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sexta-feira, 16 de junho de 2023

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A PESQUISA COMO PRINCÍPIO EDUCATIVO E DA AÇÃO PEDAGÓGICA

Toda ação pedagógica no processo de ensino e aprendizagem é orientado por princípios educativos. O princípio da pesquisa é um desses princípios pelos quais não podemos abrir mão quando a proposta é construir educação através do diálogo vivo entre estudante, professor e conhecimento.

O princípio da pesquisa aparece antes da escola na vida dos estudantes. Ele está presente desde o primeiro momento em que nos interessamos em investigar a nós, nossas relações e ao mundo a nossa volta. Já em tenra idade, somos investigadores, pesquisadores. Essa competência, é despertada inicialmente, pela curiosidade em querer conhecer o nosso próprio corpo. Depois, o mundo ao redor do nosso corpo, mas em pequeno alcance, o mundo das sensações, das cores, dos sons, dos movimentos. Mais tarde, o olhar para o mais distante, com dúvidas mais complexas e de relações mais intensas. Somos assim, curiosos!


Decorrente da tradição escolar, de suas metodologias e princípios, de sua história, há escolas que assassinam a dúvida, limitando o saber ao fazer escolar tão somente. Mas há também aquelas escolas que amplificam a dúvida, ensinam que duvidar é o princípio da aprendizagem e, ao assim ensinar, ensinam a mobilizar a dúvida por meio da pesquisa.

Nos monólogos tradicionais do processo de transmissão de saberes, a dúvida é velada, escondida, reprimida e oprimida. É a condição da transmissão! Transmissão gera obediência, subserviência, opressão. Transmissão não gera autonomia, porque não gera dúvidas. Quando há dúvidas, é necessário a autonomia (auto - por si + nomos- leis).


A dúvida, a pergunta, o questionamento não são inatos no ser humano! São experiências decisivas que vão construindo uma atmosfera preenchida de dúvidas, conceitos, saberes e curiosidades. A escola precisa descobrir que o princípio da pesquisa está em construir saberes a partir da mobilização das competências do projeto de vida dos estudantes. Um projeto de vida repleto de dúvidas, alarga ainda mais a possibilidade de construir conhecimento, pois o aditivo fundamental para o movimento de aprender, está na pergunta, no questionamento, na dúvida. É nas incertezas do Projeto de vida do estudante que o mesmo vai buscando caminhos e descaminhos em direção aos diferentes conflitos que possibilitam aprendizagens.


É importante perceber que esse movimento não começa no Ensino Médio, mas está presente desde cedo na vida do estudante, como por exemplo, nas brincadeiras infantis, onde precisam mas não querem dividir os brinquedos ou criar relações democráticas de espaços.


Assim, é preciso possibilitar a criação de Projetos de Pesquisa voltados para os conteúdos escolares, onde orientados pelo professor, os alunos possam explorar suas dúvidas, objetivos, hipóteses, sua pertinência acadêmica em aprender e impactos sociais do conteúdo, autores e estudos já realizados (como a realização do Estado da Arte), fundamentando e reconhecendo linhas teóricas, construindo caminhos metodológicos para coletar os dados e analisá-los. Ainda, não menos importante, após a análise, construir espaços de socialização desses conhecimentos. Na socialização, permitir o debate e a construção de novas ideias que podem orientar novas pesquisas.

 

Em muitas escolas, a prática da pesquisa faz parte do cotidiano escolar. No entanto, mais que cotidiano, é necessário que seja compreendida como princípio educativo. Os documentos, sejam eles, o Projeto Político Pedagógico ou mesmo, os planos de trabalho precisam contemplar urgentemente essas experiências educativas.


O silenciamento, a falta de perguntas/dúvidas/questionamentos, são sintomas de que a passividade diante do novo pode agravar ainda mais o declínio cultural tão presente em nossa sociedade.

 

“Pesquisa como princípio científico e educativo faz parte de todo processo emancipatório, no qual se constrói o sujeito histórico autossuficiente, crítico e autocrítico, participante e capaz de reagir contra a situação de objeto e de não cultivar o outro como objeto. Pesquisa como diálogo é processo cotidiano integrante do ritmo de vida, produto e motivo de interesses sociais em confronto, base da aprendizagem que não se restrinja a mera reprodução; Na acepção mais simples, pode significar conhecer, saber, informar-se para sobreviver, para enfrentar a vida de modo consciente”. (DEMO, 2006. P.42- 43)

 

(DEMO, Pedro. Pesquisa: princípio científico e educativo. 12. Ed. São Paulo: Cortez, 2006)

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sexta-feira, 24 de março de 2023

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UMA PENSATA: QUEM SÃO ELAS? (SE VOCÊ CONSEGUIR ADIVINHAR)

Elas estão por toda parte. Fazem parte da nossa vida. Algumas  muito conhecidas, outras nem tanto. As mais conhecidas, estão na boca do povo. Fazem parte do seu dia a dia, do seu cotidiano. Algumas são utilizadas em tons mais agressivos, outras em tons mais sensíveis. Algumas aprovam, outras reprovam. Quando bem ditas, se tornam benditas! Mas aquelas mal ditas, consequentemente, tornam-se malditas. Algumas tem apenas um sentido, outras, sentidos diversos. Algumas quando ditas, logo são interpretadas; outras, levam um tempo para serem compreendidas.

Elas estão entre o entendimento e a compreensão. Estão aí, aqui e acolá.  Se silencio, provocam o meu silêncio! Se pronuncio,  sugerem-me o silêncio para provocar-me. Não as posso renunciar, porque quando as anuncio, denuncio.  Me comprometem, porque ao denunciar, tenho que me responsabilizar sobre o que elas podem significar.

Estão na grafia, na arte, na filosofia.  Algumas querem gritar, outras preferem silenciar. E mesmo no silêncio, depois de escrita, tanto a bendita quanto a maldita, excitam o pronunciar.  Estão no doutor, ou mesmo no analfabeto. Estão na cultura, nos detalhes, na desenvoltura. Estão por toda parte, e quando você pensa em não as encontrar, já pensou, e com elas foi morar.

Entre elas, há o mundo, para quem as possa decifrar. Quem não compreender, mesmo que sábio parecer, ignorante pode ficar.  Não são neutras, nem tão pouco radicais, quando se unem para traduzir o silêncio em sons, ideológicas vão se tornar.

Nelas há um poder, o poder de transformar! Estão nas pontas dos dedos, ou na boca a falar.  Mas se o medo as impedir de pronunciar, e mesmo assim silenciar, se não aparecerem nos livros e nos cadernos, na eternidade hão de ficar.  Delas não somos donos, nem tão pouco opressores, mas se delas nos apropriarmos, libertadores vamos ficar. 

Sempre as tenho do meu lado, e do teu lado hão de ficar. Mesmo que busque o seu significado, do anonimato sairão, e jamais te deixarão, enquanto buscares te eternizar.

Você sabe de quem estamos falando?

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sábado, 11 de março de 2023

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UM SHOW...VÁRIOS APELOS...E A CAMINHADA EDUCATIVA DOS PROFESSORES

 

Recentemente somos comunicados de que há uma artista, que através de seus discursos vem minimizando a identidade e o papel social do professor.  É um discurso irrelevante do ponto de vista da construção histórica da Educação e da importância desse profissional em nossa sociedade.  No entanto, como vivemos em uma sociedade em que os radicalismos e os extremos parecem ganhar mais importância que a reflexão, propõe o pensar o professor em sua dimensão de maior complexidade: sua identidade, papel e compromisso social.

Professor lê, discute, elabora sínteses, conceitos e ideias. Realiza esse  movimento porque seu trabalho exige decência. E a decência está na coerência entre aquilo que sabe, ensina e vive.  A identidade pessoal e profissional do professor vai sendo forjada, construída e elaborada, em uma seara de conflitos pessoais, identitários e culturais. A construção de um professor, bem como sua elaboração teórica, na docência com decência, não ocorre de um momento para outro, não explode na mídia, através de um vídeo do YouTube, ou mesmo durante um show de 30 minutos. A decência na docência, com coerência, leva quem sabe, uma vida toda!

De fato, professor não ganha 70 mil reais para ministrar uma aula.  Mas o valor do saber é para uma vida toda, e não para uma noite, ou quem sabe no máximo um ano.  O valor do saber não está na explosão de um momento,  na euforia do apelo sexual ou imoral, mas na insistência do poder do argumento.  O apelo,  a euforia, leva toda uma sociedade há um impulso extremo contra valores, que esteriliza as boas relações, a sadias convivências e a continuidade da construção da humanidade.   Em síntese, o saber humaniza!  Por isso, o professor é humano e humanizador!  Suas relações com o saber e com os seres humanos não é um ingresso pago,  mas um compromisso que vale muito mais do que 70 mil reais.

O professor não precisa tirar a roupa ou mesmo incitar  sexo explícito para chamar a atenção!  Basta um bom dia, uma acolhida, uma palavra. Professor tem o dom e dizer bem, e ao dizer bem, a palavra se torna  bendita.  Professor, de fato, tira muitas coisas:  O invólucro da ignorância,  a roupagem da imoralidade e da corrupção política formada pelo senso comum na consciência de cada um,  a camisa de força do preconceito, do racismo, da xenofobia, da homofobia,  da intolerância religiosa, entre outros.  Assim, o professor não encarna a imoralidade, a indecência,  a falta de pudor, entre outros, para fazer seu show! 

Professor não é momento!  Professor é eternidade!  São muitos que passam pelo professor todos os dias! São muitos professores que passam por seus alunos... Não! Eles não passam! Nessa relação de professor e aluno, não há quem passe, cada um fica um pouco no outro! Cada um ensina, e ao ensinar, também aprende! Aluno e professor, professor e aluno, estabelece uma relação de eternidade. Por isso, o professor não é momento, professor é eternidade!

Por fim, podemos influenciar as pessoas, os nossos jovens e as nossas crianças, com coisas boas e ruins. A escolha, é nossa! Somos os adultos da história! Precisamos direcionar bem os nossos jovens, para que eles possam direcionar bem os seus filhos, valorizar a vida antes de mais nada.  Valorizar a vida em sua complexidade, compreendendo antes de tudo, que a cultura é uma questão prioritária quando você quer formar seres humanos íntegros, maduros e com capacidade de dar continuidade a tudo aquilo que os bons professores  e familiares  construíram.  Enfim, um show de irrelevantes apelos, não pode ser mais importante, do que uma caminhada educativa realizada por muitos professores!

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sábado, 4 de março de 2023

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O ADOLESCENTE PÓS-MODERNO: SEUS CÓDIGOS, NOSSOS DESAFIOS!

Na pauta das famílias, do encontro entre pais, professores, formadores de opinião, comunidades religiosas, gestores de instituições educacionais, está sempre a busca da compreensão das diferentes gerações e fases das nossas crianças, adolescentes e jovens. Me ocorreu, nesse sentido, buscar uma analogia para tentar compreender, refletir e discutir algum tipo de contribuição sobre os adolescentes do nosso tempo:  adolescentes pós-modernos. Mas antes, fui recolhendo ao longo de algumas leituras e diálogos, algumas máximas que caracterizam os nossos adolescentes:


1) O adolescente pós-moderno não acredita em grandes mitos que animaram a nossa adolescência (me refiro à adolescência do atuais adultos).
2) O adolescente pós-moderno não crê em milagres econômicos, principalmente aqueles que vem de autoridades políticas.
3) O adolescente pós-moderno não se agrega a grandes ideologias, grandes ídolos ideológicos que sustentavam movimentos juvenis no século passado.
4) O adolescente pós-moderno não crê na onipotência da razão, em sistemas ou explicações puramente racionais como forma de resolução de seus problemas do cotidiano.
5) O adolescente pós-moderno, mesmo inserido no mundo da tecnologia e da ciência, não a compreende como aquela que tudo pode criar ou construir.
6) O adolescente pós-moderno, recusa o passado e duvida do futuro; e por isso, quem sabe, busca o descompromisso com o presente.
7) O adolescente pós-moderno opta pelas vivências e experiências do momento.
8) O adolescente pós-moderno, não crê em utopias, cria distopias.
9) O adolescente pós-moderno não transcende o hedonismo, por isso facilmente é vítima do consumismo e busca uma cultura da satisfação.
10)O adolescente pós-moderno abomina a rotina, detesta  a repetição do cotidiano seja ela na escola, na casa, ou em suas obrigações.
11) O adolescente pós-moderno, boa parte dessa geração, encontra-se em um estado de melancolia; para reafirmar esse estado, cria tribos onde encarna o astral de uma linguagem que possa representar diferentes perfis melancólicos.
12) O adolescente pós-moderno valoriza a estética, o ritmo, a música, luzes e cores, valoriza a beleza e o movimento.
13) O adolescente pós-moderno, vive em um mundo extremamente subjetivo. Tem uma visão de mundo niilista. Afirma sua própria verdade. Afirma pedaços de verdade, como se esses pudessem explicar a complexidade do todo. Para chegar a esta verdade, utiliza de sentimentos e experiências individuais.


Possivelmente, ao ler até aqui, você concordou com algumas afirmações, discordou de outras. Por isso, essas afirmações não podem ser compreendidas como juízos sobre o adolescente pós-moderno, mas desafios que se impõe a sociedade de uma forma geral. 
Veja que em meio a essas características, há presença de valores e contravalores, caminhos e descaminhos, possibilidades e impossibilidades.


Nesse sentido, precisamos descobrir os códigos dessa adolescência pós-moderna. Precisamos compreender, como dito anteriormente, utilizando quem sabe analogia da águia. Quando a águia constrói seu ninho, normalmente em situações ou locais arriscados e, ensinar a pequena águia a voar, ela o faz com maestria; ou seja, coloca a águia adolescente no risco de cair, mas ao mesmo tempo, na possibilidade de aprender a voar.  Enquanto lança, ampara. Somente lançar, caracteriza abandono; somente amparar, caracteriza superproteção.

Por mais que o adolescente muitas vezes rejeite algumas sadias expressões dos adultos, ele deseja e necessita das mesmas.  Quando abandonado, se sente rejeitado. Quando amparado, se sente superprotegido. Não deseja o abandono, nem a superproteção! Desejo apenas que os pais, professores e toda a sociedade, tenham a consciência de que os adolescentes precisam de segurança e confiança para poderem alçar seus voos.

Por fim,  o adolescente pós-moderno não poderá ser concebido como projeção de realização daquilo que a geração anterior não conseguiu realizar em seu tempo.  Assim, o melhor a se fazer, é  ajudá-los a assumir as rédeas da própria história, interpretando e dialogando sobre seus códigos, conflitos e possibilidades.

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domingo, 26 de fevereiro de 2023

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QUANTO CUSTA A EDUCAÇÃO DOS SEUS FILHOS?

 

Se você tem um cruzeiro para realizar com a pessoa amada,  está esperando por este momento durante muito tempo, espera que ele seja um dos melhores momentos da sua vida,  escolheria qualquer condição  de infraestrutura do navio ou mesmo qualquer timoneiro para lhe conduzir nessa viagem dos sonhos?  Se você durante sua vida,  buscou economizar  dinheiro para construir a casa dos seus sonhos, você investiria agora, no momento da construção, em qualquer tipo de material ou mesmo contrataria alguém que se diz engenheiro sem  formação específica para tal?  Se durante sua vida, ocorresse a necessidade de realizar uma cirurgia que pudesse comprometer definitivamente a sua existência,  aceitaria colocar a sua vida sobre o prisma do possível nas mãos de qualquer profissional?  Se você respondeu "Não!" para todas essas perguntas, lhe convido a continuar a leitura dessa reflexão.

As aulas já iniciaram em todas as redes.  Primeiro, foram as escolas privadas, depois as municipais, e por último, as estaduais.  Todas elas abriram suas portas para acolher crianças de todas as idades, classes sociais, e diferentes perspectivas de vida. Cada uma foi oferecendo aquilo que pode e o que tem de melhor.  No entanto, acompanhando as notícias dos últimos dias, observamos que nossas crianças, em diversas situações, não estão no melhor que possa elas ser oferecido. Elas estão no possível!

O possível não é o suficiente para educar bem uma criança!  É possível oferecido, vai desde as condições de transporte, acolhida, e ensino, merenda escolar, segurança, comunicação, entre outros... que nesse momento, infelizmente, em algum lugar do nosso Estado (RS) encontra-se sucateados. Fazer o possível por nossas crianças, não é fazer o melhor que elas merecem! É descaso de uma geração para com outra!

A título de notícia, já existem lugares em nossos municípios que os pais se encarregaram de levar as crianças à escola, pois o transporte escolar mal começou a trabalhar e já parou de funcionar.  Há escolas, que só puderam abrir suas portas, porque durante as férias pais utilizaram sua mão de obra e seu tempo livre, bem como seu escasso recurso econômico, para dar o mínimo de condições  de uso aos espaços físicos da escola.  Não se trata, porém, de esperar assistencialismo na educação por parte do Estado, mas de fazer valer o direito à ela.

Tratar assim a educação das nossas crianças, fazendo o possível e não o melhor, é criar uma geração em que a educação não é prioridade. Se não se oferece hoje como prioridade,  nossas crianças, adolescentes e jovens, não a entenderão como prioridade. Porém, não se trata de um reclame, mas de uma aposta que não deriva da sorte, mas dos investimentos necessários nesse bem precioso, que se chama direito à educação.

Nossas crianças merecem o nosso melhor, e o nosso melhor, não é o descaso, o abandono, ou qualquer índice mínimo de qualidade em educação. Se a educação for levada a sério, como direito, é certo de que os índices  de violência, entre outros mal feitos da sociedade, que nos assustam a cada dia, tenderão futuramente a diminuir.

É importante, nesse ínterim, o papel da família. Lembrando de que a educação é papel do Estado, da família e de toda a sociedade.  Incentivar os filhos a frequentar a escola, fazer os temas, respeitar os professores e os colegas, cuidar do patrimônio (seja ele público ou privado), é no mínimo obrigação da família.  Zelar pela cultura, incentivando a leitura, a discussão, o diálogo, dentro de casa e na escola, é no mínimo ampliar as possibilidades da cidadania de nossas crianças. Por isso, Estado, família e sociedade, precisam ser parceiros na realização do melhor em educação para as nossas crianças, adolescentes e jovens.

Caso contrário, o seu tão sonhado cruzeiro com a pessoa amada,  a construção da sua casa dos sonhos, a qual tanto economizou, ou ainda, a sua vida estará sempre em risco.  Sem analogias, mas com realidade,  esta é a resposta para a pergunta que está no título:  Quanto custa a educação dos seus filhos?

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domingo, 19 de fevereiro de 2023

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CF - 2023: A FOME QUE É NOSSA, DE TODOS NÓS!

Você pode estar curtindo o carnaval,  festa, alegria!  Quem sabe até saboreando um banquete regado de muita abundância alimentar e bebida.  No entanto,  nesse momento existe um número alarmante em relação a fome no Brasil.  A festa do carnaval pode até mascarar os  125,2 milhões de brasileiros que convivem com alguma insegurança alimentar.  Dentre esses, encontramos mais de 33 milhões de pessoas que enfrentam a fome em nosso país.  São exatamente 15,5% da população brasileira de 2022!

Quero trazer essa reflexão, pois quarta-feira iniciamos em todo o Brasil, a Campanha da Fraternidade 2023, que traz como tema "A FOME!".

Para se ter ideia da dimensão desse quantitativo de pessoas é uma população equivalente as maiores cidades do Brasil,  como o Rio de Janeiro, São Paulo, Salvador, Fortaleza, Belo Horizonte e Manaus. Em termos de população de país, é como se fosse toda a população peruana passando fome.  É muita gente! É gente, porque a condição da Fome é uma condição de humanidade,  é um direito humano. O direito humano da Alimentação saudável é adequado e indispensável para sobrevivência de todas as pessoas.  Alimentação é um direito, e como tal, deve ser garantida pelo Estado a todos os seus cidadãos.

Os pobres são as primeiras vítimas. Entre eles, as crianças e os idosos, as mulheres grávidas e os enfermos. Também encontramos as pessoas refugiadas com deficiência nutritiva.

Porém, as causas da fome no Brasil, podem ser resumir algumas situações:

a) Estrutura fundiária:  esse tópico se refere a como a terra foi distribuída historicamente e como ela continua sendo distribuída.  Quando se fala em terra, é bom lembrar que é nela que ocorre a produção familiar do alimento. Países que tiveram uma melhor distribuição de terra, com uma ocupação preocupada com a produção de alimentos, não realizou de forma irregular o estabelecimento das famílias, com isso, diminuiu e muito as desigualdades socioeconômicas.

b)  Política agrícola que coloca o sistema produtivo a serviço do sistema econômico-financeiro:  as políticas agrícolas em sua maioria, incentivam o agronegócio exportador,  acreditando que o mercado internacional é mais importante do que a alimentação e a nutrição da população interna.  Por isso, descaso com agricultura familiar, pouco incentivo.  É importante investir na produção agrícola local, diversificando as propriedades e movimentando a economia local. Deve se produzir para comer; no entanto, No Brasil se produz para lucrar e exportar.

c) O desemprego e o subemprego:  entre as manobras de sobrevivência,  estão a crise econômica aliada a difícil conjuntura de trabalho que causam a fome no Brasil.  Muitas famílias desempregadas e outras tantas subempregadas, sem as necessidades seguranças institucionais.  O Brasil conta com 14 milhões de desempregados em 2022.  Desses, 24% não consegue trabalho e desistiu de procurar. 

d) A perversidade da política salarial:  o preço do alimento é caro. O salário é baixo.  No entanto,  o salário mínimo não garante mais minimamente as condições de existência do trabalhador e de sua família.  Existe no Brasil um grupo privilegiado de 28 mil pessoas que ganha mais de 320 salários  mínimos mensais.  Enquanto isso,  um trabalhador tenta forçosamente viver com o salário mínimo mensal.

e) Comportamentos morais lamentáveis:  a busca pelo dinheiro, a ganância em querer ter mais, a luta pelo poder da imagem pública,  o descaso pela comunidade, e outras formas de corrupção, aumentam os perigos da fome e da subnutrição.  A posição social da mulher, a carência da formação,  o analfabetismo,  gravidez na adolescência, entre outros,  aumentam a precariedade da vida social, potencializando a fome.

As regiões mais afetadas pela fome são a região nordeste e a região norte. Nelas, os domicílios rurais são aqueles que são afetados pela fome com maior intensidade. A região Sul tem o menor índice de fome.  Mesmo que exista essa diferença,  a fome não tem sido prioridade; a prioridade maior é sempre o lucro.

Para finalizar, uma reflexão: "Se eu tenho fome. o problema é meu. Se meu irmão tem fome, o problema é nosso!"  - Dom Hélder Câmara.

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sexta-feira, 17 de fevereiro de 2023

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Tempos de Intersubjetividade Comunicativa!

 

Estamos vivendo a crise dos tempos sólidos.  É o momento de privilégio,  de sentir-se privilegiado, pois, ao mesmo tempo em que sentimos a crise dos tempos sustentados por valores sólidos,  estamos construindo novos tempos.  Não se trata de julgar o passado como forma o garantia de exaltar o presente e prospectar o futuro,  mas de refletir sobre aquilo que foi bom, dando continuidade, e descontinuando aquelas abordagens que a reflexão não permite sustentar.

Em tempos sólidos, a subjetividade, a razão, o indivíduo, estava em alta.  O sucesso era resultado de mérito! Mesmo que para isso fosse necessário criar uma sensação de superioridade perante os outros; romper relações com os próximos,  com a natureza e até mesmo com Deus.

Em tempos sólidos a visão de mundo estava pautada no domínio do Homem sobre a Natureza e, muitas vezes, sobre o próprio homem.  A ciência, a técnica e a Razão matemática contribuíram para esse cenário. Dicotomizou-se muito,  fragmentou-se culturas, pensamentos, memórias.  Excluiu-se as possibilidades da diversidade. O sólido não é flexível! Não se adapta, não muda!

Na educação, os tempos sólidos carregavam verdades inquestionáveis, autoridades mascaradas, autoritarismos vangloriados pela honra, pela história e até mesmo, em muitos casos, pela impossibilidade de questionar a reprodução do próprio tempo.  O velho se tornou mais importante que o antigo. Desgastou-se, subjetivou-se tanto que entrou em crise.

A ética do domínio necessitou ser substituída pela ética do diálogo. Nasceu a intersubjetividade comunicativa. O novo paradigma que está sendo construído. Neste novo paradigma,  o da Intersubjetividade comunicativa,  não há lugar para autoritarismos ou para subjetivismo autoritários. As relações de diálogo são construídas mediante consensos  de diferentes. A diferença e a multidiversidade fazem parte da nova ética.

Mesmo que estejamos em um processo de transição do paradigma da subjetividade para o da intersubjetividade comunicativa,  é preciso superar alguns desafios:  o primeiro,  quem sabe o mais importante,   a relação entre opressores e oprimidos,  entre pobres e ricos,  entre sábios e ignorantes.  Buscar o sentido, ao invés de buscar o poder.  Até porque o poder não está na força, mas na autoridade do argumento. É preciso convencer sem vencer!  

A postura dialogal, no paradigma da intersubjetividade comunicativa, passa necessariamente pelo diálogo crítico, pela oportunidade de falar e o direito de ouvir. Não há indivíduos, mas sujeitos porque agem, e agindo, se tornam novos sujeitos.

A ética está na maturidade da aproximação sem o preconceito ou a exclusão, pois é através da referência do outro que vou me constituindo nas minhas escolhas, no meu projeto de vida, e no meu discernimento diante das questões éticas que cercam a vida da sociedade. Por isso, são escolhidos projetos coletivos para compor o coletivo da sociedade.  A dimensão individual, tem sua importância quando contribui  democraticamente para a esfera coletiva.

Para concluir, as relações intersubjetivas são mediadas pela comunicação educativa, de respeito, de amor, de entendimento.  O diálogo crítico tem função reparadora, pois ao reparar também ama,  aprende e se eterniza. 

E aí, já pensou nas possibilidades da intersubjetividade comunicativa nos novos tempos?

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domingo, 12 de fevereiro de 2023

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Avaliação COMO Aprendizagem: uma nova perspectiva da avaliação escolar!

Desde pequenos avaliamos tudo que está a nossa volta.  A pretensão da  avaliação é gerar algum tipo de aprendizagem.  Nem sempre a avaliação que fazíamos nos conduziu aos melhores resultados de aprendizagem.  Nem por isso deixamos de avaliar.  Assim,  a finalidade dos processos avaliativos na condição humana, e do desenvolvimento humano,  é possibilitar novas aprendizagens.

Sabemos, portanto, que a escola ao longo do seu processo de construção,  dicotomizou (separou) a avaliação da aprendizagem. Tal confirmação se dá quando é comum ouvirmos cursos de formação avaliação e aprendizagem sendo apresentados como categorias separadas.  No entanto,  a reflexão que quer trazer aqui,  está cunhada em uma perspectiva recente de avaliação:  a avaliação como aprendizagem. 

Dentro da complexidade de avaliar para aprender,  o processo de aprendizagem deixa de ser mecânico, e passa a ser complexo.  Por isso não se pode pensar em uma avaliação como aprendizagem,  em uma escola em que a proposta de ensino está voltada  a partir do "dar aula".  Avaliação como aprendizagem está centrada no aluno, e não no professor.

Para isso,  podemos entender que existem três níveis de aprendizagem, das mais simples às mais complexas:

a) Nível da compreensão declarativa: neste nível de aprendizagem o aluno fala sobre algo.  É também nesse nível que instrumentos como testes e provas,  com perguntas e respostas óbvias e decoradas estão presentes.

b)  Nível das competências e habilidades:  É nesse nível que o estudante sabe fazer; é competente para tal. Neste nível, muitas vezes são aplicados os instrumentos avaliativos que consideram macetes, dicas, tutoriais, passo a passo.

c)  Nível de atitudes e disposição: é neste nível que o estudante assimila aprendizagem. Neste nível ao assimilar os dados, refletindo, questionando, testando, experimentando os mesmos,  o estudante faz com que a aprendizagem fique para ao longo de sua vida. Assim, o desafio  avaliativo desse nível,  é transformar o saber curricular e os seus conteúdos, em uma experiência educativa,  atitudinal.

Dentro das diferentes concepções de avaliação,  podemos classificar em três:

1.  Avaliação DA aprendizagem:  está voltada para a aprovação,  classificação,  índice de qualidade,  e é do tipo Somativa, ou seja, instrucional,  de caráter quantitativo.

2.  Avaliação PARA a aprendizagem: está voltada para a melhoria da aprendizagem focada no professor.  É do tipo formativa, pois considera o processo como um espaço de formação continuada.  Conforme o professor evolui no processo de ensino, espera-se que o aluno também o faça no processo de aprendizagem.

3.  Avaliação COMO aprendizagem:  parte do tipo diagnóstico, onde ocorre a verificação do conhecimento. Através de um processo de automonitoramento, autocorreção, ajustes  e feedbacks constantes,  o aluno assume o papel central,  aprende sobre si, reflete sobre suas atividades e atitudes e tem a possibilidade de avaliar por pares.

Na avaliação como aprendizagem,  o papel do professor está sempre sendo ressignificado, pois o mesmo além de monitorar os processos metacognitivos,  pode possibilitar através de feedbacks descritivos e reflexivos (portfólios), as boas práticas de aprendizagem.

Assim, concluo que, a reflexão que proponho é sobre o processo avaliativo, sem um juízo final estabelecendo se um é melhor ou pior que o outro.  As diferentes formas de avaliação são aplicadas de acordo com as diferentes perspectivas e objetivos de aprendizagem.  Cabe ao coletivo educativo da escola,  a partir de um diagnóstico sério desenvolvimento e discussão,  verificar as possibilidades de um ou outro tipo de avaliação. 

Ótima semana!

Boas reflexões!

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sábado, 4 de fevereiro de 2023

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CHAT GPT E O CONTEXTO EDUCATIVO - ALGUMAS REFLEXÕES PARA INICIAR O ANO LETIVO ESCOLAR DE 2023!

Possivelmente você já ouviu falar do Chat GPT.  Se você não ouviu falar, ou ainda não leu nada sobre, segue uma definição do próprio chat GPT:

(https://chat.openai.com/chat - 04.02.2023)

Por ser de fácil acesso, utilização e de linguagem acessível, ele está sendo acessado por bilhões de pessoas no mundo todo. A pretensão aqui, não é falar sobre aspectos positivos ou negativos do Chat GPT no uso escolar.  Entusiastas da tecnologia educacional, possivelmente apontarão metodologias, dinâmicas e macetes de como utilizar pedagogicamente esse recurso.  Outros, mais conservadores no campo da educação, buscarão de imediato formas de impedir o acesso ao chat GPT pelos estudantes no campo escolar.

Dentro de uma concepção educativa voltada à formação integral do ser humano, trago  alguns tópicos de reflexão no sentido de orientar as práticas educativas no cenário do Chat GPT.

Como o primeiro tópico para reflexão,  educação humana é um processo de proximidade. O ser humano, por natureza, é um animal gregário, gosta de estar próximo dos outros para se sentir reconhecido por e em si.  Dentro desta dinâmica da natureza humana, possibilitar a proximidade do humano com humano, fortalece ainda mais a humanidade que cada um tem como essência.

Em segundo, o ser humano tem um sentimento intrínseco de alteridade, ou seja, a dimensão humana requer que nos colocamos no lugar do outro, sentindo o que o outro sente, refletindo sobre o que o outro pensa. Colocar-se no lugar do outro, é no contexto escolar, uma aprendizagem que envolve uma relação complexa de professor para aluno, aluno com aluno, de professor com professor.

Em terceiro, o ser humano é um ser espiritual, místico, criativo. Sua abordagem lógica está no pensamento objetivo, o restante é subjetividade, emoções, criação. A escola precisa ser esse lugar, onde além do ensino dos conteúdos curriculares objetivos, também possa ser um espaço de cultivo da espiritualidade e da criatividade.

Em quarto lugar, a dimensão da evolução humana enquanto a abordagem biológica, filosófica sociológica, não são construídas por estruturas pré-determinadas, mas é no conflito do encontro de pessoas que se constroem as ideias, e essas motivam as ações.  Se não há encontro, não há conflito; não havendo conflito, não há ideias. Se não há ideias, não há motivação para a ação. Assim, criar e evoluir são  possíveis somente dentro da dinâmica do encontro.

Por último, o encantamento é o elemento motivacional para aprendizagem.  No encantamento cabe a dúvida, a pergunta, o diálogo, o encontro.  Veja, por exemplo,  quantos processos criativos ocorrem quando uma criança aprende a ler e escrever.  São muitos, de tamanha complexidade, mas todos gerados pelo desejo e o encantamento com o novo mundo se abre.  O encantamento é desafiador, não aliena... É crítico. O mundo que se abre, novas possibilidades de conhecimento.  

o fetiche (de origem etimológica de 'feitiço') não gera o encantamento, mas a alienação.  Por ser enfeitiçado, o ser humano age de acordo com estímulos pré-determinados por alguém, num movimento de fora para dentro.  O feitiço não é dialético!  Não critica, não amplia... Apenas determina.

Dadas essas reflexões,  cabe aos professores, familiares, e a todos que compõem os espaços educativos formais e informais,  refletirem sobre  como ampliar a proximidade humana nesses espaços,  estabelecendo os vínculos de alteridade necessários ao reconhecimento de si e do outro,  desenvolvendo a espiritualidade, a mística, a criatividade, considerando sempre que a educação se faz no encontro de pessoas mediatizadas pelo diálogo humano.  Por fim,  refletir profundamente sobre os movimentos de fetiches que existem em nossa sociedade e, onde queremos chegar enquanto humanidade.

Boas reflexões!

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segunda-feira, 30 de janeiro de 2023

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RETORNO ÀS AULAS: A MOTIVAÇÃO COMEÇA PELO DIÁLOGO!

Estamos nos preparando para o retorno das aulas, em um novo ano letivo.  É um momento muito sensível no que se refere, entre muitos aspectos, às perspectivas que os professores têm sobre sua motivação para o  planejamento, execução e avaliação dos planos de  trabalho. É grande o desafio de manter-se motivado (a) durante o ano letivo.  Várias são as frentes que  se apresentam como empecilhos para o desenvolvimento integral do trabalho do professor.

Algumas escolas começam o ano com palestras motivacionais, mensagens, momentos de espiritualidade e reflexão, entre outras atividades que dão o start inicial. No entanto, muitas vezes essa motivação inicial aos poucos vai se perdendo.  É preciso sempre realimentar a motivação do professor. Diria fundamentalmente, que esta motivação está na possibilidade da construção de espaços de diálogo dentro da escola.

O diálogo é a essência do repertório educativo para o desenvolvimento de uma docência com substância; ou seja, nele estão presentes a comunicação, os saberes, as inquietações e a transparência das relações humanas que se estabelecem entre o sujeito da educação. O diálogo é fator fundamental para a  solidez da motivação no trabalho educativo.  Através dele as relações se horizontalizam,  se melhoram, se capacitam.

Há outro fator fundamental no diálogo:  a dialética. É através dela que ocorre o movimento crítico do pensamento, da ação pedagógica da escola.  Através da dialética ocorre o movimento de "olhar de dentro para fora"  e de "fora para dentro". É nesse movimento que se celebram os crescimentos, as aprendizagens, as entregas e, também é nele que se reconhecem os pontos fracos, que precisam ser melhorados, discutidos.

Assim, o diálogo é elemento essencial para a motivação dos professores, pois faz com que a motivação não seja algo pronto, "que alguém dá" não passe de mágica, mas algo construído pela equipe de forma comunicativa, implicada, vivenciada, discutida e até mesmo criticada.

Assim, é no diálogo que cada um vai inserindo seu repertório de saberes, reflexões, contribuições e críticas.  É no espaço do diálogo que os conflitos se tornam algo construtivo. É no diálogo que se discutem ideias; não se atacam pessoas! É a partir do diálogo e do movimento dialético que novas interrogações surgem, se avaliam experiências e se apontam sugestões.

E aí? Sentiu-se motivado(a)? Vamos dialogar?

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terça-feira, 24 de janeiro de 2023

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UMA REVISÃO CRÍTICA DO PAPEL DO PEDAGOGO E DA PEDAGOGIA NA CONTEMPORANEIDADE

Só é possível falar de uma revisão crítica do papel do pedagogo  na contemporaneidade,  se ancorado em princípios que assumem como ponto de partida para a educação uma pedagogia do diálogo.  

Esta pedagogia considera, sem a tentativa de fazer distinções formais entre as diferentes pedagogias,  que a realidade é dialética (movimento de contradições e mudanças). Ela introduz no diálogo pedagógico a dúvida e a suspeita sobre a realidade do homem concreto, e das relações que este estabelece com a sociedade real e seus meandros. Assim,  a pedagogia do diálogo está historicamente situada em uma compreensão de homem válida para todos os contextos; ou seja, uma antropologia contextualizada.

Fazer uma revisão do papel do pedagogo na contemporaneidade,  é refletir diretamente,  na teoria e na prática,  a prática social do exercício da pedagogia na educação, bem como vincular essa prática ao ato educativo como ato político e transformador, a teoria vinculada à transformação social.

Por isso,  utilizar a concepção de pedagogo como aquele  que "conduz as crianças",  como outrora entre os gregos se fazia,  é inadequado ao nosso tempo. Hoje, o pedagogo exerce outros papéis. E é sobre esses papéis e a formação acadêmica para os mesmos que cabe a revisão crítica (dialética) da pedagogia. 

Argumento de que  a pedagogia é uma ciência educativa, onde sua epistemologia e conteúdo situacional consistem em existir para criar educação. No entanto,  o que vemos são as ciências específicas conduzindo o processo educativo,  sua gestão, seu sentido e existência. O que as nossas faculdades de pedagogia tem a dizer sobre isso?  Há exceções, que confirmam a regra; mas que de imediato,  são raras.  

Quando se trata da formação  de pedagogos nas universidades/ faculdades, outras perguntas são interessantes de serem elaboradas:  Por que a extinção de muitos cursos de Pedagogia,  uma vez que esta é a ciência da Educação? O que justifica a não existência dessas Faculdades, se o fundamento das próprias é a própria Pedagogia?  Talvez,  o grande desafio para as Faculdades de Pedagogia é formar gente capaz de assumir sua autonomia epistemológica, de perceber as contradições do processo formativo com oportunidade formativa, como semente de libertação da alienação técnica sobre a dimensão humana do "criar educação" -  função primeira da pedagogia.

Por fim,  falar em reconstrução,  é assumir que estamos vivendo um momento em que o pedagogo tem a possibilidade de repensar a sua função na sociedade; ou seja,  repensar a educação como tarefa crítica, reconstruindo com isso, a própria sociedade brasileira e a sua condição educativa.  Mais que ter a função de perceber a contradição,  é necessária a consciência da contradição, e perceber que a mesma é histórica, filosófica e sociologicamente fundada a partir das contradições inerentes a sociedade brasileira.

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sábado, 7 de janeiro de 2023

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MUDANÇA DE PARADIGMA REQUER PRÁTICAS EDUCATIVAS SIGNIFICATIVAS


O ano de 2023 se inicia, e com ele os desafios que se nos apresenta.  Não é um ano comum. É um ano que podemos esperar muitas mudanças, nas mais diferentes áreas da sociedade,  sejam elas econômicas, políticas, antropológicas, estruturais,  mudanças institucionais e educativas.

Uma das grandes mudanças  que podemos esperar, está no papel significativo do educador.  De professor à alguém comprometido com a vida.  Não apenas um Pensador,  mas aquele que ao pensar, compromete-se com a existência de si e do outro.  Aquele que reflete a teoria inserido em uma prática de liberdade, uma prática transformadora. 

A mudança de paradigma Em uma sociedade dinâmica,  conduz há uma relação de conflito entre dominantes e dominados.  Nesse sentido, a educação não pode oprimir, mas servir a libertação de todos aqueles que ainda estão inseridos no paradigma da dominação.  Entre os diferentes entendimentos de dominação, friso  o paradigma da ignorância, da superfície, da mediocridade.  Libertar-se desse paradigma, é compreender a educação que resgata o seu sentido primeiro:  a humanização da pessoa humana.

Portanto,  a mudança de paradigma requer  que as práticas educativas, sejam elas escolares ou extraescolares, estejam fundamentadas em um diálogo crítico, possível e passível de abertura para novas ideias, construções, aproximações e distanciamentos, sempre quando necessários. Assim,  o novo paradigma é incompatível com a massificação do pensamento,  a intolerância, a negligência,  e a ausência de compromisso societário e humano.

A figura, a postura e o exemplo, são condições epistemológicas das quais o professor não pode abrir mão.  Precisa estar munido de um repertório teórico suficientemente fundamentado em uma cultura  que possibilita práticas de  humanização.  Logo, os espaços escolares e extraescolares necessitam se configurar como experiências significativas.

Outrossim,  a grande aposta é no ser humano, nos seus anseios mais íntimos, angústias, intencionalidades e, principalmente em seu projeto de vida.  Uma educação focada no projeto de vida do indivíduo, possibilita ao mesmo transitar no novo paradigma, situando-se como ser humano político, tolerante, acolhedor e conhecedor de si, do outro e do mundo.

Essas são algumas inquietações que apresento para o novo paradigma educativo que se configura nos novos tempos.  Quais são as suas?  Boa reflexão!

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