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sábado, 28 de novembro de 2020

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ONDE MATRICULAR SEU FILHO (A)?


Tempo atrás, essa pergunta não fazia tanto sentido quanto nos dias atuais. Matricular a criança, o adolescente o jovem em uma escola, é muito mais do que pensar a frequência escolar. Tempos idos, a grande maioria dos pais matricularam seus filhos na escola mais próxima de sua casa, ou mesmo, aqueles que tinham melhores condições financeiras, apostavam em uma escola particular. No entanto, essa realidade mudou. mudou porque a formação de pessoas é um dos elementos mais importantes para a vida em sociedade. Essa mudança, reflexo da necessidade das novas configurações sociais, impôs às famílias tomar a decisão certa na hora de matricular seu filho (a). Portanto, fica a pergunta: Onde matricular? 

Para discorrer sobre essa pergunta, podemos recorrer à filosofia de Martin Heidegger (1889-1976). O filósofo diz, utilizando o termo “Dasein” - rapidamente traduzido por “Ser-ai”, que somos seres concretos, envolvidos no mundo, moldados por diferentes situações do mundo, mas que também ao moldar-se pelo mundo, o moldamos. Assim, seguindo o entendimento do filósofo, não somos pré-determinados, prontos ou acabados em nossa condição existencial. Todo o processo humano de educação é  sempre de construção inacabada. 


Portanto, Heidegger nos lembra que, ao sermos projetos no mundo, é sobre ele que devemos lançar a nossa existência e, mesmo que finita, ela precisa ser significativa. Não se trata de existir enquanto ente, mas de refletir sobre o que fazemos com nossa existência e como orientamos o significado da existência das crianças, adolescentes e jovens sobre os quais somos responsáveis. Nesse sentido, em se tratando da educação como virtude, a melhor orientação é a ética, pois responde à pergunta “Como devo agir?” 


Considerando as palavras de Heidegger e as diferentes propostas educativas escolares, onde pode-se citar educação corporativa, educação competitiva e educação cooperativa, entre outras, cabe aos pais/ responsáveis avaliarem sobre os critérios éticos da formação integral, em qual dessas propostas deseja buscar a formação dos seus filhos. 


Claramente, visualiza-se outras variáveis que estão presentes no processo de matrícula escolar. Existe a tradição, os benefícios econômicos, logística, amigos, professores, religião, etc. Assim, considerando a dinâmica escolar e os desafios do contexto humano, científico e social, é preciso conhecer o projeto político-pedagógico da escola. É ele que materializa as diretrizes educativas que estão alinhadas as Diretrizes Curriculares Nacionais, bem como a toda estrutura legal que orienta a educação escolar no Brasil.   


Por fim, cabe ainda refletir sobre os valores fundamentais do processo educativo. Independente do sistema e da convergência do mesmo. Matricular é um ato de responsabilidade que implica maturidade moral. Não se pode tratar a educação de uma pessoa como um processo de tentativa de acerto e erro. E essa maturidade moral só pode ser alcançada através do conhecimento das propostas educativas em um constante diálogo com a escola. 


Por fim, escolha matricular a partir de um sentimento de pertencimento à uma causa nobre: seus filhos! Eles são a sua melhor herança. É através deles, que você irá se eternizar. Eles são a sua melhor aposta! É neles que, mesmo um dia, deixando de existir, você irá continuar sua trajetória! Portanto, é preciso fazer o melhor por eles, não apenas o possível! Matricule seu filho na melhor proposta educativa! É chegado o momento de amarmos nossos filhos a ponto de nos comprometermos com eles! Amém. 

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sábado, 21 de novembro de 2020

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NINGUÉM NASCE RACISTA, TORNA-SE!


Contra fatos, não há argumentos; mas são possíveis algumas reflexões.  

Acompanhamos de perto, dia após dia, cenas de crueldade humana ou da falta dela, que perpassam as mais diferentes estruturas da sociedade brasileira. Destaque para a questão do racismo, da desigualdade social, da opressão e exploração sobre os mais pobres, intolerância religiosa, corrupção na política, ineficiência do poder judiciário, violência doméstica, agressão contra a infância, violência contra os idosos, e outras formas que ameaçam a vida na sua integridade. 


No dia 6 de junho do corrente ano, publiquei neste blog, uma reflexão que tratava do assassinato do americano George Floyd (http://rudineiaugusti.blogspot.com/2020/06/por-favor-nao-consigo-respirar-george.html). Recordamos que, em seu último instante de vida, ele suplicou por respirar. O ocorrido com João Alberto Silveira de Freitas, em Porto Alegre/RS, um dia antes do dia da Consciência Negra – 20.11.2020, não foi diferente. Infelizmente, a súplica foi recorrente. 


Diante de tantas situações apontadas e das incansáveis súplicas que emergem das mais diferentes vozes,  cabe-nos perguntar: Qual é o papel da educação na formação de pessoas, visualizando uma cultura de paz? Para responder essa pergunta, penso que é necessário convertermos a visão ingênua de sociedade em uma visão crítica, transformadora.  


Os fatos estão aí, espalhados por toda a parte, para nos mostrar que precisamos ressignificar o papel educativo das instituições sociais. De fato, tudo o que vem acontecendo, vem sendo somado às angústias históricas, em um país que clama por mudança desde a sua existência.  


Percebemos que, por todos os cantos da sociedade, pessoas clamam por mudança. O espaço educativo, em especial, a família e a escola, são por excelência, o lócus de tal anseio. É na família e na escola que se direcionam construções subjetivas dos valores e práticas que vão construindo a identidade do sujeito, sua ação moral e valores éticos que o orientam para o resto de sua vida. 


Portanto, todas as mazelas sociais que contemporaneamente existem, são construções humanas, culturais históricas. Ninguém nasce racista, torna-se! Ninguém nasce pré-determinado à uma condição social, seja ela de paz ou de violência. Somos, portanto, construção de uma rede de relacionamentos, de convivência, de reflexão. a forma como agimos será orientada por essa construção educativa. 


Diante dos fatos ocorridos, em especial, sobre a brutalidade do uso da força e do que esta significa para nossa análise, cabe reforçar a importância de um projeto urgente de mudança educativa. Educar, nessa nova proposta, vai além da profissionalização, atinge também a essência do ser humano, a formação de sua consciência, dos seus valores e princípios. Todo o resto, será consequência desses princípios. 


Tudo que está em nossa consciência, se torna projeto. É através de sua liberdade, que o homem se projeta sobre o mundo. É no mundo o que o homem pronuncia, anuncia e denuncia. É na liberdade que o homem projeta sua ação. Ser livre implica, necessariamente, em colocar-se no lugar do outro, considerando que, ao pensar como agiria estando em seu lugar, também revelaria os princípios que o sustentam. 


Entendo, por fim, que todas nossas ações são orientadas por concepções educativas - considerando a educação como um fenômeno voltada essencialmente para a formação do ser humano- e que as mesmas transitam para a liberdade de ação sobre a qual somos eternamente responsáveis. 

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sábado, 14 de novembro de 2020

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12 DE NOVEMBRO: DIA DO DIRETOR ESCOLAR – DA DIREÇÃO À GESTÃO ESCOLAR!


No dia 12 de novembro comemoramos o dia do diretor escolar. A reflexão de hoje, vai em direção aí esse papel fundamental para as escolas e para a sociedade.  

“Diretor” - Essa palavra, com certeza, fez parte do consciente imaginário do medo de muitas crianças, adolescentes e jovens no passado. A escola tradicional mantinha em seu interior relações hierárquicas muito fortes. Relações de autoritarismo perfaziam a gestão escolar, mas em específico, o papel e a figura do diretor. Com o passar do tempo e as mudanças da sociedade, essas relações foram sendo alteradas, ou melhor, ressignificadas. 


Da autoridade do poder, para a autoridade do saber - essa foi a grande mudança! constituir-se diretor de escola nos tempos atuais, é ser conhecedor do processo de gestão escolar. E, saber que se é gestor escolar, deve também ser conhecedor e coerente com a gestão educacional. Nesse sentido, ser gestor escolar é criar elos de diálogo entre a comunidade, os pais, estudantes, professores, com a gestão educacional. A gestão educacional é o campo do planejamento, das diretrizes, das normas, leis e projetos que vão de encontro à um projeto educacional democrático é cidadão. 


Para tanto, apresento três situações de liderança, as quais acredito serem fundamentais no papel do gestor escolar: personalidade, motivação e habilidades. 


Quanto a personalidade, destacam-se como valores do gestor escolar a autoconfiança, a tolerância, a maturidade emocional, a coerência entre valores e ações, a desinibição, a comunicação e a articulação com os diferentes segmentos da sociedade. Observando esses traços de personalidade, o destaque está para o conhecimento de si e o autocontrole, pois favorecem a boa gestão e a cultura organizacional que orienta o processo decisório compartilhado, bem como a sadia gestão de pessoas da instituição. observamos que em algumas instituições, encontramos gestores muito eficientes na organização burocrática nas atividades e que, no entanto, não são tão eficientes no trato com as pessoas. 


Quanto à motivação, é importante observar que a ação do gestor será orientada por suas crenças com foco no desempenho. A motivação para o trabalho se dá no sentido de suas concepções sobre gestão. Uma vez que a liderança é orientada por uma concepção tradicional de educação, essa mesma concepção servirá para motivar o gestor. Um gestor motivado, sábio em sua concepção educativa, motiva outros a seguirem suas concepções. Há gestores que além de não serem orientados por nenhum tipo de concepção educativa, ainda desmotivam professores que as têm. Dessa forma, o núcleo comum da escola que é a cultura organizacional e o currículo, ficam fragmentados, impedindo a aprendizagem dos alunos e o bom funcionamento da escola. 


Em terceiro lugar, as habilidades do gestor. Habilidades são estratégias interpessoais de relacionamento e, cognitivas de aprendizagem. É possível desenvolver as habilidades sem com isso deixar de lado as outras dimensões. Estratégias interpessoais de relacionamento se referem, a saber, compartilhar a gestão sem deixar de ser gestor. 


Para tanto, sempre é bom lembrar que um bom líder é aquele que promove novos líderes, englobando os aspectos pedagógicos, os princípios e valores da escola.  


Por último, cabe dizer que a postura do gestor de uma escola em tempos de mudança, é incentivar a criatividade, o empreendedorismo, a tomada de decisão e, na medida do possível, um espírito reativo e uma postura pró ativa do grupo de professores. Concluo afirmando que, emponderar as pessoas, também é empoderar-se!  


Concluo afirmando que, emponderar as pessoas, também é empoderar-se!  

 

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sábado, 7 de novembro de 2020

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PRAZER! EU SOU O DESCONHECIDO!

É isso mesmo! Em 2020, quem não viveu alguma situação em que sentiu desconfortável diante do desconhecido? Quem não viveu uma situação não planejada? Quem não fez uma aprendizagem que nunca imaginava que um dia iria fazer? Se você respondeu sim à essas perguntas, e outras que vieram a sua mente, enquanto lia as mesmas, você provavelmente se deparou com o desconhecido. 

Você deve lembrar que quando criança, a orientação de seus pais possivelmente era “não aceite nada de um desconhecido”. Parece que as coisas mudaram! Por trás desse pensamento, está a condição da resistência em permanecer sempre como se está. Tínhamos dificuldades em lidar com o desconhecido e, a primeira atitude era resistir. Resistência não é sinônimo de prudência. Ser prudente implica em agir a partir do saber, do conhecimento e, portanto, é buscar conhecer o desconhecido, para depois perceber se ele é bom ou mau ( ética), certo ou errado (leis morais), se faz bem ou mal.

Percebemos que o desconhecido invadiu a nossa vida, nossas casas, nosso trabalho, nossos relacionamentos familiares, enfim, se tornou uma atmosfera de nossa convivência.  
Em nossas casas, o desconhecido está na imprevisibilidade da convivência, da gestão da economia familiar, dos investimentos e, sobretudo, na incerteza do planejamento para o dia de amanhã. 

Nas relações familiares, o desconhecido também está presente. Não se trata apenas das  mudança de comportamento, de atitude, ou de propósito no conviver familiar. Se trata, porém, de ressignificar constantemente as relações do casal, dos filhos, e de todos que compõem o grupo familiar. Nesse processo de ressignificação, onde também o desconhecido está presente, se faz necessário maturidade para respeitar o desenvolvimento, as angústias, as alegrias, e os sonhos de cada um. 

Na condição do trabalho, o desconhecido é o imprevisível de cada dia. Considerando a instabilidade econômica do país, bem como os altos índices de desemprego, o aumento constante do custo financeiro de vida, percebe-se que há nitidamente um tensionamento sobre a relação do trabalho com a qualidade de vida, como um todo. Esse tensionamento não está somente no trabalho como condição de emprego, mas das novas frentes, estilos e perfis de trabalhador. Exige-se do novo trabalhador, maior flexibilidade, maturidade, conhecimento, equilíbrio emocional e assertividade comunicativa.

Diante do desconhecido, podemos estabelecer estratégias de enfrentamento a partir de percepções que temos do mesmo. Um exemplo, está sendo os novos modelos de ensino e aprendizagem que estão sendo implantados nas escolas e universidades. Nesses espaços, o desconhecido trouxe ao campo da reflexão uma perspectiva de futuro diferente do que tínhamos: o Ensino Híbrido. 

De outra forma, em algumas esferas da sociedade, percebemos que o desconhecido visto, muitas vezes como ameaçador. No entanto, cabe refletir se essa postura diante do desconhecido é típica de nosso tempo ou se ela sempre existiu. Veremos que, o desconhecido sempre fez parte da vida humana, desde os tempos mais remotos até nossos diasVeremos também, que diante dele os homens sempre buscaram estratégias para da melhor forma,  viverem o seu tempo.

Viver o seu tempo! - Essa é a melhor estratégia diante do desconhecido. Não antecipar sofrimentos, angústias, dores, que ainda nem sequer existem. Ser prudente com o presente, planejando prudentemente o futuro. Sempre encarar o desconhecido como uma oportunidade de ampliar os saberes e melhorar enquanto ser humano. Se você é professor, aproveite o desconhecido para descobrir novas formas de ensinar e aprender. Se você é empresário, aproveite o desconhecido para empreender novos negócios. Se você tem filhos, aproveite o desconhecido para estabelecer um diálogo sobre as novas possibilidades de ser feliz. Se você é político, crie novas formas de fazer política. Se você vive sua espiritualidade, aproveite o desconhecido para buscar novas formas de espiritualidade. Afinal, onde há o desconhecido, sempre há a possibilidade do novo, e onde há o novo, sempre há novas possibilidades de reinventar-se! 

E aí? está preparado para o desconhecido? 
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