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sexta-feira, 25 de dezembro de 2020

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ENTRE TEMPOS...HÁ O PRESENTE!


Há um tempo que separa todas as coisas. Não é o limite, mas é um tempo-ponte. Muito bem lembrado pelo livro de Eclesiastes (3, 1-2), o espaço que há entre os tempos, nos proporciona ocasiões, propósitos, significados e decisões: “Para tudo há uma ocasião, e um tempo para cada propósito debaixo do céu: tempo de nascer e tempo de morrer, tempo de plantar e tempo de arrancar o que se plantou”.

 

O tempo que lembra Eclesiastes, é o tempo presente. O tempo presente é o espaço que há entre todas as transições que temos na vida. Para muitos, as transições são marcadas por angústias, medos e frustrações. Para outros, a transição é oportunidade, crescimento, aprendizagem, esperança. Esse é o presente! O presente é como fazemos a transição. Não há um ponto estático na vida em que alguém possa permanecer durante toda sua existência.

 

O Natal marca um presente para todos nós: O nascimento de Jesus. Nele nos presenteamos, agradecendo uns aos outros pela presença do ano que passou. Lembramos da presença de Jesus, do seu significado. O Natal é oportunidade, é nascimento. Quando alguém nasce, com ele nasce muitas possibilidades. Há uma aposta que todos fazemos em cada nascimento: cada um que nasce, é um presente!

 

Logo teremos o Ano Novo. Ele também é presente. Ele chega como um presente embrulhado, e por ser assim, como todo presente que ganhamos de alguém, não sabemos o que tem dentro. É preciso tirar o envólucro para chegar ao presente!

 

Em todas as transições que realizamos entre os tempos, no presente, precisamos tirar o envólucro que nos envolve. O tempo presente é sempre possibilidade de desenvolver, mas para isso, é necessário tirar o envólucro. O envólucro é “casca”, “rótulo”.

 

É na “casca” que está todas as marcas do tempo - em seu sentido temporal - ela é aparência. Na “casca” está os nosso preconceitos, nossas diferenças, egoísmo, injustiças, desigualdades. Por baixo da “casca”, é que está a seiva da vida. A vida não pode ser só “casca”, assim como o presente não é só envólucro.

 

O presente, dentro do envólucro, dentro da casca é a seiva da vida. Ninguém vive só de “casca”. Vive-se de seiva, de essência, de presente. A “casca” não pode sufocar a essência. Também, o tempo passado e a ânsia do tempo futuro não podem sufocar o presente. Qual então é a função da “casca” ou do envólucro? Proteger, deixar crescer, expandir, sem sufocar.

 

Por isso, o presente que está entre o Natal e o Ano Novo, é tempo de refletir sobre a seiva da vida. Não se pode humanizar, servindo-se de concepções opressoras. São as concepções que são pra cada um de nós crenças, que orientam nossas práticas, nosso cotidiano. Essas concepções não estão inscritas no vazio existencial de cada um, mas na forma que cada um se identifica com elas. Por isso, ninguém é, por seiva, passado ou futuro, mas é presente, construído por suas concepções.

 

Assim, entre tempos há sempre a possibilidade de revermos nossas concepções sobre educação, religião, política, economia, etc. Cabe na reflexão do entre tempos, o que estamos fazendo com o nosso presente. Nesse sentido, qual é o seu presente no presente? Boa reflexão!

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sábado, 19 de dezembro de 2020

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2021: DESAFIOS ÉTICOS PARA UMA VIDA MELHOR!

Ninguém sabe ao certo como será 2021. Afinal, falar em certezas é reconhecer que a única certeza que temos é viver na incerteza. Sempre foi assim. Quem sabe, nunca tivemos tempo para pensar que, a vida é uma constante de incertezas. Basta observarmos que, desde o dia que nascemos, a incógnita da incerteza nos acompanha. Ela está tão perto de nós que, nem ao menos sabemos, com certeza, o que seremos ou o que irá acontecer conosco no próximo lapso de tempo. Mesmo assim, projetamos os tempos. Não é diferente com o próximo ano. E, conte sempre com a vantagem de viver em tempos de incerteza: a possibilidade sempre constante de escolher o que fazer com sua vida, afinal, nada está determinado de forma absoluta.

Entre as diferentes projeções, muitas possibilidades! Nas possibilidades, a escolha! Na escolha, a Ética! 2021 necessita ser um ano onde nossas escolhas sejam orientadas pela Ética. 2021, é um ano de grandes projetos societários. Todo eles estarão voltados para a continuidade da vida planetária. É hora da humanidade dar-se em conta que, ou voltamo-nos ao cuidado uns dos outros, ou agonizaremos nossa existência e tudo que a compõe.

É preciso criar uma ética global que oriente a economia e a política para o seu real sentido: servir ao homem, e não o seu contrário. Destarte, temos vivenciado nos últimos tempos, a vida (em especial, a dos mais vulneráveis) sendo colocada em risco, em nome do desenvolvimento da economia capitalista, individualista e consumista. 

Como se não bastasse, junto das pretensões da economia, somos sufocados pelas vaidades de uma gestão política que valoriza a reprodução das próprias convicções, esquecendo-se dos saberes científicos, construídos por toda humanidade até agora. Soma-se à incompetência política, a ineficiência da gestão técnica no tratamento das questões sociais. Entre elas, as diferentes orientações dadas pelos gestores públicos, que colocam o cidadão em um cenário flutuante de posições e tomada de decisão.

Nesse sentido, entendo que é preciso construir orientações fundadas em princípios éticos globais. A esfera governamental precisa compreender que, na essência da democracia representativa está o serviço e não o servir-se. Cada um de nós, ao cumprir seu papel de cidadão, deve ter em vista que, o seu ato de liberdade implica, necessariamente, na liberdade do outro.

Agir livremente, portanto, não se trata de fazer o que bem se quer, mas orientar-se e decidir dentro de uma moral (conjunto de normas) sobre o que é melhor para si e para o outro. Dessa forma, a melhor decisão a ser tomada, considera que o problema é global e que, da mesma forma, exige soluções globais. Uma ética global é necessária!

O cenário nos convoca para essa postura! Necessitamos ser assertivos em direção à nossa experiência existêncial. E para isso, a Educação pode colaborar como construtora de cultura. É urgente substituir a compreensão da vida fragmentada e radicalizada, por uma visão mais holística (do grego holos: “todo” - visão de totalidade).

Essa construção não se dá pela imposição de medidas salvacionistas por um governo ou outro, mas na corresponsabilidade do público e do privado. Alinhar as perspectivas, sonhos e aspirações individuais ao plano social, político e coletivo, é a grande expectativa. Compreender que, mais importante que vencer, é conviver e, deixar viver. A chave é a busca de consensos e entendimentos através do diálogo. Flexibilizar as posturas autoritárias, substituindo-as por posturas abertas, flexíveis. Eliminar os ransos da tradição do conservadorismo, ampliando um ambiente participativo, sem substimar a força dos mais pobres e, nem ao menos, tão somente valorizar o poder dos mais privilegiados.

Com estas pistas de reflexão, e propondo que dias melhores virão, começamos a mobilizar as pessoas mais próximas, alcançando as mais distantes, disseminando relações intersubjetivas, que nos levem ao desejo de um Feliz 2021, que é possível para todos, sem distinção.
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sábado, 12 de dezembro de 2020

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O Professor e sua Família: Um espaço Privilegiado de Aprendizagem



Todos sabemos que não há lugar único para se aprender. Porém, alguns espaços onde convivemos, marcam com mais intensidade as nossas aprendizagens. Gostaria de fazer aqui, algumas memória às aprendizagens que os professores construíram e constróem nos seus espaços familiares, e a importância desse espaço para a construção de indivíduos cidadãos. Professor e família se configuram como espaços privilegiados de aprendizagem no contexto que vivemos.

2020 tem sido um ano de muitos desafios e grandes possibilidades para todos professoresNo âmbito familiar dos professores2020 tem proporcionado a reconfiguração da relação pais e filhos bem como a convivência entre os irmãos.  Não é novidade que a sala de aula foi para dentro de casa. De suas casas, professores educam um número considerável de alunos em frente a tela de um computador, ao mesmo tempo que orientam seus filhos em outros espaços da casa com aulas híbridas e/ou virtuais. Essa nova configuração constituiu relações de responsabilidade e autonomia para as crianças Como todo  processo que se inicia existem algumas mazelas, mas que aos poucos vão sendo superadas pela experiência que também vai sendo aprimorada e gerando novos conhecimentos.

Os professores vão se tornando melhores, não apenas na arte de educar na escola, mas educar enquanto pais e mães. Se tornaram mais habilidosos, didáticos e assertivos em suas práticas pedagógicas. Aprendem que avaliar é mais do que buscar produto final, é sim observar o crescimento do aprendiz no processso. Professores-pais, consideram que é mais importante a interação para aprendizagem do que a transmissão de conteúdos. 

Em suas casas, configuradas como sala de aula, seus filhos passam a compreender que o pai é professor e/ou a mãe é professora, quando observam criativamente o movimento das mãos, o uso da câmera, do fio do microfone e do cumprimento dos horários. Por isso, eles também sentem-se comprometidos com a dinâmica familiar nesses tempos, colaboram em prol do bom desenvolvimento do trabalho e da gestão familiar. Passam a ajudar a organizar a casa, separar os materiais, dialogam sobre conheecimentos antes presos nas salas de aula.

A família é um espaço privilegiado de conhecimento quando há troca, interação. Isso se deve a concretude da vida, onde acontece a tomada de decisão, bem como a construção da autonomia.

Por último, esta reorganização da dinâmica da vida e da família do professor, ressignificou definitivamente as relações humanas, materiais, econômicas, espirituais, e de formação dos filhos. O ponto alto, é a possibilidade de acompanhar o crescimento moral, físico, político, emocional, dos filhos. Em tempos idos, os professores elaborava pareceres tão completos sobre seus alunos, filhos de outrem, conhecendo-os e os acompanhando; mas poucos, de fato, acompanhavam seus filhos. 

Para pensar: quem educa uma criança retoca o mundo!

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sexta-feira, 4 de dezembro de 2020

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MUDANÇA NA ESCOLA, IMPLICA EM MUDAR O CURRÍCULO!

Em algumas escolas, estamos chegando ao final de mais um ano letivo. Com certeza, este ano letivo foi diferente de todos os outros vivenciados até aqui. Cada ano letivo tem as suas particularidades, suas especificidades e os seus desafios. No entanto, o ano de 2020 trouxe à todos nós profundas mudanças. Assim sendo, mudamos! O movimento da mudança, implica necessariamente em mudar. As mudanças vivenciadas durante o corrente ano, configuraram um novo cenário na escola, nas famílias, e em toda a tradição educativa.  

As consequências diretas dessas mudanças, é que elas trouxeram para dentro da escola e para toda a sociedade, a necessidade de refletir sobre questões escolares que até então estavam acomodadas. Uma dessas questões, é o currículo. Assim, gostaria de tratar de forma específica, de algumas mudanças necessárias que, se ainda não aconteceram em sua escola, possivelmente irão acontecer.  

Novas reflexões sobre o currículo, foram sendo tecidas desde o início da pandemia. Essas reflexões provocam mudanças de continuidade para 2021. 


currículo, em sua visão tradicional estava reduzido  à um conjunto de conteúdos. Nada além dessa compreensão. Porém, sabemos que o currículo na escola é carregado de memórias, criação e imaginação, o que permite que ele seja sempre vivo, fenomênico. Aqui está uma mudança significativa: o Currículo desloca-se da reprodução da Tradição, para o seu sentido enquanto  Fenômeno Escolar. 


Tratá-lo como fenômeno, é compreendê-lo em sua forma mais real e concreta. Um currículo fenomênico aborda as questões do saber, do conteúdo, e do conhecimento a partir das vivências concretas dos alunos, dos professores e da comunidade escolar. Nele estão presentes os anseios, a cultura e os desejos, que justificam a sua existência e seu sentido.  


Do ponto de vista legal, currículo é composto e orientado pelas diretrizes curriculares nacionais (DCNs) que estabelecem conteúdos mínimos a serem estudados e oferecidos na escola. No entanto, seguindo o rol de mudanças, permite também que sejam inseridas propostas educativas pautadas na cultura escolar, dando especial valor à realidade e perfil de cada escola.  


Por ser intencional, sua existência está relacionada diretamente com a sua intenção. Pode-se dizer que é sua intencionalidade que o faz ser autêntico ou não. Quando autêntico, também é transformador. Assim, a autenticidade do currículo não se limita à um conjunto de conteúdos ou de proposições legais que o orientam, mas se coloca na comunidade educativa como o projeto transformador. 


O currículo também pode ser inautêntico. Assim ele o é, quando está inserido na dinâmica intencional dá existência superficial e não transformadora da escoa. Uma vez que não transforma, reproduz. 

As escolas precisam repensar seu currículo. Ele precisa estar inserido na dinâmica educativa do aluno como algo essencial, capaz de auxilia-lo a desenvolver-se enquanto sujeito em sua totalidade, competências e habilidades.  


Assim, as mudanças vividas no ano de 2020, nos dão indicativos de que precisamos também mudar a escola, seu jeito de ser e de fazer. Ressignificar-se, é o primeiro desafio. Que tal começarmos pelo currículo? Aceita essa provocação? 

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sábado, 28 de novembro de 2020

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ONDE MATRICULAR SEU FILHO (A)?


Tempo atrás, essa pergunta não fazia tanto sentido quanto nos dias atuais. Matricular a criança, o adolescente o jovem em uma escola, é muito mais do que pensar a frequência escolar. Tempos idos, a grande maioria dos pais matricularam seus filhos na escola mais próxima de sua casa, ou mesmo, aqueles que tinham melhores condições financeiras, apostavam em uma escola particular. No entanto, essa realidade mudou. mudou porque a formação de pessoas é um dos elementos mais importantes para a vida em sociedade. Essa mudança, reflexo da necessidade das novas configurações sociais, impôs às famílias tomar a decisão certa na hora de matricular seu filho (a). Portanto, fica a pergunta: Onde matricular? 

Para discorrer sobre essa pergunta, podemos recorrer à filosofia de Martin Heidegger (1889-1976). O filósofo diz, utilizando o termo “Dasein” - rapidamente traduzido por “Ser-ai”, que somos seres concretos, envolvidos no mundo, moldados por diferentes situações do mundo, mas que também ao moldar-se pelo mundo, o moldamos. Assim, seguindo o entendimento do filósofo, não somos pré-determinados, prontos ou acabados em nossa condição existencial. Todo o processo humano de educação é  sempre de construção inacabada. 


Portanto, Heidegger nos lembra que, ao sermos projetos no mundo, é sobre ele que devemos lançar a nossa existência e, mesmo que finita, ela precisa ser significativa. Não se trata de existir enquanto ente, mas de refletir sobre o que fazemos com nossa existência e como orientamos o significado da existência das crianças, adolescentes e jovens sobre os quais somos responsáveis. Nesse sentido, em se tratando da educação como virtude, a melhor orientação é a ética, pois responde à pergunta “Como devo agir?” 


Considerando as palavras de Heidegger e as diferentes propostas educativas escolares, onde pode-se citar educação corporativa, educação competitiva e educação cooperativa, entre outras, cabe aos pais/ responsáveis avaliarem sobre os critérios éticos da formação integral, em qual dessas propostas deseja buscar a formação dos seus filhos. 


Claramente, visualiza-se outras variáveis que estão presentes no processo de matrícula escolar. Existe a tradição, os benefícios econômicos, logística, amigos, professores, religião, etc. Assim, considerando a dinâmica escolar e os desafios do contexto humano, científico e social, é preciso conhecer o projeto político-pedagógico da escola. É ele que materializa as diretrizes educativas que estão alinhadas as Diretrizes Curriculares Nacionais, bem como a toda estrutura legal que orienta a educação escolar no Brasil.   


Por fim, cabe ainda refletir sobre os valores fundamentais do processo educativo. Independente do sistema e da convergência do mesmo. Matricular é um ato de responsabilidade que implica maturidade moral. Não se pode tratar a educação de uma pessoa como um processo de tentativa de acerto e erro. E essa maturidade moral só pode ser alcançada através do conhecimento das propostas educativas em um constante diálogo com a escola. 


Por fim, escolha matricular a partir de um sentimento de pertencimento à uma causa nobre: seus filhos! Eles são a sua melhor herança. É através deles, que você irá se eternizar. Eles são a sua melhor aposta! É neles que, mesmo um dia, deixando de existir, você irá continuar sua trajetória! Portanto, é preciso fazer o melhor por eles, não apenas o possível! Matricule seu filho na melhor proposta educativa! É chegado o momento de amarmos nossos filhos a ponto de nos comprometermos com eles! Amém. 

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sábado, 21 de novembro de 2020

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NINGUÉM NASCE RACISTA, TORNA-SE!


Contra fatos, não há argumentos; mas são possíveis algumas reflexões.  

Acompanhamos de perto, dia após dia, cenas de crueldade humana ou da falta dela, que perpassam as mais diferentes estruturas da sociedade brasileira. Destaque para a questão do racismo, da desigualdade social, da opressão e exploração sobre os mais pobres, intolerância religiosa, corrupção na política, ineficiência do poder judiciário, violência doméstica, agressão contra a infância, violência contra os idosos, e outras formas que ameaçam a vida na sua integridade. 


No dia 6 de junho do corrente ano, publiquei neste blog, uma reflexão que tratava do assassinato do americano George Floyd (http://rudineiaugusti.blogspot.com/2020/06/por-favor-nao-consigo-respirar-george.html). Recordamos que, em seu último instante de vida, ele suplicou por respirar. O ocorrido com João Alberto Silveira de Freitas, em Porto Alegre/RS, um dia antes do dia da Consciência Negra – 20.11.2020, não foi diferente. Infelizmente, a súplica foi recorrente. 


Diante de tantas situações apontadas e das incansáveis súplicas que emergem das mais diferentes vozes,  cabe-nos perguntar: Qual é o papel da educação na formação de pessoas, visualizando uma cultura de paz? Para responder essa pergunta, penso que é necessário convertermos a visão ingênua de sociedade em uma visão crítica, transformadora.  


Os fatos estão aí, espalhados por toda a parte, para nos mostrar que precisamos ressignificar o papel educativo das instituições sociais. De fato, tudo o que vem acontecendo, vem sendo somado às angústias históricas, em um país que clama por mudança desde a sua existência.  


Percebemos que, por todos os cantos da sociedade, pessoas clamam por mudança. O espaço educativo, em especial, a família e a escola, são por excelência, o lócus de tal anseio. É na família e na escola que se direcionam construções subjetivas dos valores e práticas que vão construindo a identidade do sujeito, sua ação moral e valores éticos que o orientam para o resto de sua vida. 


Portanto, todas as mazelas sociais que contemporaneamente existem, são construções humanas, culturais históricas. Ninguém nasce racista, torna-se! Ninguém nasce pré-determinado à uma condição social, seja ela de paz ou de violência. Somos, portanto, construção de uma rede de relacionamentos, de convivência, de reflexão. a forma como agimos será orientada por essa construção educativa. 


Diante dos fatos ocorridos, em especial, sobre a brutalidade do uso da força e do que esta significa para nossa análise, cabe reforçar a importância de um projeto urgente de mudança educativa. Educar, nessa nova proposta, vai além da profissionalização, atinge também a essência do ser humano, a formação de sua consciência, dos seus valores e princípios. Todo o resto, será consequência desses princípios. 


Tudo que está em nossa consciência, se torna projeto. É através de sua liberdade, que o homem se projeta sobre o mundo. É no mundo o que o homem pronuncia, anuncia e denuncia. É na liberdade que o homem projeta sua ação. Ser livre implica, necessariamente, em colocar-se no lugar do outro, considerando que, ao pensar como agiria estando em seu lugar, também revelaria os princípios que o sustentam. 


Entendo, por fim, que todas nossas ações são orientadas por concepções educativas - considerando a educação como um fenômeno voltada essencialmente para a formação do ser humano- e que as mesmas transitam para a liberdade de ação sobre a qual somos eternamente responsáveis. 

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