, seria impossível a este pássaro voar. No tocante à  condição do voo como Liberdade, é importante observar que a resistência do ar serve de suporte, pois seria impossível voar no vácuo. Assumir a condição do pássaro, é também perceber que é diante de uma situação de resistência, que o ser humano pode sustentar a sua liberdade. Caso contrário, poderíamos incorrer no engano de ser livre, assim como o pássaro poderia considerar que ser livre, é voar no vácuo - manobra impossível de ser realizada.

Portanto, para refletirmos sobre a liberdade e suas possíveis causas ou consequências, apresento uma reflexão sobre a postura ética e moral que servem para orientar a liberdade, seja ela teórica ou prática. 

Para iniciar a reflexão sobre a questão ética, não é possível pensar em ser livre, sem considerar a ética como causa e a moral como consequência. Todo ato de liberdade é sempre orientado por uma concepção ética. A ética é o princípio teórico e reflexivo que cada indivíduo tem em sua concepção de entendimento que orienta sua ação. Assim, a moral (que são as normas estabelecidas no coletivo social), é a prática dos princípios e concepções éticas. Muitas vezes, os princípios éticos acabam entrando em conflito com com as normas morais. As normas morais determinam o certo e errado, enquanto que os princípios éticos são sempre orientados pelo bem e o mal.

A relação da liberdade com a ética e a moral, é próxima. Ninguém pode se considerar livre, sem ser orientado por uma das concepções. Agir com liberdade, portanto, é agir orientado eticamente (princípios) ou moralmente (convenções).

É um erro pensar que a liberdade se dá, como se disse no início, sem qualquer resistência. A mesma resistência que impede o pássaro de voar, é o princípio que garante o seu voô. Assim, se a ética e a moral acabam se tornando um limite da condição da liberdade, é porque esse limite é fundamental para que o ser humano seja livre.

Precisamos, no entanto, identificar os limites do livre arbítrio, mas ao mesmo tempo, perceber que a condição da liberdade é o que garante a humanidade. Os excesso de disciplina -  nominado aqui de controle - nega a raiz da reflexão, ou seja, impede que o sujeito se perceba na condição ética e moral. Assim, o primeiro ato de liberdade, é a moral e a ética; depois a disciplina.

Por fim, considerar a importância de pensar a educação como um ato de liberdade, que não aprisiona, mas que liberta, é fundamental para quem está na missão de educar. Em educação, primeiro a formação de um cidadão ético e moral, depois as preocupações com a disciplina. O mesmo filósofo que iniciei a reflexão, também aponta em sua obra "Sobre a Pedagogia", de que o homem é o único animal que precisa ser educado, pois tendo a liberdade, como potência natural, necessita da mesma para tornar-se homem. Os outros animais, segundo Kant, precisam ser disciplinados/ adestrados.

Podemos concluir que a liberdade não é algo dado, mas que resulta de um projeto de construção humana pautado na educação. É uma tarefa árdua, que nem sempre é bem entendida ou bem suportada pelos seres humanos. Mesmo assim, é preciso construir a liberdade, através da formação de consciência, denunciando as formas de prepotência, a ação silenciosa da alienação e da violência, sejam elas através ou contra a imprensa.

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sábado, 29 de maio de 2021

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HUMANIZAR-SE OU COISIFICAR-SE?

Ninguém nasce social, torna-se. Tornar-se social é um processo que envolve diferentes variáveis, que unidas, podem serem traduzidas à uma: Cultura. É a cultura que transforma o animal em homem. Ser humano é uma condição social que se constrói através de processos educativos. A Educação é o elemento central na transformação do animal em homem. 

Vários filósofos já discutiam se a disposição do homem em tornar-se homem era dada por natureza, por Deus, ou mesmo construída a partir da vida social. Aristóteles, por exemplo, afirmava que o homem nasce com o desejo de aprender, e essa é uma condição natural da existência. Para ele, o homem é movido pelo desejo de agregar-se ao outro, constituindo assim, a humanidade e a sociedade. Já Santo Agostinho, na Idade Média, acreditava que a disposição do homem à vida social era dada por Deus no ato da criação. Segundo ele, Deus - sendo o criador - teria posto no homem - sendo criatura - a disposição à vida em sociedade. Por fim, John Locke, filósofo inglês do Século XVII, afirmou através de sua Teoria da Tábula Rasa, que a mente humana é como uma “folha em branco”, ou seja, não há nenhuma pré-disposição inata quanto à vida em sociedade. Resta assim, para Locke, a construção de um sujeito social a partir de suas experiências culturais.

Entre tanto debates, encontramos também Karl Marx, filósofo, clássico da Sociologia, que afirma que ao transformar a natureza, o homem também transforma-se à si. Em outras palavras, para Marx, é na história e no movimento de pensar, fazer e transformar o mundo material, percebendo as suas contradições, que o homem se constrói enquanto sujeito. A transformação do meio, no pensamento de Marx, exige a humanização do mundo, não o seu contrário. Como dito, o contrário da humanização do mundo, é a materialização e objetificação do homem, o que o transforma em coisa.

Cabe aqui, portanto, refletir se a condição cultural do homem em nosso tempo configura um processo de humanização ou coisificação, dada não apenas o entendimento de uma inclinação natural para a sociedade, mas a intenção consciente em transformá-la. Coisificar-se, é alienar-se. Alienar-se, é a condição da separação do homem da sua própria condição. Educar-se, é culturalmente transformar-se em humano, capaz de construir, mesmo em meio as contradições de nosso tempo, uma condição sempre aberta de aprendizagem. Nesse sentido, sempre é tempo de humanizar-se.

Por fim, aceitar ou refutar a condição educativa de humanização, é um ato de liberdade. Ao passo que vamos nos separando da condição instintiva do animal, vamos vivendo os dilemas do livre-arbítrio. Entre os dilemas, encontramos a condição moral - do certo e errado (constituída pela vida em sociedade) - e a ética - do bem e do mal (constituída pelo indivíduo, diante da reflexão sobre a moral). Portanto, tornar-se humano é um ato social, educativo, moral e ético, mas acima de tudo, uma condição de liberdade.

Reflita, livremente!

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sexta-feira, 21 de maio de 2021

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PEDAGOGIA PARA A TRANSFORMAÇÃO!



Quem sabe a primeira constatação que fazemos quando discutimos educação com alguém, é sobre a sua concepção educativa. Em Educação há diferentes concepções educativas. É importante conhecê-las e mesmo diferenciá-las, uma vez que a ação do professor, coordenador e/ou diretor, bem como de outras lideranças em educação como secretários (as) de Educação no Municípios, ou até mesmo Ministros da Educação, serão orientadas por elas.

Proponho pensar uma concepção educativa voltada para a transformação, uma Pedagogia para a Transformação.

Uma concepção educativa pautada em uma Pedagogia para a Transformação, implica pensar e atuar de modo científico, compreendendo a educação como um processo de construção social, uma vez que seus métodos de ensino, aprendizagem e avaliação, bem como seus objetivos, está voltados para uma determinada realidade e um momento histórico concreto. E é aqui que as coisas começam a fazer sentido: Ciência e Sociedade não são ou estão fragmentadas, mas fazem parte de um lugar de pura complexidade chamado de realidade.

Assim, a partir do momento em que a ciência dialoga com a realidade, temos a dialética. A dialética em educação é sempre um movimento de transformação da realidade, pautada na abertura que a ciência e o conhecimento têm em oferecer aos sujeitos possibilidades de se emanciparem e transformarem.

No entanto, sugiro algumas reflexões e/ou princípios fundamentais para alcançar o movimento dialético através de uma Pedagogia para a Transformação:

1.Estabelecer uma íntima relação entre a Teoria e a Prática: Conhecer a realidade, refletindo teoricamente sobre a mesma. A reflexão teórica é o alimento para a ação de transformação da prática.

2.O único movimento absoluto em educação são as trocas: Nada é definitivo em educação, exceto o movimento de pensar e de trocar saberes.

3.Tudo que está, está em relação: Nada existe isolado. Há uma gama de motivações, atitudes e necessidades.

4.Aprendizagem Democrática só acontece quando o Ensino também é democrático:Por isso lembre-se: “comportamento democrático gera comportamento democrático.

5.Não há como separar o teórico do prático. É a práxis. Refletir sobre a ação, é buscar novas motivações para agir.

6.Professor e aluno, aprendem juntos quando interagem.

7.O Enganjamento Educativo é formado pela ação do indivíduo e da comunidade. Por isso, não se pode educar sem contar com uma comunidade educativa de responsabilidades coletivas.

8.Para resolver os problemas, é preciso muito estudo.

9.Toda causa, tem um efeito. Aja positivamente e o efeito será coerente com sua ação.

10.A vida está em contradição permanente.

Assim, a Pedagogia para a Transformação existe atividade, movimento. Sem isso, a escola não consegue contribuir para a formação da sociedade. Quando a escola segue fazendo o mesmo, mantém o sistema. No entanto, compreender a transformação social por meio de uma pedagogia, implica em reconhecer que, a mudança que ocorre na educação, também ocorre na sociedade.

Termino com um pensamento de José Saramago: “A morte definitiva é o esquecimento. O que é esquecido morre. O que não é levado em consideração, deixa de existir, embora aparentemente vivo." - Assim, te desejo muitas transformações!

 

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sábado, 15 de maio de 2021

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A MUDANÇA DE VALORES!

Você já parou para pensar que os valores humanos, aqueles que orientam o agir dos indivíduos, mudam de acordo com as mudanças sociais? Já percebeu que o reclame por valores que em outros tempos eram considerados importantes, pode ser reflexo da ausência da percepção das mudanças que ocorrem à todo momento em nossa vida? Ou ainda, por que afirmamos alguns valores como essenciais e outros não? Quais são os valores que, de fato, são fundamentais na orientação do agir humano? Se essas perguntas fazem parte do repertório de seus questionamentos, você está refletindo sobre a Filosofia de Nietzsche.

Friedrich Nietzsche (1844-1900), filósofo alemão, dizia de que as pessoas que filosofam em direção aos valores orientados para a vida prática, com um olhar atento e crítico à finalidade dos mesmos, são pessoas de espírito livre e elevado. São pessoas fracas, segundo o filósofo, àquelas que aceitam as normas, leis e a moral, sem antes ao menos questioná-las.

Usando os tramas da “Tragédia Grega”, em especial, os deuses da Mitologia Grega, Apolo e Dionísio, Nietzsche dizia que o essencial na vida é o perfeito equilíbrio entre o caráter da ordem e do cáos. Segundo os gregos, o deus Apolo representa a ordem, a razão humana. Já o deus Dionísio, o cáos, a desordem, a natureza humana. Se vivermos unicamente de acordo com nossa razão, seremos escravos dóceis das normas, leis. De outro lado, se vivermos somente apoiando nossa vida sobre o cáos, a desordem, a sociedade chegará à sua ruína. Então, o perfeito equilíbrio entre a razão (ordem) e a natureza humana (caos), deve ser a moral do homem livre.

Para superar a moral dos fracos, chamada por Nietzsche como “moral de escravos, ou seja, a submissão total ao espírito de ordem, é necessário a transvaloração dos valores. É preciso que a atual humanidade dê lugar ao novo ser humano, a alguém além do próprio ser humano na condição de escravo. É preciso que a impotência, a fraqueza e o valores ressentidos, sejam substituídos por novos valores que livrem o ser humano de seu dever moral como submissão, e acentuem a própria vontade do querer livremente.

Mas quais são as consequências para os indivíduos? De fato, haverá aqueles que entenderam que a transvaloração acima descrita é prejudicial ao gênero humano, pois dela decorre a mudança. São pessoas que estão submissas à uma moral conservadora, positivista, opressora. Alguém dirá que “em time que está ganhando, não se mexe”. É importante observar que, mesmo que sua decisão seja “não mexer no time”, o jogo muda e, a mudança de contexto, exige novas estratégias, planejamentos, pensamentos, ações, e tudo isso implica mudança de “time”.

Há valores universais, e por isso são válidos em todo tempo e lugar. No entanto, esses balizam os outros valores, que não deixam de serem opções. 

Assim, diante da mudança de valores, temos as consequências éticas. Fica a pergunta: Se soubéssemos que, o que os outros fizeram, está destinado à se repetir muitas vezes, faríamos o que estamos dispostos à fazer? Boas reflexões!

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sábado, 8 de maio de 2021

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QUAL É A IMPORTÂNCIA DA EDUCAÇÃO?

“Na hierarquia dos problemas nacionais, nenhum sobreleva em importância e gravidade, o da Educação”. O sentido da frase acima descrita, retirada do Manifesto dos Pioneiros da Educação Nova, publicado em 1932, ainda é atual. Diante do cenário de um país assolado por diferentes mazelas, que vão desde a corrupção política, as crises econômicas, as incertezas de sua gestão, a pobreza e a fome, estão as questões sitiadas no campo da Educação.

Um país que atribuiu à escolarização o sentido central da educação, perde aos poucos, de forma sobresaliente, a intenção e a validade daquilo ao qual se refere a própria Constituição Federal, em seu Artigo 205: “A educação, direito de todos e dever do Estado e da família, será promovida e incentivada com a colaboração da sociedade, visando ao pleno desenvolvimento da pessoa, seu preparo para o exercício da cidadania e sua qualificação para o trabalho.”.

É importante ressaltar que o “direito de todos”, também é “dever de toda sociedade”. Não pode, nesse sentido, a sociedade brasileira ficar alheia ao seu compromisso com as novas gerações e seu aprendizado cultural. Além do desenvolvimento da pessoa, o exercício da cidadania e a qualificação para o trabalho, a educação também contribui para o desenvolvimento das forças econômicas. Isso ocorre quando alia-se o saber qualificado em sua integralidade, ao reconhecimento da pessoa humana como um ser cultural.

Junto à isso, contribui também a educação ao desenvolvimento da inovação como aptidão fundamental ao desenvolvimento humano e social. Não investir na atualização da escola e na cultura geral de um povo, faz com que, em primeiro lugar, a escola seja entendida como um lugar ultrapassado de conhecimento e, em segundo, a sociedade agoniza em suas soluções de criatividade em todos os sentidos.

Assim, ao situar a importância da educação como fundamental à sobrevivência de uma sociedade, confirma-se a hipótese de que ela é chave fundamental para abrir as portas da melhoria em todos os outros campos sociais. Assim, a questão da educação não pode ficar restrita à escola, aos professores, diretores, enfim...Precisa alargar-se, seja na dimensão dos espaços e iniciativas educativas, bem como, em seu sentido mais íntimo.

A Educação não pode ser apenas projeto de Escola, até mesmo porque a vida do estudante à ela não se restringe. Educação é uma abordagem que abarca a complexidade das dimensões do ser humano, bem como seus espaços de interelação com o mundo, a natureza e o outro. 

Diante disso, está mais do que na hora de os administradores públicos ampliarem sua compreensão de Educação. Não apenas ampliar os recursos, o que também é indispensável, mas suas concepções educativas. O desafio é abrir mão de concepções antiquadas ao tempo e inaceitáveis quanto a direção à ser tomada. Gestão Pública de Educação, é muito mais que manutenção ou reprodução, é também, transformação!

Por fim, o argumento da transformação não é coerente se não sair do discurso. É preciso que, ao passo que a educação transforma a sociedade, também se transforma. Ao passo que o trabalho educativo transforma a natureza da sociedade, também transforme seus gestores, professores, crianças, famílias. Está mais do que na hora de elegermos um projeto educativo transformador. Para isso, é preciso, antes de tudo, que cada um possa responder a pergunta: Qual é a importância da Educação? Belas reflexões! 

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sábado, 1 de maio de 2021

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O TRABALHO, A CULTURA E A CONDIÇÃO DO EDUCADOR!


Hoje comemoramos o Dia do Trabalhador. Já ouvi alguém homenageando o Dia do Trabalho. De fato, há uma relação intrínseca entre o trabalho e o trabalhador. Te convido à refletir sobre.

Desde os tempos mais remotos, o homem trabalha. Trabalhar, faz parte da condição humana. O tornar-se homem, passa necessariamente por uma relação de trabalho: a transformação da natureza em cultura. Quando o homem transforma a natureza através do trabalho, também transforma à si, a sua própria natureza. As primeiras formas de trabalho estavam inseridas na relação homem natureza.

Depois, já com a formação da sociedade, o trabalho insere-se em uma dinâmica orgânica: um produz o que o outro precisar. O trabalho passa a ser visto como necessário ao desenvolvimento da sociedade. Com isso, ao se tornar produtivo socialmente, o trabalho passa a ser explorado. Perde, em parte sua dinâmica humana-emancipatória; deixa de ser produtor de cultura, para ser produto da relação de exploração de homens sobre homens.

Verifique, porém, que a palavra “trabalho” em sua origem etimológica, deriva do latim tripalium - instrumento de tortura feito de três paus (tri - três, palium - paus). É conhecida a frase que diz: “o trabalho dignifica o homem”. De fato, na concepção de trabalho como fazer cultural humano - que transforma o homem bruto em humano - o trabalho dignifica. Já na concepção do tripalium, não há uma relação de dignidade, muito pelo contrário, há a sua perda.

No contexto do trabalho do educador, recuperar a condição do trabalho como construção de cultura, é resgatar o papel social do professor, sua condição e reconhecimento, bem como, entendê-lo a partir de sua essência: a transformação de pessoas pelo viés do conhecimento (cultura).

No entanto, tenho a sensação de que, em nossos tempos, esse não é o olhar - com raras excessões - que a sociedade como um todo, têm sobre a condição do educador. Felizmente, sabemos disso. Felizmente, estudamos essa problemática. Mas, infelizmente, pouco fazemos para transformar essa realidade. Transformar essa realidade, implica necessariamente, em transformar o trabalho em cultura. Interessante observar que nosso trabalho como educadores transforma vida, emancipa condições, eleva a condição cultural, favorece o exercício da liberdade, dignifica o outro. No entanto, tão pouco o mesmo trabalho que engrandece o outro, enobrece a nossa condição. 

Não há, como já dito, condição mais essencial para o ser humano do que a sua cultura. É ela que orienta a ação das pessoas em sociedade, seja na saúde, na política, economia, ou mesmo, no próprio trabalho. A cultura, construída e sempre em processo de construção através da educação, é libertadora ou opressora. É a cultura que ajuda um povo a resolver seus problemas, apontando soluções criativas, desenvolvendo tecnologia, saberes, preservação ambiental, entre outros. E, por fim, a cultura é construída em boa parte, pelo trabalho do educador.

No entanto, valorizar o trabalho do educador, é valorizar o próprio educador. Uma sociedade não se emancipa, não melhora, se o trabalho do educador também não for emancipatório. E isso, só se faz em condições de emancipação e valorização e da dignidade do trabalhador em educação.

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domingo, 25 de abril de 2021

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A PARTICIPAÇÃO FAMILIAR RESPONSÁVEL E A APRENDIZAGEM ESCOLAR DOS FILHOS

Sem pretensão de generalização, gostaria de trazer um ponto que serve para a reflexão quanto a aprendizagem escolar: filhos responsáveis são oriundos de famílias onde é a relação é baseada na interação e participação responsável.  

Todos nós, desde o momento em que nascemos, vamos nos constituindo mediante aprendizagens. Não nascemos prontos, tão pouco, findamos nossa trajetória da forma que iniciamos. Nascemos com possibilidades, no que se refere a relação com os outros, com a cultura, com a história já construída e em construção.

Nessa trajetória, vamos constituindo laços de responsabilidades que se refletem em aprendizagens que  estão implícitas na forma como nosso grupo familiar e social participa. Quando nos deixamos de participar, deixamos de lado oportunidades de ampliar nossa aprendizagem, consequentemente, todas as competencias oriundas da responsabilidade. Na família não é diferente, a participação dos pais implica diretamente na educação e na aprendizagem escolar dos filhos. 

A interação participativa familiar, configura as bases da formação sociocultural dos filhos. Dessa forma, os filhos vão se tornando mais maduros em relação à aprendizagem, na medida em que se tornam membros de uma comunidade (seja ela escola ou a família), ou de um mundo compartilhado subjetivamente pelo seu grupo social de referência.

É pela interação e participação que os indivíduos formam-se, seja no âmbito da estrutura de sua personalidade, e ao mesmo tempo, no grau de participação assumidos com responsabilidade na sociedade. A responsabilidade e a participação fazem com que os filhos passem a compreender à si mesmos, permitindo agirem autonomamente e de modo responsável diante de si, diante da sociedade e da cultura. 

Portanto, a participação da família é o horizonte norteador a partir do qual os filhos vão configurando seus processos de aprendizagem - inclusive, aprender a ser gente - enquanto construção de personalidade, frente à cultura, à história e à sociedade. Dessa forma, entende-se que o ser humano, tendo por referência a sua construção, cria relações de proximidade e ampliação de suas potencialidades, a partir do momento que interage de maneira decisiva com seu grupo familiar. 

No espaço familiar, as pessoas têm a possibilidade de aprender uns com os outros, reconstruindo os seus saberes e a sua identidade, em processos de concordância e conflito. Caso não ocorra a relação comunicativa entre a família e os seus, deixa de existir o essencial no processo de formação e de aprendizagem: a comunicação. 

Por fim, cabe dizer ainda, que é no mundo da vida, em especial, no grupo familiar, que o sujeito inicia e dá continuidade aos seus processos de aprendizagem. No entanto, não basta estar inserido, é preciso participar. Mais do que isso, é preciso transformar as orientações educativas em reflexão e vivências. A partir dessa transformação, os sujeitos são capazes de desenvolverem suas aprendizagens objetivas, culturais, sociais e subjetivas, elos garantidores de sucesso em suas aprendizagens.

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sábado, 17 de abril de 2021

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A Era da “Pós-verdade” e os desafios da Educação

Vivemos um tempo em que os fatos objetivos influenciam menos na formação de opinião, do que aqueles que apelam para a emoção e a crença pessoal. Esse conceito é central quando se busca compreender e refletir sobre a sociedade da informação, a cibercultura e suas potencialidades e consequências. Mas afinal, o que é a pós-verdade? Qual é a relação e o compromisso que a educação tem com essa Era?

A pós-verdade é um conceito estudado, pesquisado e debatido por um filósofo chamado Pierre Levy. Para explicar o conceito, Pierre Levy parte do entendimento que estamos vivendo um segundo dilúvio: o dilúvio de informações e conexões. Lembrando que o primeiro dilúvio é o bíblico, vivido por Noé e sua Arca.  

O segundo diluvio faz parte de um “Novo Universal”, onde ocorrem transações contratuais, contatos aparentemente amigáveis, troca de conhecimento, transmissão de valores e, descoberta pacífica de diferenças. É nesse novo universo que se insere e se desenvolve a cibercultura. No cenário de Redes que a cibercultura se dinamiza através de um conjunto de técnicas, práticas, atitudes, pensamentos e valores que colocam em jogo o tradicional conceito de verdade. 

A Verdade passa ser produzida por interconexões de mensagens entre as diferentes comunidades virtuais com sentidos variados e, de renovação permanente. No entanto, ao produzirem as mensagens, as comunidades virtuais dinamizam e as atualizam com apelos diretos para a emoção e a crença pessoal, formando assim, opiniões desconexas da realidade.

Nascem aqui as Fakes News, que estão inseridas na cibercultura, fundamentadas por serem exponenciais em seu crescimento, explosivas em seu desenvolvimento e compartilhamento e, caótica em suas consequências.  

O desafio para a educação, em especial a escolar, está em fazer o movimento que Noé realizou no primeiro dilúvio. Noé, ao perceber que nem tudo que queria caberia na Arca, resolveu selecionar o que considerou de melhor. O critério estava em poder dar continuidade à cultura com aquilo que a própria cultura tem de bom. Não se trata de uma abordagem excludente, mas de prioridades necessárias à continuidade do sentido, seja do conhecimento ou até mesmo, da própria escola.

Se o desafio da escola era, em tempos idos, pensar “o que ensinar?” e, mais tarde,  “como ensinar?”, hoje está em encontrar o sentido do que e naquilo que se ensina. 

O sentido está na intenção e no projeto educativo da Escola. Uma vez voltado para a formação integral do estudante inserido no “Novo Universal”, localizado na cibercultura e apoiado em pós-verdades, o sentido corre o risco da fake news. Para tanto, todos somos convidados à reflexão continua sobre qual postura ética estamos verdadeiramente conscientes. 

Assim, as potencialidades do “Novo Universal”, não podem serem sufocadas, mas exploradas; sem com que, no entanto, a cibercultura possa ampliar-se e desenvolver-se a partir de influências positivas sobre a vida das pessoas,

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sexta-feira, 9 de abril de 2021

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PERCEBER-SE E SER PERCEBIDO!

Desde o início da Pandemia, toda a sociedade transformou-se, e os professores não ficaram de fora dessas transformações. De 2020 para cá, muitas mudanças aconteceram no campo da educação. Em alguns momentos, as salas de aula ficaram vazias, em outros, alguns estudantes preencheram os espaços que eram permitidos nos protocolos. Independente do lugar ou da condição, lá estavam os professores, seja online, seja presencialmente. Os professores, em momento algum abriram mão de sua responsabilidade educativa.  

No momento em que nos formamos professores, em especial na formatura da graduação, realizamos um juramento ético para com a profissão. Cumprimos este juramento todos os dias, faça chuva, sol, frio, calor, crise econômica, desemprego, Copa do Mundo, campanhas políticas ou Pandemia.  

É fato que algumas pessoas, por não verem mais os professores nas escolas, suspeitam que os mesmos não estão trabalhando. Inclusive, muitas vezes, julgam apressadamente denigrindo a 

Não se sabe ao certo, se essa percepção já existia antes da Pandemia, ou se é decorrente do cenário e suas transformações. Cabe informar que o trabalho do professor não parou. Os professores adaptaram-se rapidamente às necessidades que foram surgindo com os desafios gerados pelos imprevistos da pandemia.  

A sala de aula da escola, foi para a sala de estar da caso, o quarto, o escritório, a garagem, e tantos outros espaços que cada um foi significando. Câmeras foram sendo instaladas em todos os cantos, novas assinaturas de internet ampliando a velocidade para poder oferecer um serviço com mais qualidade, quadro sendo pendurados pelas paredes da casa, livros espalhados por todos os lugares, isolamento acústico nas portas janelas, entre outros. Investimentos estes, que não só os professores fizeram, mas também as próprias famílias. Tudo isso, por um único objetivo: fazer acontecer e favorecer a aprendizagem e o ensino.  

Como qualquer outro profissional, o professor é um ser humano que tem uma bagagem histórica, econômica, cultural, emocional. Se a preocupação que afligiu a maioria da população brasileira foi a crise econômica derivada e aguçada pela pandemia, o professor também passou por essa crise.  

Perceber e ser percebido, são duas ações e somente podem ser realizadas por pessoas que tenham um profundo senso de humanidade, que saibam se colocar no lugar do outro. Pessoas  que são capazes de reconhecer que o esforço que cada um faz para melhor fazer aquilo que realiza, merecem aplausos.  

Mas há também, aquelas pessoas que não conseguem perceber o outro, porque se interessam demais consigo mesmas. Esse exagero de si, infelizmente, produz um sujeito egoísta, individualista. É preciso que olhem ao seu redor, percebam a diversidade, as diferenças. apenas percebam... 

Não é momento para a sociedade fragmentar-se sobre determinados entendimentos; ou pior, momento em que cada um se agarra naquilo que considera o melhor para si. É momento, sim, de perceber, ser sensível, colocar-se no lugar do outro, ter senso de entendimento,  buscar o consenso, refletir mais que julgar, construir e reconstruir-se sempre.  

Professores e não professores! Unamo-nos! 

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