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sexta-feira, 28 de agosto de 2015

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RESPEITO E DECÊNCIA COM O EDUCADOR - SIM, SENHOR!

Mafalda_apagar_ideologias“O respeito que devemos como professores aos educandos dificilmente se cumpre, se não somos tratados com dignidade e decência pela administração privada ou pública da educação.” (FREIRE, Paulo. Pedagogia da Autonomia. São Paulo: Paz e Terra, 1996. p. 96)

Há valores que são imutáveis por todos os tempos e em todos os lugares. Em se tratando de educação, o Respeito e a Decência são duas premissas básicas validadas pelo ato de educar. Esses valores estão implícitos na categoria identidade do professor. Identidade se refere àquilo que identifica a profissão. Assim, o fazer pedagógico que parte das concepções políticas e pedagógicas do ser professor se materializam na práxis docente. A práxis (relação da reflexão-ação-reflexão) se realiza, entre tantos, no processo de ensino e aprendizagem que envolvem dois sujeitos: educador e educando.

Toda ação pedagógica é imbuída de vontade política. Há que se dizer, que não há educação neutra. O ato de educar e educar-se transcende o limite do agora, do imediato, está na reflexão da postura, da ação, com o objetivo de transformar a ação em reflexão e a reflexão em ação-refletida. Esse processo é garantidor da formação de sujeitos críticos, conscientes e reflexivos, que buscam transformar à si e ao mundo em que se inserem.

Se o ato de educar, conforme dito, é um ato político, o professor é agente político por excelência. Nesse sentido, ele é ator social de identidade política. Ele coordena o movimento dialético do discurso e da ação mediada pela crítica à vida meramente material. O ato político de educar incomoda, desestrutura, desestabiliza, pois transforma, inverte a lógica dominante…é questionador!

Sabe-se, porém, que o questionamento busca a transformação. E, as camadas dominantes de nossa sociedade, representadas por governos que se dizem democráticos mas que tem ações tirânicas, não querem ser questionadas. Assim, a educação, seja ela na escola ou na universidade, acabam por identificarem-se como aparelhos ideológicos do Estado.

O Estado, como suprassumo jurídico da ordem, e pautada nela, o progresso – tem sido fiel à sua doutrinaria ideologia de domínio. Quando um de seus agentes (aqui os professores) agem em desacordo para com a obediência que lhes é imposta, devem sem retratados em sua condição existência e de ação libertária. Sob essa perspectiva devem enclausurar-se em seus planos de trabalho e, produzir em série pessoas que obedeçam. Não! Se a ação educadora é libertária, oprimir os educadores é um ato indecente e desrespeitoso!

O desrespeito e a imoralidade visivelmente imposta entre os educadores, hoje é paulatinamente percebida. Não há concordância ou coerência entre a prática de educar e com a de oprimir. Educação liberta, não oprime! Portanto, o respeito e a decência com a condição do educador é condição necessária para o desenvolvimento do processo educativo. Se assim não o for, lá “na ponta” o que serão atingidos, diga-se de passagem, inocentemente atingidos, culpados sem culpa, são os educandos. ((•)) Ouça este post

domingo, 23 de agosto de 2015

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A DIFÍCIL TAREFA DE HUMANIZAR O CIBORGUE

ciborgueSabemos que, historicamente, o homem tem desempenhado suas tarefas com o uso de ferramentas. Este uso, o transformou de homo sapiens à homo fabers. A condição do uso de ferramentas sem o pensamento crítico produziu o homem alienado, consumista, fragmentado de sua condição originalmente natural. Pensadores do Século XVIII e XIX, como Rousseau (no Emílio) e Kant (Sobre a Pedagogia) afirmavam que ser papel da educação continuar àquilo que a natureza começou. Parece que o nosso tempo, tão pouco tem entendido essas premissas iluministas.

Instrumentalizar o homem para resolução de suas tarefas, sejam elas cotidianas, sejam esporádicas, tem sido o grande desafio daquilo que chamamos de técnica. Educar é mais que instrumentalizar, é fazer-se humano.

Diante da sociedade da informação, onde a comunicação passa necessariamente pelo viés tecnológico, o destaque está para o uso de ferramentas. À esse movimento, chamou-se de ciborguização; ou seja, um modelo de homem caracterizado pelo uso de ferramentas. Detalhe a se observar, é que essas ferramentas representam extensões das possibilidades do humano, portanto, não fora dele, mas inseridas em seu ser.

Se a grande crítica feita à modernidade era de que o pensamento humano teria se tornado mecânico, aqui, o mesmo agora é digital. O Ciborgue é o homem ferramenta – que veste tecnologia e pensa digitalmente. Não está constituído apenas fisicamente com tecnologia, mas seu pensamento se tornou digital. O ciborgue comunica-se digitalmente. Sua relação com o mundo se dá através de ferramentas digitais. As mesmas vestem a nossa pele, estão incorporadas em nosso corpo. O destaque está na possibilidade de estender a humanidade encontrada no animal-homem através de elementos complexos tecnológicos que buscam corrigir e aperfeiçoar o saber e o ser do homem.

Assim, os ciborgues a partir das diferentes habilidades também apresentam diferentes condições de aprendizagem. Seu conhecimento não é mais cumulativo, por filtros, enfim…acontece pelo viés dos hiperlinks; ou seja, o ciborgue é hiper-conectado digitalmente. Um belo exemplo disso, é o uso dos smartphones por jovens.

Os ciborgues entendem de que conhecimento não se dá pelo viés de espaços isolados como estar atrás de uma classe em sala de aula, mas sim, na construção de espaços significativos de aprendizagem. Entendem que a escola não tem paredes. Compreende que é na conexão que se faz a troca, a construção do conhecimento.

Diante dessa mudança, é desafio pensar de que forma podemos, na escola, humanizar o ciborgue?

Há algumas possibilidades. Uma delas se encontra na metodologia de aprendizagem do mesmo. O ciborgue aprende utilizando de ambientes colaborativos, são nativos digitais que aprenderam a desenvolver multitarefas. Então, é desafio da escola pensar esses espaços utilizando-se da interdisciplinaridade e da transversalidade de saberes que culminam em valores humanos, ou seja, é educar o ciborgue com afetividade. De outro lado, é importante compreender que o ciborgue está inserido em uma sociedade individualista, a “sociedade da selfie”, mas que, contraditoriamente é tão capaz de compartilhar aquilo que se é, ou se sabe.

Compartilhando valores, produzindo relações cada vez mais afetivas, construindo uma sala de aula pautada na atividade, no grupo e com atendimento humano do professor é possível dar significado de escola para o ciborgue. ((•)) Ouça este post

quinta-feira, 20 de agosto de 2015

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“ELES COLARÃO, EU COLARINHO!” – UMA APOTEOSE À CORRUPÇÃO ATRAVÉS DA AVALIAÇÃO ESCOLAR!

colarinho-brancoQuem avalia, está se responsabilizando pelo seriedade empregada em tal ofício. O professor, mais do qualquer outra profissão, é avaliador por excelência. Faz parte de sua rotina avaliar. Ela ganha vários nomes: progressiva, contínua, emancipatória, classificatória, etc. Dentre os variados tipos de avaliação, diferentes instrumentos são empregados. A pretensão aqui não é discutir a avaliação, mas o papel do avaliador e com que seriedade com que ele encara o processo.

O título é sugestivo: “Eles colarão, eu colarinho”. A expressão “colarinho” lembra status, garantia de autoridade, alguém distinto. O problema está em como é construído esses predicados. “Eles colarão”, é a permissão para a cola, para a camuflagem da ideia original, a cópia. Colar é uma prática antiga, antiética. É proibida? Nem sempre…em alguns casos, autorizada pelo “eu colarinho!”, aquele que quer status, distinção.

Há por trás desse processo, uma apoteose à corrupção através da avaliação escolar, seja do professor, seja do aluno. A apoteose aqui citada, representa uma institucionalização da corrupção, da permissividade da cola para a garantia da ascensão de status do professor, como um ritual divino, dogmático, institucionalizado como critério inquestionável.

Portanto, enquanto “Eles colarão, eu colarinho” garante que, enquanto realização da apoteose da corrupção, a reprodução da ação corrupta ganhe cada vez mais espaço em todos os lugares, seja na escola ou na sociedade. A permissividade da cola, da corrupção, do engano, da mentira na escola, é a garantia da divinização do profano, ou seja, da corrupção. No fundo, é um ciclo: enquanto a cola é a corrupção e esta é garantida através da permissão da autoridade do professor, porque esse busca o status, ela é, ao mesmo tempo e em si, o lugar da continuidade daquilo que é corrupto.

Nesse sentido, não basta discutir a avaliação escolar bem como seus instrumentos, deve-se pensar à que objetivos está voltado o processo avaliativo. Além disso, qual é a investidura escolar descrita na premissa avaliativa – como ela é prevista no projeto de educação presente na escola?

De toda forma, valorizar a ética profissional bem como o trabalho do professor dentro da ação ética do mesmo, é garantir de que a aprendizagem seja o elemento garantidor de status social e não a sua negação. Fica a dica! ((•)) Ouça este post

domingo, 16 de agosto de 2015

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RECUPERAR O SENTIDO DO EDUCAR É RECONSTRUIR-SE!

quebra_cabeçaO homem se emancipa a partir do momento em que pergunta. A pergunta se expressa através da palavra, na palavra o sentido, no sentido, a existência. Destarte, a pergunta tem aparecido no contexto social em diferentes localizações. Aqui o que se discute é a pretensão de retomar as perguntas fundamentais como base para recuperar o sentido da existência humana.

Pode parecer óbvio, mas não é: Quem sou eu? De onde vim? Para onde vou? – são questionamentos que acendem no interior de cada indivíduo a dúvida. A dúvida, desacomoda.

É certo que, os primeiros filósofos apontaram essas questões como princípios de mudança de paradigma. Era necessário transcender as respostas oferecidas pelos mitos. O mito, não apenas era uma explicação, mas uma presunção ideológica. Então, acomodar-se diante do oferecido pelo mito, era tido como aceitar a função ideológica do mesmo. Essas questões não apenas faziam parte da pauta dos primeiros filósofos. Diga-se de passagem que essa preocupação se estendeu até o Século XVII, quando através do Racionalismo cartesiano e o Empirismo britânico o que passou a importar não é mais “o que é?” (essência), mas “como?” (método), uma vez que o importante não era saber o que é a verdade, mas como entrá-la.

É correto afirmar que a abordagem moderna possibilitou muitos avanços em todas as áreas do conhecimento; no entanto, podemos sublinhar duas questões sobre as quais necessitamos pensar: o método como imperativo da fragmentação do saber complexo e, decorrente disso, a primazia do pensamento instrumental.

Em primeiro, a metodologia da pesquisa no âmbito da modernidade, se constitui como a investigação das partes, negando o sentido da totalidade e da complexidade do homem em sua dinâmica de existência complexa. O saber complexo dá lugar ao saber especialista. Em segundo, se não bastasse o fragmento, o mesmo necessita de um especialista capaz de gerenciá-lo com habilidades metodológicas instrumentais.

Qual é o impacto desse pensar para a educação? O ensino e a aprendizagem passaram a ser constituídos por especialidades. O professor, especialista em seu saber, técnico em suas operações metodológicas – ingênuo diante do todo. A escola, o trabalho docente e a aprendizagem se tornaram produtos. O homem se tornou parte do todo, e essa constituição foi para a escola, fábrica, hospital, lazer, religião...

O desafio é construir uma escola que recupere o sentido do complexo, o sentido original da pergunta pela complexidade da vida. O desafio é compreender que o todo não é formado de partes, mas que cada parte é formada pelo todo e que, nunca houve fragmentação, fomos nós que a criamos. Assim, recuperar o sentido do complexo na educação é reconstruir-se antropologicamente, garantindo que a vida seja vivida em sua plenitude.

Sugiro como reflexão, o documentário abaixo:

QUANDO SINTO QUE JÁ SEI!

((•)) Ouça este post

segunda-feira, 3 de agosto de 2015

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SEMEIE CRISES, COLHA OPORTUNIDADES!

motivacao-no-trabalho-em-plena-criseEm tempos bicudos como o nosso, a palavra que parece mais ser ouvida em todos os recantos de nossas vivendas é “Crise”. Não é só uma palavra, é um conceito, contexto ou ainda, uma representação de muitas perguntas sem respostas. Mas todo dia, ela se repete, não apenas no conceitual e, oxalá o fosse; mas também no vivencial. O que muitas pessoas não gostam, é lembrar que ela existe. Lembrar significar trazer de volta à vida, existir de novo.

É o movimento: lembrar faz existir, desacomoda. Lembrar dói, faz pensar novamente. Lembrar do problema é buscar soluções para o problema. Lembrar da crise é buscar alternativas para a mesma.

Uma coisa é certa: a crise que estamos vivendo não apenas representa o abismo que existe entre pobres e ricos, mas entre governos e povo. Se de fato a ganância econômica é avassaladora em todos os seus sentidos, a corrupção política é a ferida aberta que não quer sarar. Ainda, não bastasse a espoliação duradoura da escravidão servil do trabalhador em relação ao trabalho explorado, ainda nos resta conviver com a servidão ideológica governamental. É inaceitável a proposição de governos que trabalham pensando em diminuir dívidas sem pensar em aumentar investimentos. Para esses, só resta a crise, o fim, o desespero para lugar algum.

De outro modo, onde há crise, há oportunidades. É nos momentos de conflitos econômicos, políticos e sociais que encontramos as melhores mudanças e, geralmente, criativas. É o movimento filosófico da linguagem criativa: não é da necessidade que surge a oportunidade, mas da solução necessária da necessidade.

E agora é o momento: a crise está semeada, resta perceber a oportunidade!

Se o momento é de mudança, a oportunidade é mudar! Basta perceber que a mudança está na ampliação do trabalho criativo, livre, sem mordaças culturais, preconceitos e cartesianismos.

Quanto as oportunidades de governo, as políticas de Estado precisam ampliar e fortalecer a classe média, empoderando àqueles que ainda não tem poder de compra. Como fazer isso? Ampliar a oferta de emprego, criando a necessidade de consumir sustentavelmente iniciativas criativas, saudáveis, desejáveis à todas as classes sociais. E os que estão excessivamente ricos? Estes precisam compreender que a ganância tem limite e que, o limite da riqueza e do poder se dá no distanciamento atual entre pobres e ricos. Um dia a miséria cansa e a riqueza chegará ao seu fim. Então, a solução está em criar oportunidades de investimentos democráticos, compartilhados, oferecendo soluções para todos, independente da classe social à que pertençam.

Assim, semear crise representa sim, colher oportunidades. A distância oferece o limite, enquanto a proximidade oferece a troca. É na troca entre pobres e ricos que se constitui a classe protagonista da mudança: a classe média. Quem sabe, o empoderamento desta não represente o fim da pobreza? Quem sabe, a percepção de que o fetiche pela riqueza seja apenas o início da decadência burguesa? Enfim...

Portanto, é hora de semear crises…não perpétuas, nem duradouras, mas transitórias; para que possamos compreender que entre o plantio e a colheita existe o período de maturação da semente. É hora de semear crises para colher oportunidades! ((•)) Ouça este post