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sábado, 27 de fevereiro de 2021

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TUDO PASSA...EXCETO O BEM QUE FAZEMOS!

Que tudo passa, já sabemos. Desde que nascemos, passamos por diferentes situações que contribuem, umas mais e outras menos, com o nosso desenvolvimento de ser humano. São diferentes situações geradas algumas vezes, por nós mesmos, e outras, por movimentos externos dos quais não temos controle. Independente de qualquer situação, tudo passa. Só não passa o bem que fazemos ao outro.

Estamos emergidos em um cenário de desastre humano, acometido por consequências também humanas. Equilibrar as normas técnicas e orientações objetivas no combate ao COVID-19 com o comportamento humano, parece não ter sido tarefa fácil ultimamente para muitas pessoas. Aglomerações por todos os lados, encontros de família, praia em feriados, festas de Carnaval e outros, tem contribuído para o crescimento incontrolável do grande mal que aflige hodiernamente toda a sociedade.  


Sabemos que toda causa têm uma consequência. Portanto, tudo o que fazemos para permitir a expansão ou o controle da pandemia, é de nossa inteira  responsabilidade. Diante do nosso agir e da responsabilidade sobre o mesmo, não podemos deixar de lado que tudo o que fizemos tem impacto sobre a vida dos outros.  


Tudo passa, mas o bem que se faz ao outro, fica eternizado em sua vida, na história da comunidade, e no livro de nossa existência. Por isso, mesmo que eu não concorde com o pensamento e a ação do outro, preciso considerar que tudo o que faço e o que o outro também faz, tem uma relação de impacto na vida de todos.  


Tomar as medidas preventivas como princípio orientador da ação, é muito mais do que liberdade, é obrigação para com a preservação e conservação da vida. O uso da máscara nos espaços públicos, é um belo exemplo. O mesmo direito que eu tenho de usufruir desses espaços, o outro também tem; no entanto, para a saúde de todos, é aconselhável que se faça o recomendado pelas autoridades competentes. 


Não se trata, porém, de utilizar o contexto para brilhantismos políticos, economicos ou sociais. todos estamos no mesmo cenário e, tirar proveito do mesmo, comprometendo a vida do outro, é covardia. Assim, independente de qual ideologia defendes, tu sabes que o melhor a se fazer, é que todos façam aquilo que é melhor para todos: seguir as orientações da saúde. 


Aglomerar através de festas, reuniões desnecessárias, comemorações inadequadas não serve para o 

momento. Ajudam sim, nesse tempo, a ampliar cada vez mais a catástrofe que paira sobre a saúde, ajudando-a a se expandir mais e mais em intensidade e tempo.  


Fazer o bem é uma categoria desejável a todos, mas tão pouco praticada por muitos. Precisamos nos convencer disso: ou nos cuidamos todos juntos, ou sofreremos coletivamente.  


Está na hora de mostrarmos que a educação, os valores, princípios e crenças, bem como as orientações religiosas, políticas e econômicas, convergem para um único lugar, o lugar de todos na eternidade. E isso se faz fazendo o bem à todos. 


Dessa forma, te convido a refletir sobre o caráter passageiro da vida, a fragilidade do existir, e a grandeza do tornar-se humano. Tornamo-nos humanos ao passo que reconhecemos nossa transitoriedade e assumimos nossas responsabilidades. Fazer o bem é conjugar o esforço de superar o passageiro, sem perder a esperança de se eternizar.

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sábado, 20 de fevereiro de 2021

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É TEMPO DE OLHAR PARA O OUTRO!


Desde que se tem registro da existência da humanidade, sempre houve conflitos no que se refere a convivência em grupo. 
Os primeiros seres humanos viviam em bandos, com pouca ou até nenhuma articulação da linguagem. Se importavam apenas com a alimentação, o abrigo e a sobrevivência. O outro, tema dessa reflexão, não lhe parecia ameaçador, até o ponto em que este viria a disputar o alimento, o abrigo, ou mesmo a fêmea no cio.

Falar do outro em tempos de sociedade, em especial, no nosso tempo, remete a refletirmos sobre o quanto nos importamos com nossa própria condição existencial e a do outro. Não posso reconhecer minha identidade, quem sou, meus anseios, sem me importar com a totalidade da existência do outro. Me importo com o outro, porque me reconheço nele. No outro está a minha existência enquanto sujeito social. 

O homem em suas relações sociais, desde o seu processo inicial de socialização, seja do nascimento ou histórico, busca estabelecer com o outro vínculos, sejam eles afetivos, emocionais, duradouros ou passageiros. mesmo assim, a presença do outro não me passa despercebida. 

Hoje, falar do outro distanciado de sua condição, é ignorar a sua importância. Em sociedades individualistas a apropriação da condição do outro, além de render oportunidades de enriquecimento, pode ser um lugar de crescimento profissional. Mas, quando somos convidados a pensar as dores que cada outro sente, nos rendemos ao reconhecimento de que estender uma mão para ajudar, é o mínimo que podemos fazer. 

Proteger-se, seguindo as orientações técnicas, implica nesse reconhecimento. Proteger-se, é garantir ao outro a sua proteção. Respeitar que o outro possa se proteger, também é uma forma de proteger o outro.  

No entanto, a delicadeza e a sensibilidade no trato com a condição do outro e seus cuidados, é uma postura ética. Todos deveríamos compreender essa máxima. Observa-se, porém, que a ética hoje em dia, de forma equivocada, está voltada apenas para os interesses de cada um.  

Estabelecer vínculos de responsabilidade entre pessoas e instituições para a melhoria da relação entre os indivíduos, requer o amadurecimento da ética. Não se pode precipitar metas homogêneas que tratam de uma realidade apenas discursiva, sobre uma realidade concreta. O equilíbrio entre o pensamento e a ação se dá pelo viés da reflexão.  

Por fim, olhamos para a sociedade atual com um olhar inquieto, permeado de dúvidas, incertezas, mas lotado de Esperança. Esperança lembra esperar. Esperar quando se tem convicção de que o melhor a ser feito é se colocar no lugar do outro, é o convite que é feito a cada um de nós. 
Pela vida, com a vida, a partir da vida! te desejo saúde, paz, tranquilidade e reflexão! 
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sábado, 13 de fevereiro de 2021

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AS FAMÍLIAS, OS FILHOS E A ESCOLA


A família é o núcleo social mais importante da sociedade. É através dela que vamos construindo nossa identidade, nossos princípios e valores. É na família que aprendemos ser quem somos. É nesse espaço, muitas vezes de conflito, que assumimos as primeiras responsabilidades, estas tão importantes para nosso amadurecimento afetivo, social e intelectual.

Na família, independente de sua organização, mais tradicional ou liberal, há um lócus decisivo sobre os filhos. Os filhos são a continuidade da cultura familiar. São eles que garantem a aposta feita com amor pelos pais e/ou responsáveis. Filhos são sempre a maior riqueza que uma família pode ter. E o cuidado que a família tem para com os seus, revela muito de como cada família cuida seu tesouro maior.

Ao mesmo tempo que a família tem a responsabilidade do cuidado com os filhos e seu amadurecimento, a escola aparece em determinado momento como oferta da ampliação dos saberes culturais, científicos e sociais, que garantem a continuidade do desenvolvimento da criança.

Não pode haver rupturas entre a educação famíliar e a educação escolar. A solução é o diálogo efetivo. Diálogo construído a partir de pontes e âncoras do saber social - bagagem cultural da criança - e uma proposta clara de concepções educativas que norteiam o ensino e aprendizagem escolar.

Nesse sentido, se de um lado as famílias assumem as responsabilidades sobre o acompanhamento da saúde física, mental, espiritual, economica, social, entre outras, a escola é o lugar para o desenvolvimento cognitivo orientado da criança. Não se pode brincar de ensinar em um ambiente que o principal objetivo seja a construção integral de uma pessoa.

Filhos não são experiências imediatas em que o futuro é o responsável que dirá se deu certo ou não. Filhos são existências em construção, um mix de dependência e autonomia, que aos poucos se tornam interdependentes. 

É nesse sentido que as relações entre família, filhos e escola podem ser construídas: na interdependencia. Esta por sua vez, depende do grau de entendimento, informação e responsabilidade que cada um se coloca. Colabora também com a construção, as redes de valores, princípios, orientações que emanam de cada uma delas.

Não há melhor família, filho ou escola. A diversidade de situações em que se encontra cada uma depende do contexto real em que se está inserido. Há famílias, filhos e escolas que a educação é um processo voltado para a competitividade, não importando as consequencias. Para outras, o valor é a cooperação. Outras ainda, a espiritualidade.

Por fim, as aulas estão iniciando. Há discursos de uma “pós-pandemia”. Não passam de Fakes. Os dados estão ai para mostrar de que a Pandemia ainda não terminou. Por isso, o melhor ainda são as orientações e cuidados que todos devemos ter. Famílias, filhos e escolas, não podem relaxar com os cuidados, caso contrário, poderemos ter o início de uma tragédia humana. 

As aulas híbridas colaboram em muito para o desenvolvimento da criança, adolescente ou jovem. No entanto, precisamos seguir os protocolos, regras, orientações. 

Família, filhos e escola...Bom ano letivo!

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sábado, 6 de fevereiro de 2021

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VOLTAR ÀS AULAS? COM A ÉTICA DA ALTERIDADE, SIM!


Que a escola é a segunda família, todo mundo já sabe. No entanto, ela precisa estar em harmonia com a primeira família. Seria muito fácil, caso houvesse um padrão familiar. No entanto, não existem padrões familiares. Existem diferentes e diversas organizações familiares.  

Diante da diversidade, as famílias também sustentam diferentes posições em relação à educação dos seus filhos. Algumas famílias são mais liberais e, outras, por conseguinte, mais tradicionais. As diferentes posições e opiniões implicam na tomada de decisão, e estas, não ficam restritas a educação quando se trata somente de tempos de PandemiaEsse posicionamento, se reflete no campo da política, economia, saúde, governo, religião, etc. Mas em educação, já podemos perceber essa diversidade de opiniões, misturadas com incertezas, medos, histórias, em relação ao retorno do início ao ano letivo. 


Enquanto algumas famílias estão convencidas de que o retorno as aulas deve ser presencial, outras estão vivendo conflitos familiares, pois não encontram um lugar no discurso do retorno presencial, que lhes dê segurança quanto a essa modalidade de retorno.  


Quando estamos vivendo em um ambiente de incertezas, o melhor a se fazer é ser prudente. Para que haja prudência, é necessário muito diálogo e respeito. A escola, nesse sentido, precisa ser ambiente acolhedor da dimensão de humanidade que há em cada família. De fato, não é momento de ver a escola como um lugar de atividade mecânica de ensino e aprendizagem, pois, mais do que nunca, estamos todos fragilizados quanto a condição humana, devido ao contexto que estamos vivendo.


É preciso que a escola redescubra a ética da alteridade. Segundo o filósofo Emannuel Levinas, a alteridade é uma condição que permite ao homem, através da ética, estabelecer pontes que superam os abismos que existem entre o eu e o outro. A ética da alteridade, segundo o filósofo, coloca o outro no lugar central. Ainda, Levinas crítica o pensamento e a cultura ocidental, pois, segundo ele, a cultura ocidental preocupou-se sempre com o eu, deixando o outro de lado. Como consequência, a cultura ocidental prima pelo individualismo e a competição. 


"Alteridade é o reconhecimento e aceitação do que é o outro ou do que é diferente. O princípio fundamental de alteridade é que em sociedade, os indivíduos têm uma relação de dependência uns com os outros. O “eu” não pode existir sem o outro." (https://www.brasildefatomg.com.br/2020/11/13/pandemia-e-alteridade)


Pensando assim, as escolas em suas práticas pedagógicas híbridas, precisam construir uma cultura de alteridade como condição e princípio fundamental de sua filosofia educativa. O movimento de alteridade não acontece somente entre escola e família, mas inicia na própria escola: no reconhecimento do professor, funcionário e gestor como pessoas emergidas em diferentes situações culturais no contexto pandêmico. Agrega-se à estes, familiares, estudantes e comunidade em geral. 


Por fim, a ética da alteridade é um lugar do entendimento, do diálogo, das críticas e da mudança. Não há ética da alteridade quando alguém impõe ao outro o que fazer ou deixar de fazer. Assim, o diálogo da escola com a família sobre o retorno escolar, bem como, da família para com a escola, deve ser orientado por um diálogo horizontal de compreensão mútua, e ao mesmo tempo de tomada de decisão, que respeite os diferentes entendimentos sobre a pauta.  

Escutar, refletir e propor - dentro deste entendimento, são atitudes que levam à uma relação saudável ao longo prazo. Não se trata de vencer, nem de convencer, mas de amadurecer! Ambiente sem maturidade, normalmente oferece prejuízos.  


Vamos fazer do retorno às aulas um momento de amadurecimento e aprendizagem. Afinal, este é o propósito da existência da escola como continuidade dos bons valores iniciados na família.  


Um ótimo ano letivo a todos! 

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