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quinta-feira, 28 de abril de 2016

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O SABER CURRICULAR, O CONHECIMENTO ESCOLAR E O DISCURSO PEDAGÓGICO: ELEMENTOS DA MEDIAÇÃO PEDAGÓGICA

mediaçãoEntre os desafios que se apresentam à escola, à formação inicial e continuada de professores na contemporaneidade, está o processo de mediação pedagógica, compreendida no âmbito do saber curricular, do conhecimento escolar e do discurso pedagógico.
A mediação pedagógica compreendida na transição do pensamento pedagógico moderno para a construção da Neomodernidade, assume que a organização curricular se dá em uma relação dialógica, mediada pela interlocução dos sujeitos envolvidos no processo de ensino-aprendizagem. Neste sentido, a abordagem do saber curricular e do conhecimento escolar aparecem como elementos discursivos na práxis docente.
O saber curricular é compreendido como o conjunto de conteúdos que norteiam as orientações didáticas da construção de competências e habilidades, acordados com o nível de desenvolvimento cognitivo e psicossocial dos alunos. As competências e habilidades contidas no conhecimento escolar, orientam-se na dinâmica da transposição didática que, mesmo que não conste como saber curricular, considera o sujeito como construtor de si e do mundo historicamente e dialeticamente imbricado no processo.
O conhecimento escolar se dá na abordagem interdisciplinar e na transversalidade do saber curricular com os elementos de produção e reprodução da cultura. Norteado por esse atravessamento, o conhecimento escolar atende aos fins pedagógicos à que se propõe a escola. Não se pode ignorar que, a escola, nessa relação de saber curricular e conhecimento escolar, se não atentar aos princípios praxiológicos da ação dialética docente, acaba em servir de aparelho ideológico do Estado.
O discurso pedagógico como criação cultural no existir da escola, tem seus fundamentos em um saber transposto da formação docente para o currículo, bem como, a orientação pedagógica legal presente nos documentos e teorias em educação. Outrossim, é importante ressaltar o papel social e a identidade política daquele que o produz: o professor.
Sob diferentes perspectivas, tanto o saber curricular, como o conhecimento escolar são abordados, se consideradas as diferentes vertentes pedagógicas da formação docente. Assim, a identidade política bem como o papel social do professor integram a mediação pedagógica, orientada à produção ou reprodução da cultura escolar.
Contudo, a mediação pedagógica integra saberes construídos de forma colaborativa, envolvendo sujeitos que significam e resinificam o saber curricular com relação à dinâmica política e pedagógica da escola e de seus agentes. Assim, a mediação é o lócus onde se inserem as premissas formativas e discursivas que deslocam um currículo de saberes científicos traduzidos pedagogicamente para a constituição dos sujeitos como agentes de transformação de si e do mundo.
De outra forma, a mediação pedagógica aparece como um desafio no processo de formação continuada de docentes. Nesse espaço, há o conflito filosófico e pedagógico dos saberes que constituem os elementos profissionais, as competências pedagógicas, a constituição política da docência. É também, na formação continuada que se refletem hermeneuticamente o saber curricular, o conhecimento escolar e os discursos pedagógicos. A partir dessas discussões, são elaboradas as compreensões da mediação pedagógica no âmago do trabalho docente.
Portanto, entender a organização curricular, bem como a organização do conhecimento escolar, remete à mediar pedagogicamente os processos de produção e reprodução cultural inseridos na escola, compreendida aqui como desafios da educação na contemporaneidade, seja na escola ou na formação inicial e continuada de professores.







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quinta-feira, 31 de março de 2016

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O PAPEL DA FILOSOFIA NA UNIVERSIDADE

 

escola de atenasO questionamento e a curiosidade são atributos humanos que proporcionam a reflexão. A universidade é, por excelência, o espaço da reflexão. O início do pensar filosoficamente se encontra no desacordo, não apenas com os outros, suas ideias, posicionamentos, mas também com o questionamento de si.

Ainda que se diga que a universidade nas configurações atuais está voltada à formação profissional, esse espaço é carente de belas e boas reflexões filosóficas. As ideias filosóficas são influenciadas pelo contexto social e cultural daquele que reflete e/ou da instituição que reflete. Os filósofos, assim como o público universitário, têm personalidades distintas. Acima de tudo, os pensadores têm o papel de estimular a dúvida metódica.

Nesse sentido é que se encontra o papel da Filosofia na Universidade: no estímulo ao pensamento crítico. Todo e qualquer componente dos Cursos de Ensino Superior é um espaço de construção de saber e de conhecimento e, isto só é possível graças às grandes questões que vão sendo colocadas e construídas em cada ciência.

Por mais breve que a formação profissional e acadêmica acaba sendo em virtude da mercantilização do saber, a principal implicância de todos os homens, ainda hoje, é a possibilidade do conhecimento. Destarte, não de qualquer conhecimento, mas sim, daquele que mobiliza pessoas e melhora a vida da sociedade.

É na universidade que os indivíduos se tornam sujeitos de seus próprios pensamentos, tornando-se autônomos em sua prática profissional. A revolução na vida do acadêmico acontece de maneira suave outras vezes, mais ríspidas. Importante é que os indivíduos sejam livres para pensar e agir; ou seja, sejam soberanos sobre suas próprias ações.

A Universidade também é espaço constituído do transcendente. É nela que a experiência humana vai além do mundo sensível. Nela estão incubados valores universais de influência duradoura, como a transmissão do saber historicamente acumulado, do necessário à ser investigado e do socialmente válido, a ser expandido,.

Assim, diante dos processos reflexivos e dos não-reflexivos, a filosofia aparece como a ciência que questiona a imobilidade, tanto dos saberes, quando do docente, discente, etc. Para fins de reflexão, a Filosofia na universidade possibilita o desenvolvimento do raciocínio lógico, o saber e reflexão histórica, bem como o discurso argumentativo.

Assim, o papel da Filosofia se impõe em uma universidade que seja um lugar de reflexão sob o que foi posto como sendo conhecimento prático e teórico. Ela colabora no sentido de desmascarar o discurso da manipulação, do adestramento e do absoluto, fazendo com que a verdade seja gestada na concretude e na lucidez do argumento.

A Filosofia na Universidade também se contrapõe ao pensamento instrumental, fragmentado, da competência especializada. Assume a busca de uma visão totalizante e não totalizadora, onde o combate à falsas crenças, a produção do sentimento de inferioridade e da imposição da normalidade não se justifiquem.

Concluindo, o papel da Filosofia é resgatar o humano, o plural, o sentido e a direção da diversidade. ((•)) Ouça este post

quinta-feira, 3 de março de 2016

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A NECESSIDADE DE PROJETOS NA ESCOLA “ENSINAR É ESCOLHER”

Para o professor, ensinar não é uma tarefa fácil. Precisa escolher como ensinar. Ensinar é escolher. Escolher é tomar decisões. Algumas perguntas que são sempre importantes: Como vamos nos apresentar em sala de aula? Que conteúdos apresentar? Que material utilizar? Que ritmo seguir? Que atividades propor? Como avaliar tanto nossa atividade docente quanto o estudante? Existem muitas opções. Nenhuma delas é neutra, pois todas elas carregam em si a necessidade de representarem modelos educativos. Dependendo do tipo de aprendizagem que queremos, assim também nossos estudantes irão corresponder.

Confused Way Of A BusinessmanA prática educativa, na maioria das escolas, está dominada pelo fator tradição, ou seja, através de atividades transmissivas. A cultura dominante está presente na metodologia de ensino direto, ou seja, na transmissão direta de conteúdos. A cultura dominante, ou seja, a tradição da transmissão direta de conteúdos e saberes se dá através da apresentação, da prática e da prova. Esses três passos representam o aspecto tradicional da educação. Para melhor compreender, é necessário atentar para a apresentação do conteúdo à toda classe, logo o estudante pratica orientado pelo professor através de atividades orientadas e, finalmente, os estudantes se submetem à uma prova onde os mesmos devem reproduzir os conteúdos apresentados anteriormente pelo professor.

O efeito direto da transmissão de conhecimentos está em que produz uma aprendizagem memorística, que tem como característica a curta duração, reprodutivo e acrítica. Ainda, as contribuições do ensino para o desenvolvimento de competências pacificadoras é evidente.

Por último, a transmissão de conhecimentos pelo viés da aprendizagem por memorização não facilita a inclusão, e dificulta a promoção à diversidade, provocando problemas motivacionais e atitudinais em aula. Em resumo, o excesso de transmissão de conteúdos diretos, produz efeitos prejudiciais à saúde da aprendizagem.

Sem dúvida, entre muitas práticas docentes, encontramos maneiras distintas de efetivação da aprendizagem. Há assim, variadas maneiras de ensinar. Classifica-se como necessária a proposição de maneiras alternativas de ensinar. Ensinar por projetos é uma delas, na qual, o professor propõe aos estudantes uma pergunta (problema para pesquisa) o qual, o estudantes precisam resolver. A partir dessa metodologia, é necessário escolher entre o ensino tradicional (transmissão direta de conteúdos) e o ensino por projetos (ensino ativo). Na primeira, como já se disse, o aprendizado ocorre por memorização; enquanto que, na segunda, através de tarefas e projetos se aprende a fazer.

A pedagogia de projetos promovem ações como buscar, escolher/analisar, discutir, aplicar, errar, corrigir e simular. A metodologia de projetos para aprendizagem nos mostra assim, que aprender significa conjugar o verbo “fazer”.

A aprendizagem por projetos se demonstra assim, como aprendizagem ativa. A mesma está baseada na seguinte metodologia: aprender por projetos, tarefas, problemas, descoberta, desafios. Ademais dos conceitos, esta proposta marca três fases distintas da transmissão direta de conteúdos e saberes:

1) O conhecimento é o resultado de um processo de trabalho compartilhado: onde o docente elabora perguntas, propondo investigações. Dessas investigações são produzidas conclusões de onde se percebe um produto final tangível e de aprendizagem.

2) O papel do estudante está relacionado com processos de cognitivos de categorias superiores: conhecimento de problemas, compreensão e interpretação de dados, tratamento de informações ou revisão crítica são algumas etapas do processo cognitivo das categorias superiores.

3) A função principal do professor é criar situações de aprendizagem que permitem o desenvolvimento do projeto: para o desenvolvimento dessa proposta, implica uma série de adaptações no fazer pedagógico.

Obviamente, para buscar as premissas acima apresentadas, sugere-se manter um nível de qualidade, descritos como critérios de qualidade de um projeto de aprendizagem. Esses critérios vão definir a eficácia da proposta de um projeto de aprendizagem. A National Academy Foundation & Pearson Foundation, estabelecem seis critérios de qualidade em um projeto de aprendizagem:

1) Autenticidade;

2) Conexão com adultos;

3) Exploração ativa;

4) Aprendizagem aplicada;

5) Rigor acadêmico;

6) Práticas de avaliação de qualidade.

Mais recentemente, são propostos oito elementos para a elaboração de um bom projeto:

1) Finalidade e relevância na perspectiva da aprendizagem do estudante;

2) Tempo para aprender e trabalhar;

3) Complexidade e integração curricular;

4) Intensidade e dedicação ao projeto;

5) Conexão presencial e através da rede;

6) Acesso à uma ampla variedade de materiais;

7) Capacidade de ser compartilhado e sentido;

8) Novidade e originalidade.

Concluindo, diversas experiências em projetos de aprendizagem nos têm permitido gerar um cenário da valorização de projetos, considerando a preparação do projeto, sua análise, avaliação, revisão e divulgação.

Enfim, podemos dizer hoje que há diferentes maneiras de aprender: aprender a ser, aprender a se informar; realizar aprendizagem com significado. Todas essas formas estão compartilhadas com outras maneiras de aprender que estão em expansão. Para finalizar, afirmar novamente que há várias e diferentes maneiras de aprender. ((•)) Ouça este post