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sábado, 27 de junho de 2020

sábado, 20 de junho de 2020

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AVALIAR A PARTIR COMPETÊNCIAS, HABILIDADES E ATITUDES

Todos os dias você é convidado a tomar decisões. Não tem fuga! Tens que dizer sim, ou não! Tudo que envolve projeto, envolve decisão! Portanto, sobre tudo que tens que decidir, precisa avaliar. Para avaliar bem, é necessário maturidade. Avaliar com maturidade, significa conduzir com maturidade. Estar maduro, não significa estar pronto, mas em constante processo de construção. Avaliar com maturidade, portanto, é construir-se. Para construir-se, é necessário desconstruir-se. Portanto, avaliar é decidir com maturidade sobre aquilo que se quer construir, assumindo com responsabilidade as desconstruções decorrentes do processo. Sim, é processo, é meio. Todo meio, objetiva uma finalidade.

Avaliar com maturidade, assumindo responsabilidades, objetivando uma finalidade, é resultado de muito discernimento. Para discernir em um mundo de possibilidades, é importante considerar quais são as competências, habilidades e as atitudes.

A Competência é a nossa substância, é o conhecimento e os saberes que nos preenchem. o conhecimento é essencial em qualquer situação da vida humana. Quanto mais conhecemos, mais nos tornamos competentes naquilo que fazemos. Quanto mais conhecimento, mais profunda é a experiência humana de existir. Portanto, avaliar as competências é tirar de dentro o essencial. Sócrates, filósofo antigo, sugere o diálogo crítico como método para avaliar o quão é competente alguém.

As habilidades são inerentes à nossa capacidade de colocar em prática o conhecimento que nos constitui. Portanto, sobre as habilidades está a nossa condição ética do agir humano. É sobre como empreendemos as nossas competências. Assim, o desafio é avaliar as habilidades através de Projetos Autorais, onde o sujeito é o protagonista, por meio de trabalhos e tarefas onde demonstra o quanto é competente para tal. Mais importante nas habilidades, é a pessoa ser sujeito da própria existência.

Na dimensão da avaliação atitudinal, constitui-se um campo conflituoso de como as pessoas lidam com suas competências e suas habilidades, que se convergem para atitudes. O que se observa é que, quanto mais competente e autor de sua existência for a pessoa, melhor será sua atitude. Portanto, a dimensão atitudinal não é inata ao ser humano. Nossas atitudes não nascem conosco, são construídas pelo processo cultural das competências (saberes) e das habilidades (capacidade de projetar-se sobre/no mundo). Por ser cultural, as atitudes podem ser avaliadas considerando a presença, a participação e a colaboração de uma pessoa em um processo. Estar presente, significa ser presente. É presentear alguém com aquilo que tem de melhor. Nesse sentido, segue a participação como elo entre o indivíduo e a ação que está sendo desenvolvida pelo grupo ou instituição. O ponto alto, na dimensão da atitude é a colaboração. Colaborar é reelaborar um novo conceito, ideia, projeto, proposta. Assim, a atitude da colaboração envolve abertura, maturidade, enfrentamento.

Portanto, avaliar competências, habilidades e atitudes, é tomar a decisão certa! Cabe a responsabilidade sobre a mediação. Falta ainda dizer que, os mesmos apontamentos sobre o que avaliar, também servem para aquele que avalia. Preciso ser competente, responsável sobre minha autoria dos trabalhos e tarefas que desenvolvo e, por último, ter atitude coerente com o que quero avaliar. Preciso ser presença, partícipe e colaborador (a)! Não tem fuga!

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sábado, 13 de junho de 2020

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EDUCAÇÃO À DISTÂNCIA OU AULAS ONLINE?


Por um motivo maior, as aulas foram canceladas. Sim! Uma boa aula, uma Escola presença, uma educação crítica e de qualidade, sempre foram um espaço ameaçador, perigoso, que desacomoda, faz viver! Mas dessa vez, o motivo do cancelamento foi a Pandemia COVID-19. Entre diferentes arranjos pedagógicos que foram utilizados para a continuidade das aulas estão as aulas online. Gostaria de, nesse texto, oferecer algumas reflexões sobre a diferença entre a tradicional Educação à Distância (EAD) e as Aulas Online. Veremos, portanto, que a principal característica é a saída de um modelo estático, para uma proposta dinâmica.

No tradicional EAD, a interação pedagógica ocorre por meio da relação do aluno com o conteúdo disponibilizado. O aluno acessa um ambiente de aprendizagem (portal institucional), onde são disponibilizados os conteúdos, recolhidos os trabalhos realizados e, os testes são corrigidos automaticamente por sistemas programados. Os conteúdos são constituídos, basicamente por instruções, com formato e linguagem específicos para cada área do conhecimento. Assim, o conhecimento é acabado, completo, intocável, que precisa ser apenas memorizado e assimilado, quando não repetido pelo aluno.
A aprendizagem, nesse modelo, ocorre através da autoaprendizagem, do autoestudo, em isolamento. É um modelo que requer a autodisciplina, pois os processos formativos estão baseados no próprio ritmo do estudante e seu lugar de estudo. Há a produção de um questionário avaliativo, que tem a pretensão de ser um estudo dirigido, ou seja, serve como incentivo ao estudo dos conteúdos e apoio da auto avaliação.
A Avaliação é realizada de forma virtual e presencial. A virtual, ocorre por meio do portal do aluno, onde o mesmo acessa suas disciplinas e responde questionários. A avaliação presencial é uma obrigatoriedade do EAD, pelo Decreto 5.622/2005 e 9.057/2017. A mesma é realizada através de uma prova presencial.
Quanto ao acompanhamento, tradicionalmente o EAD tem a tutoria reativa, ou seja, um tutor disponível para tirar dúvidas e, muitas vezes, fazer a interlocução entre o aluno e o professor.

Já nas Aulas Online, a interação pedagógica ocorre através de conversação e interatividade. Além da fala do professor em tempo real, há a conversação em grupo ou em particular, conversas síncronas e assíncronas, formais e informais. Dessa forma, os processos formativos são baseados na interação, favorecendo a socialização, participação, o compartilhamento, negociação, seja dos saberes ou das emoções. Por isso, as aulas online favorecem o entendimento do conhecimento em construção, que está sempre sendo ressignificado com autoria e co-criação.
Como dito, não é estático, uma vez que, a mediação professor-aluno-conteúdo acontece através de uma dinâmica colaborativa e compartilhada, oferece a possibilidade de criar novas estratégias de ensino e aprendizagem. As estratégias de ensino-aprendizagem, uma vez colaborativas e compartilhadas, se utilizam de conteúdos online em seus múltiplos formatos e diversas linguagens.
O ambiente de aprendizagem também não é estático. Ocorre por meio de ambiências computacionais diversas, como mídias e redes sociais, sistemas de conversação, autoria colaborativa, aplicativos, fóruns, etc., sem nunca perder a mediação docente ativa.
A Avaliação (que pretendo discorrer mais em outro momento), é baseada em Conhecimentos, Habilidades e Atitudes. Nas aulas online, o Conhecimento (competência) é avaliado através de lista de exercícios, questionários, testes online, etc. Já as Habilidades dão ênfase a autoria, ou seja, através de atividades autorais, trabalhos e tarefas em que o aluno se coloca como autor, tendo disponível na internet um mundo de possibilidades para interação. E, por último, quem sabe o mais importante, as Atitudes. Estas não podem ser entendidas como disciplinares, mas de Presença significativa, Participação e Colaboração.

Assim, fica aberta aqui, sobre cada palavra ou ideia, a possibilidade de ampliar a reflexão. Estamos em momento de transição, de hibridismo. Sendo assim, vamos buscando o que é melhor para nossas escolas, nossos alunos e sempre na possibilidade de através das aulas online também mantermos o afeto, o contexto, o amor em ensinar e o desejo de aprender.

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sábado, 6 de junho de 2020

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“POR FAVOR, NÃO CONSIGO RESPIRAR!” (George Floyd, 1973-2020)


In the Moment
George Floyd foi um afro-americano que foi brutalmente assassinado em 25 de maio de 2020, depois que Derek Chauvin - policial da cidade de Minneapolis, Estados Unidos da América, ajoelhou-se sobre o seu pescoço, com as mãos no bolso, por pelo menos sete minutos. Suas últimas palavras foram: “Por favor, não consigo respirar!”. Gostaria de tecer algumas reflexões sobre.

A cena do assassinato cruel de Floyd tem grande significado, quando se trata de repensar a história da humanidade. Traz consigo a representação de muitas situações de opressão que se produzem e reproduzem no cotidiano das minorias sociais, entre elas, o Racismo.
O pedido, em sua delicadeza do “por favor”, é um súplica ao Estado para que dê mais atenção às questões sociais, para que seja sensível à causa dos menos favorecidos da sociedade, para os oprimidos, para os que sofrem. O “por favor” de Floyd é um apelo da humanidade para que os que governam, o façam com mais responsabilidade, mais sensibilidade, mais assertividade.

No Brasil, além de ecoar fortemente sobre reflexões em torno da questão do Racismo, a súplica de Floyd é um convite para reflexão sobre a ineficiência e a insensibilidade governamental no trato com as questões sociais. A súplica de Floyd “Por favor, não consigo respirar!”, nos convida a pensar sobre o pedido em tom de desespero de muitos brasileiros que, ecoam dentro e fora dos respiradores em tempos de Pandemia. São muitos os brasileiros que, pela ineficiência e má gestão governamental do sistema de saúde, acabam por serem sufocados até a morte.

Parece-me que aqui, vivemos três mundos: o mundo daqueles que suplicam, que pedem “por favor”; o mundo daqueles que, com as “mãos nos bolsos”, vão aos poucos sufocando, acompanhando friamente a morte acontecer; e o mundo daqueles que preferem ver o “espetáculo” pela lente de seus celulares, sentindo-se impotentes, sem nada fazer.

A súplica de Floyd é transversal! Ela ecoa nos três mundos! Ela se faz sentir em cada ser humano que, minimamente se coloca no lugar da condição “Floyd”. É preciso se despir da roupagem moral, cultural, de poder tradicional, para se colocar no lugar daqueles que ainda podem suplicar. Enquanto isso, espera-se que aquele que governa, tenha dignidade no que faz! Governar não é oprimir, sufocar, matar! Governar é deixar “respirar”, é ouvir o “por favor” das gentes, diversas em suas culturas, dignas em sua humanidade.

De todo, no Brasil, precisamos de uma nova postura dos governantes e de cada cidadão. Não se pode tratar com indiferença, aquilo que é prioridade! É preciso dar atenção à súplica “Por favor, não consigo respirar!” daqueles que estão sufocados, seja pela Pandemia, seja pelo abuso de autoridade. Não se pode ignorar o sofrimento de muitos, que qualifica e quantifica o momento, tratando como espetáculo o que acontece. Não se pode ficar de braços cruzados! Enquanto isso acontece, o “Por favor, não consigo respirar!”, se torna o adeus de muitos!
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