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domingo, 26 de abril de 2020

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DA GESTÃO DA ESCOLA, PARA A GESTÃO ESCOLAR: QUESTÕES E CONFIGURAÇÕES QUE OS TEMPOS DE PANDEMIA CORONA VÍRUS EXIGEM


Quando se trata da Gestão Escolar, aparece fortemente a tradição da Administração Escolar. A escola era vista como uma empresa. Para dar conta da demanda de clientes, a escola deveria seguir fielmente uma organização hierárquica rígida, de controle. Nessa lógica, as pessoas se submetiam às instituições. Hoje, ao contrário, a instituição que quiser sobreviver aos desafios de nosso tempo, deverá se adaptar às pessoas. Estamos transitando da Gestão da Escola, para a Gestão Escolar. Não significa também, que houve uma separação entre as duas formas de gestão. Ocorreu, de fato, uma ressignificação do sentido das instituições, entre elas, a escola.
Portanto, trago algumas questões que configuram grandes questionamentos para a Gestão Escolar: O que aconteceu com as escolas com a Pandemia por Corona vírus? Como os sistemas de Ensino estão reagindo ao cenário? Qual é o papel da Gestão Escolar nesse cenário? Que oportunidades na educação esse cenário nos proporciona? Entre outras...

O que aconteceu? Suspensão de aulas em 160 países. 1,5 bilhões de estudantes no mundo, deixam de frequentar fisicamente suas escolas. Suspensão das aulas no Brasil, a partir do dia 20.03.2020. flexibilização de 200 dias letivos e obrigatoriedade de 800 horas, remetendo à reorganização do calendário escolar. Insegurança, pela falta de regulamentação.

Como o Sistema de Ensino reagiu: pesquisa realizada pelo Centro de Inovação para a Educação Brasileira – CIEB (disponível em: http://cieb.net.br/wp-content/uploads/2020/04/CIEB-Planejamento-Secretarias-de-Educac%C3%A3o-para-Ensino-Remoto-030420.pdf), mostra de que “O cenário retratado pelo levantamento é desafiador. Embora 2.520 secretarias municipais (84% dos respondentes) já tenham emitido normativas específicas – a maior parte delas determinando a suspensão das aulas presenciais ou o adiantamento de férias ou recesso escolar –, 63% ainda não orientam sobre qual estratégia de ensino remoto deve ser adotada neste período” Outro ponto de atenção é que mais de 85% das secretarias respondentes, tanto estaduais quanto municipais, não sabem ainda como farão o registro de presença nem a avaliação de aprendizagem dos estudantes sobre este período”.

Assim, na mesma fonte, podemos encontrar:

(Fonte:http://cieb.net.br/pesquisa-analisa-estrategias-de-ensino-remoto-de-secretarias-de-educacao-durante-a-crise-da-covid-19/)

Dessa forma, o cenário é instável, imprevisível e inseguro, mas algumas presunções fundamentais são necessárias:

Ser o elo de escuta entre famílias, escola e professores. Através da escuta ativa, é possível identificar quais são as possibilidades para a realização de um plano estratégico assertivo.

Compreender que o ambiente domiciliar não se configura como o ambiente escolar. Por isso, é necessário construir soluções pedagógicas que tenham caráter colaborativo-familiar para a aprendizagem do aluno. O diálogo de consenso, com propostas decisórias claras, torna a gestão mais eficiente e efetiva.

Apoiar a organização da gestão de ensino, valorizando os professores, propondo novos métodos, integrando-os em um contexto de cooperação do conteúdo, metodologia e avaliação, bem como na gestão psicoafetiva desse profissional.
E, quem sabe, o maio desafio: transpor práticas presenciais para a modalidade domiciliar, sem perder de vista o ser humano e toda sua complexidade. Transpor, não é transportar, mas compreender o saber e o fazer escolar a partir de outra dinâmica social, a domiciliar.

As oportunidades surgem da abertura para o diálogo e a constante análise do cenário, que são boas orientações para a construção da pauta do gestor escolar. Dessa forma, ações coordenadas, plano estratégico, trabalho remoto, orientação pública efetiva, suporte técnico e emocional, valorização dos professores e apoio às famílias, são pontos que não podem faltar nessa pauta e que, afirmam que a instituição está se adaptando às pessoas.

Deixo minha mensagem final, para pensar: “Não há isolamento em educação. Estamos todos conectados uns aos outros. Estamos aprendendo e ensinando em todos os tempos e lugares. Ensinar e aprender ao mesmo tempo, em diferentes lugares, é estar no mesmo lugar, o lugar do outro. No lugar do outro, encontrar o lugar de cada um, o lugar de ensinar e aprender!”

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segunda-feira, 6 de abril de 2020

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O RETORNO ÀS COISAS MESMAS! COMO SERÁ A VIDA PÓS-CORONA?



Prof. Dr. Rudinei B Augusti
rudinei.augusti@gmail.com

Amor nos tempos de corona": casos vão de date adiado à lua de mel ...
https://conteudo.imguol.com.br/c/entretenimento/c0/2020/03/13/casal-com-mascaras-coronavirus-1584130868741_v2_450x337.jpg
“A vida é angústia!” – já dizia Soren Kierkegaard, filósofo dinamarquês. Ela é angústia, mas ensina! A vida ensina…a maior dificuldade do ser humano, porém, é aprender. Mas, Willian Shakespeare afirmou que “[…] um dia a gente aprende!”. Pode levar tempo, mas aprendemos. De fato, as experiências, sejam elas trágicas ou mais prazerosas nos ensinam. Então, depois que aprendemos, parafraseando Albert Einstein, a nossa mente jamais volta ao seu tamanho original.
Estamos vivenciando diariamente o retorno às coisas mesmas. A proximidade familiar que está possibilitando diferentes convivências e tensionamentos de toda ordem no ambiente doméstico, nos ensina que retornar ao convívio familiar é resgatar o quanto de humanidade que há em nós. É no trato com as pessoas que amamos, que significamos a nossa essência, a nossa humanidade.

A Escola não será mais a mesma. Não faz muito tempo que as crianças iam para a escola com belos exemplos disciplinares e aprendizagens essenciais que aprendiam em casa. Além de aprender a escrever, desenvolver operações matemáticas básicas, as crianças chegavam disciplinadas na escola pois conviviam mais tempo no ambiente da casa. Que bela aprendizagem! Com o tempo, tudo isso foi sendo esquecido, substituído pela lógica de que era papel da escola desenvolver essas atividades.

A família não será mais a mesma. Hoje, podemos refletir sobre a grandeza que é o ambiente familiar em relação à educação de nossos filhos. Percebemos que nessa nova rotina, eles acordam conosco, se alimentam ao nosso lado, lamentam-se, choram, pedem, riem, brincam, etc., sensíveis à isso, podemos até perceber, mesmo com toda tensão adulta sobre a realidade, que eles esconde uma alegria ingênua diante dos acontecimentos, e que vai contaminando nossos dias.

O trabalho não será mais o mesmo. Não iremos produzir quantidade, mas relações de qualidade. O trabalho não apenas buscará satisfazer o ego consumista e egoísta de quem lucra, mas estamos percebendo que o trabalho pode ser criativo, sem ser oprimido. Os que insistirão com a velha lógica do trabalho (explorador sobre explorado), não terá outro caminho a não ser a falência.

As relações humanas não serão mais as mesmas. Perder nos ensina solidariedade. Solidariedade não é doação, mas troca! Estamos percebendo que podemos trocar o isolamento pelo encontro. Estamos vivenciando pequenas relações que nos tornam grandes homens. A solidariedade nos mostra que não é descargo de consciência, mas reflexão sobre a nossa essência.

O mercado não será mais o mesmo. Da lógica capitalista de produção, consumo e geração de lixo, para o aproveitamento dos recursos e a boa gestão do alimento. Tudo passa pelo crivo do retorno ao cuidado com o outro. Diminui com isso a poluição, a contaminação, o barulho, os ruídos e aumenta a vida! Não será possível viver a partir da lógica do individualismo, mas da cooperação!

Você não será mais o (a) mesmo (a)! Você está mudando! Todos estamos mudando! Ou mudamos, ou não teremos a possibilidade de mudar! Quando tudo passar, veremos que a vida será mais bela, mais solidária, mais humana, livre e digna! Estamos compreendendo que mudar não é mais uma questão de escolha, mas de necessidade!
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