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domingo, 25 de agosto de 2013

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DIMENSÕES DA FORMAÇÃO DO PROFESSOR

 

livroTodos nós recebemos pela formação um perfil, uma identidade. Basicamente esse processo acontece por meio de três âmbitos: o Profissional, o Social, e o Pessoal.

O Profissional:

Quando iniciamos nosso processo de formação docente profissional, ou seja nos cursos de magistério, o Ensino Superior, nos cursos de educação, iniciamos a nossa formação profissional; ou seja, a docente.

Para a formação profissional docente, é importante considerar quatro aspectos:

- A formação que recebo antes de entrar nas salas (magistério, faculdades, licenciatura): Esta formação é muito importante, pois é a partir dela que recebemos os elementos epistemológicos que compõem a nossa formação. Não é apenas uma formação restrita às teorias dos diversos pensadores em educação, mas é também por meio dela que adquirimos a mais diversas metodologias de ensino.

- Por meio dos professores, com os quais compartilho meu trabalho: Nas escolas, diariamente, nos encontramos com nossos pares, ou seja, a professores formados nas mais diversas áreas do conhecimento. São os nossos colegas, pessoas que além de compartilhar conhecimento pedagógico, também compartilham o que sentem.

- Pelo perfil profissional que a direção das escolas e as equipes educativas prestigiam e valorizam: Nesse sentido, é muito importante que a direção da escola não seja apenas um espaço de onde se encaminham ordens para as equipes educativas, mas também direcionam um olhar de gestão que prestigia e valoriza o trabalho docente. Embasado nesse princípio, é o trabalho docente que dá sustentação à gestão escolar, uma vez que dela brotam os reflexos para toda a comunidade educativa.

- Mediante os cursos realizados em diversos momentos antes da formação: Após concluída a formação inicial, é importante que seja perseguida uma formação complementar. Hoje, muitos professores buscam a pós-graduação como um espaço de formação complementar. Além dos cursos de pós-graduação, também alguns professores realizam cursos de curta duração, seja na semana pedagógica promovida pela escola, seja em outros espaços buscados pelos mesmos.

O Social:

- O que os outros procuram e esperam de nós: O professor além de desenvolver sua metodologia de ensino, ensinar aquilo que está nos currículos e nos planos nacionais de educação, também responsável pela formação da opinião pública. Na verdade ele é um profissional que além de ensinar a teoria também é responsável pela formação moral dos indivíduos.

- A visão que recebemos da sala de reunião, nas entrevistas com pais: além do corpo discente, os professores também entram em contato com os pais. A partir desse contato os pais formam uma visão profissional do professor, o que repercute diretamente na comunidade estudantil.

- Pelos meios de comunicação: Os meios de comunicação são hoje uma ferramenta muito utilizada enquanto a transmissão de informações que mantém o professor atualizado e, seja em sua rotina pedagógica, seja em sua vida comunitária. Por isso também, ao receber as informações o professor deve passá-las pelo crivo da verdade.

O Pessoal:

- Pela reflexão e análise do modelo educativo: Como sou, o que procuro, quanto estou disposto a arriscar nisto. Nesse sentido, é muito importante que o professor sempre coloque os conhecimentos considerados como verdadeiros em dúvida.

- Pela escuta e diálogo com meus alunos sobre a vida e aprendizagem na aula: o espaço da sala de aula não é apenas um espaço onde se ensina e se aprende. É também um espaço onde deve ocorrer a transposição didática, ou seja, onde o conhecimento seja atualizado em relação às informações que se passa no dia a dia.

Finalizando...

Ao que se percebe, o processo de formação docente está sempre em busca de um perfil de identidade, que reside no âmbito profissional, social, pessoal da formação. Além desses três pontos, também é necessário evidenciar de que a formação do professor é um processo contínuo que acontece em todas as etapas da vida. ((•)) Ouça este post

sábado, 18 de maio de 2013

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VERDADE, CIÊNCIA E CONHECIMENTO: EM BUSCA DA CONCEITUAÇÃO DAS PALAVRAS

 

Antes mesmo de adentrar na tentativa de refletir sobre três palavras-conceitos que são propostos aqui, dizer de que a reflexão dessas é de extrema importância, uma vez que, quando não se tem um referêncial, as possibilidades assertivas acerca dos temas abordados, sugerem outro entendimento. Assim, segue:

1. VERDADE:

OLHOA verdade é uma possibilidade, não um dogma. Mesmo que, sendo ela aceite pela maioria das pessoas, o conceito de verdade nunca pode se dar por encerrado enquanto for possível uma investigação. Atribuímos, no senso comum, o conceito de verdade às questões que são, pelo menos, por enquanto, sem uma resposta. É o caso da origem da vida e a questão da morte. Existe também a questão da essência, a qual não é mutável e pode ser considerada verdade. Diria assim, “A verdade é!”. O verbo ser expresso nessa afirmação remete a pensar sobre a essência. No entanto, devemos lembrar que, o mundo, as coisas, e tudo o que nos cerca não são apenas essências, muito mais, além de essência são também existência. E é aí que as coisas começam a ficar complicadas, porque elaboramos a pergunta: “Como a essência existe?”. No entanto, coloca-se sempre a verdade como uma possibilidade e não como uma questão dogmática, fechada e absoluta.

2. CONHECIMENTO:

Conhecimento é a transposição conceitual do Saber. Partindo do desenvolvimento humano e o percebendo como uma questão dual (pelo menos dentro da tradição ocidental), entendemos o homem como alguém que pensa e faz. Além de desenvolvermos o nosso homo fabers, também somos homo sapiens, ou seja, somos os únicos animais que têm a capacidade de transpor o que sabemos elaborando projetos para fazer. Assim, o conhecimento é um estágio não-temporal (porque não se dilui no tempo) que transpõe e fundamenta o que faz. E essa questão do conhecer (pensar) e do saber (elaborar e fazer), admite uma partição: as competências e habilidades. A primeira relacionada ao conhecimento da coisa, a segunda, à capacidade motora do desenvolvimento do anteriormente projetado.

3. CIÊNCIA:

A Ciência é resultado de uma elaboração lúcida do nosso intelecto, no entanto, falseável. Sabemos que durante tempos, as premissas científica estavam à mercê de qualquer interrogação, eram inquestionáveis. Hoje buscamos a verdade (como dito acima) na falseabilidade de um argumento. A ciência é “por enquanto”, uma possibilidade, uma tentativa acertada de se ter um parâmetro comum, socialmente aceito, um conhecimento que venha a mobilizar o desenvolvimento de novas formas de interação do homem no mundo. A ciência hoje, vai além do conceito duro de epistemologia, não fica presa aos moldes filosóficos, a ciência é e pode ser compreendida em todas as áreas do saber. Cientista não é apenas aquele sujeito com jaleco branco, óculos, cabelo arrepiado, em um laboratório com tubos de ensaio, etc; essa é uma concepção de ciência do século XVI. Hoje temos um cientista social, com uma prancheta, alguém disposto à discussão, à coleta de dados, à análise, e por fim, disposto à transformação social. ((•)) Ouça este post

segunda-feira, 22 de abril de 2013

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A HERMENÊUTICA, O MÉTODO E A OBRA LITERÁRIA

A discussão decorrente desta produção, aborda de forma descritiva a hermenêutica teológica entendida como a produção de relação e sentido entre a tradição cristã e a experiência humana; o método, como uma abertura à experiência, um deixar-se guiar pelo fenômeno, ou mesmo, um deslocamento entre o intérprete e a obra; e, a leitura de uma obra como tentativa de libertar-se da objetividade científica com vistas à recuperar o sentido da historicidade e da existência. Situar a hermenêutica dentro do campo da reflexão humana, é ultrapassar a generalização de que todo entendimento produzido sobre as coisas temporais e atemporais passam apenas pela subjetividade humana ou pela objetividade científica. A hermenêutica no campo teológico se situa como empreendimento não apenas no ato de conhecer, mas ao campo da linguagem, da interpretação, da desmitificação, do sentido do texto, ou mesmo no próprio texto. Assim, pode-se questionar sobre os pressupostos conscientes de nossa interpretação diante do que vamos interpretar. Quanto ao interpretar à luz da Teologia, compreende-se que a melhor forma é uma reinterpretação do cristianismo baseado na não oposição argumentativa da criatividade e da lucidez crítica . O que se observa no método de leitura contemporânea da literatura teológica, é que esta se desenvolve contemporaneamente a partir de uma compreensão do tipo hermenêutico, desvencilhado do modelo clássico-dogmático. À essa forma se percebe que a prática teológica dos cristãos já está permeada de uma reinterpretação criativa da fé; ou seja, é a presença de uma relação crítica entre a tradição da cristandade com a experiência humana vivencial. Nesse sentido, é importante entender que a hermenêutica teológica produz uma verdade apoiada na própria historicidade da verdade. Essa, só é possível quando a hermenêutica teológica opera na passagem do saber para a interpretação, que garante ao homem ser um sujeito interpretante. Essa premissa se sustenta quando se compreende de que, ao passo que há uma intepretação viva (do momento presente), se pode também reconstituir o passado, a alteridade histórica. Abandona-se, dessa forma, a hermenêutica psicologizante , o modo de pensar metafísico e, produz-se sentido à medida que se toma consciência de uma hermenêutica interrogativa. A partir dessa prerrogativa, nasce o debate entre a autoridade da fé e a razão científica. “O que me interessa é a ‘interpretação’ enquanto dá à palavra uma vida que ultrapassa o instante e o lugar nos quais ela foi pronunciada ou transcrita. O termo ‘interpretação’ reúne todas as nuanças adequadas” (STEINER apud GEFFRÉ, 1989, p. 5) Assim, é importante situar a compreensão que é produzida hermeneuticamente. A consciência, pelo viés da relação moderna ‘sujeito-objeto’ oriunda dessa processo se localiza no encontro com o objeto, nem no sujeito, nem no objeto, mas sim, no encontro. Esse encontro é mediatizado pela linguagem comunicativa, ou seja, uma compreensão capaz de ser comunicada. Além dessa falha da objetividade científica moderna, apoiada no padrão da subjetividade antropológica do paradigma moderno, há a interpretação de que um evento linguístico está mais no objeto do que na transformação do intérprete; ou seja, para que uma obra literária seja interpretada é necessário que ela transforme o intérprete. Dessa forma, a hermenêutica é um meio de revelação ontológica, uma vez que se media a relação do homem com o mundo. Um mundo que é partilhado pelo homem através da linguagem, que por conseguinte, o insere em um espaço histórico-material que a sua compreensão o permite. Nessa existência ontológica é que produzimos significados. Nessa perspectiva, a linguagem não é apenas um instrumento utilizado pelo homem para sua inserção social, mas é uma experiência. Quando abordada a nível da hermenêutica teológica, ela ganha significado pois acontece na vida e na história dos homens. Pode-se compreender a história humana, dentro desse ínterim, como sendo uma experiência permeada de limitações, não apenas sobre a finitude do conhecimento mas também da pobreza do mesmo em relação ao campo experiencial teológico. “[…] ler uma obra não é adquirir conhecimento conceptual por meio da observação ou da reflexão; é uma ‘experiência’, uma ruptura e um alargamento do nosso antigo modo de ver as coisas. Não foi o intérprete que manipulou a obra, pois esta mantém-se fixa; foi antes a obra que o marcou, mudando-o de tal modo que ele nunca mais pode recuperar a inocência que perdeu com a experiência” (PALMER, 1989, p.250) Tudo o que fazemos se dá pelo viés da linguagem. Existimos por ela, e ela constitui o nosso próprio ser. Então, o momento da intepretação não é apenas um momento de aplicação de significado, mas diante da obra literária constrói-se um mundo de significados maior do que o próprio mundo que dá significado à obra. Portanto, em todo processo de interpretação hermenêutica, somos possuídos por aquilo que é dito na obra. Nos situamos na compreensão da mesma, mesmo que esta esteja no horizonte de sua própria compreensão e significado. Essa guinada linguística requer que renunciemos a subjetividade humana como ponto de referência (relação sujeito-objeto). Assim, quando desenvolvemos a percepção de que a leitura de uma obra não é a apropriação conceitual da mesma, inferimos um alargamento de nosso antigo modo de ver as coisas. Isto requer um método construído a partir da hermenêutica, distanciado da objetividade científica, da subjetividade moderna, do psicologismo teológico e da compreensão dominante do dogmatismo cristão. O método consiste na dinâmica de desenvolver um autoquestionamento de nossas incertezas, buscando compreender questões ocultas das obras literárias, ou mesmo questões que deram origem ao texto. É preciso, portanto, atentar para a dinamicidade do processo de abertura à arte de ouvir a partir de uma compreensão histórica e da crítica fenomenológica à visão científica. Em outros termos, situar-se na ordem da temporalidade e do significado dinâmico e experiencial da obra literária. No entanto, o método não se basta a restrição dogmática da compreensão da obra. Este caminho pode também alterar ou impedir a experiência acima supracitada. Isto requer uma nova compreensão da estrutural de linguagem. “O método é uma tentativa de avaliação de controle por parte do intérprete; é o oposto de nos deixarmos guiar pelo fenômeno. A ‘abertura’ da experiência – que altera o próprio intérprete em favor do texto – é a antítese do método. Assim o método é de fato uma forma de dogmatismo, separando o intérprete da obra, colocando-se entre esta e ele, e impedindo-o de experimentar a obra em toda sua plenitude. A visão analítica é cega à experiência; é uma cegueira analítica” (PALMER, 1989, p.248) A partir dessas discussões acerca da hermenêutica teológica na busca de relação e sentido entre a tradição cristã e a experiência humana, o método e a libertação da objetividade científica como garantia da historicidade e da experiência, temos hoje a tarefa de recuperar o sentido da historicidade da existência. Em outras palavras, isto significa, repor culturalmente um novo modo de ver, interpretar e significar a interpretação das obras literárias. ((•)) Ouça este post