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sexta-feira, 30 de julho de 2021

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PROFESSOR-PESQUISADOR E O ENSINO HÍBRIDO: LER, PESQUISAR, ESCREVER NA NOVA ESCOLA

A construção de conhecimento coletivo e a pesquisa escolar, tem relação intrínseca quando se pensa a educação nos dias de hoje. A escola deixou de ser um espaço de transmissão de conhecimento, para ser um lugar onde se socializam as diferentes perspectivas de saberes. Não há quem saiba mais, ou quem saiba menos; existem, porém, aqueles que compartilham saberes construídos ao longo de suas vidas. Não há na escola de hoje, lugar para arrogância do saber. Não há alguém imaculado (a), porque tem um arcabouço cultural mais refinado, ou em contrapartida, popular. Não se valoriza na escola, esta ou aquela perspectiva teórica como a melhor. Na nova escola, dentro de um discurso democrático, há lugar para diferentes entendimentos que vão desde concepções políticas, religiosas, econômicas, filosóficas, artísticas, culturais.

Na escola de hoje, a construção coletiva de conhecimento se dá entre os pares. São professores, educadores responsáveis por sua missão, que refletem sobre sua prática pedagógica. Refletem, pois entendem que através da reflexão ampliam a dimensão ética de sua profissão. Entendem que a reflexão melhora seu saber, sua relação com o outro, e também o ajudam a entender melhor a complexidade do processo educacional.

A construção coletiva de conhecimento, só é possível quando o professor também se dedica à pesquisa. Não se trata de existir setores/disciplinas de pesquisa dentro de uma escola, mas, a constituição da escola como um lócus de pesquisa. É sempre bom lembrar que a pesquisa nasce de uma inquietação, um problema, uma reflexão. A escola que favorece o ambiente inquieto, problematizador e reflexivo é, por excelência, uma escola de pesquisadores.

Professores-pesquisadores são aqueles que estão inquietos diante de seu trabalho, que problematizam-o, que refletem sobre seus saberes, suas práticas de ensino e aprendizagem, e também as avaliativas. Professores-pesquisadores não se reduzem a um currículo positivista, ou seja, onde os conhecimentos são vistos como verdades a serem transmitidas. Professores-pesquisadores, estão sempre em constante movimento de troca com seus pares, pois entendem que a experiência de educação, só faz sentido quando compartilhada.

Assim, na escola de hoje, a pesquisa e a produção coletiva andam juntas. Além de inquietar-se, problematizar e refletir sobre seus saberes e práticas pedagógicas, sobre o seu cotidiano concreto, os professores-pesquisadores também escrevem. Eles entendem que a escrita é um exercício de imortalidade ou, se for o caso, de eternidade. Pesquisar,  ler e escrever, fazem parte de um roteiro dialético -  que coloca em movimento crítico -  as palavras do mundo e o mundo das palavras. 

Para ampliar ainda mais a leitura, a escrita e a pesquisa, a escola de hoje oferece o ensino híbrido, possibilidade de levar para o estudante a experiência e o exemplo educativo do professor-pesquisador. O ensino híbrido possibilita autonomia do estudante, sem perder de foco a orientação e mediação do professor. Ensino híbrido, ao contrário de transmissões de aulas presenciais (ensino remoto), amplia a dimensão de autonomia e protagonismo do estudante, bem como a função democrática do ensino. A dimensão da Autonomia e do protagonismo, são desenvolvidas quando o estudante inquieto pelas problematizações da mediação docente, busca em espaços virtuais diferentes entendimentos para complementar, ampliar e complexificar o saber fragmentado da sala de aula. Na sala de aula, a função democrática do ensino se potencializa quando se dialogam os diferentes entendimentos da pesquisa com saberes curriculares, realizando profícuas reflexões.

Por fim, na escola de hoje, ler, pesquisar, escrever individualmente ou em espaços coletivos, juntamente com as metodologias ativas do ensino híbrido, constituem um novo ensinar e aprender. Resta a pergunta: De que somos capazes em nossas escolas? E a resposta -  de tudo isso, e muito mais!

Boa leitura! Excelentes reflexões!

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sexta-feira, 23 de julho de 2021

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NA NOVA ESCOLA QUEM APRENDE, NÃO DEPENDE!

Quem aprende não depende! Escutei essa afirmação dias atrás, de um excelente orientador e mediador de um processo formativo realizado em um coletivo de professores. De fato, aprender vai além do ensinar. Quem só ensina, depende; não aprende. Para ensinar, precisamos antes de mais nada, aprender a ensinar e o que ensinar. A aprendizagem é o centro da escola do futuro.Uma escola onde o ensinar não será mais o centro, mas o aprender.

A escola do futuro é um espaço coletivo de aprendizagem, e não de ensino individual. A escola tradicional, estava mais preocupada em ensinar do que aprender. A figura do processo era o professor.

Estudava-se muitas teorias sobre aprendizagem nos cursos de formação inicial e continuada de professores. Para cada teoria, a necessidade de métodos de ensino. Passou-se com o tempo, a compreender a escola como um lugar de ensino; pior do que isso, de um ensino calcado na transmissão de informações.

O que se espera da nova escola, é que se possa estabelecer uma relação de conhecimento e cultura. Onde há relação com conhecimento seja diferente do que aquela que temos hoje e, a relação com a cultura, seja mediada pelo professor na relação com o conhecimento.

  Na nova escola, o conhecimento está em tudo, assim como na escola tradicional também estava. No entanto, o conhecimento sempre esteve no mundo de forma caótica. Na nova escola, cabe ao professor organizar, dar sentido, e aproximar os sujeitos do conhecimento a partir de uma experiência vivencial, declaradamente reflexiva.

O movimento da tecnologia no ambiente escolar, facilita experiências coletivas de organização do saber. Mas é bom lembrar, que não resolve o problema da aprendizagem, pois este não é tecnológico, é humano. A tecnologia facilita a distribuição das informações, possibilita os encontros, armazena os registros, e pode até ensinar, mas não aprende por ninguém.

Na nova escola, a formação de professores têm como foco o trabalho coletivo, ou seja, ela acontece no próprio trabalho do professor, quando este estabelece uma relação dialética com o seu trabalho e com os colegas. Essa relação é marcada pelo questionamento, pela reflexão, e pela melhoria do fazer, do ensinar, mas principalmente do aprender.

Por fim, a nova escola é a "casa comum" de todos nós. É o lugar de reflexão comum dos professores, estudantes, comunidade. Comum, não significa simplificado, de fácil compreensão. Comum significa comunitário, de compromisso de todos. Na nova escola como casa comum, as relações também são comunitárias. Aprende-se uns com os outros. Ensina-se aprendendo. Avalia-se, fazendo. Emancipa-se, discutindo. 

A casa comum é a nova escola de todos nós, onde quem aprende, não depende!

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sexta-feira, 16 de julho de 2021

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NÃO SE ESQUEÇA DE BALANCEAR!

Muitas escolas chegaram neste final de semana, ou ainda chegaram no próximo, ao fim de mais um semestre letivo. Os alunos e professores entram em recesso escolar. É momento de fazer algo que, diferente da rotina, não nos distancie do compromisso com a escola. Descanso e muita reflexão para os professores. É momento de fazermos um balanço de nosso trabalho, de seu sentido, objetivos e anseios.

Antes de viajarmos, normalmente colocamos nosso carro em perfeito funcionamento, em harmonia. Significa que o levamos até uma oficina para fazer uma manutenção geral. O balanceamento faz parte da manutenção e, e consequentemente, quando bem realizado, possibilita uma viagem mais segura, tranquila e feliz. Fazer o balanceamento de nosso carro é sempre uma atitude assertiva, porque além de econômica em relação aos desgastes dos pneus, da suspensão e de toda máquina do carro, evita transtornos maiores como saída da pista, trepidação em alta velocidade, perda de controle de direção, etc.

Utilizando essa analogia, os professores também necessitam fazer balanceamento. A trajetória escolar oferece à esses profissionais que conduzem os estudantes, momentos de declínio, ou mesmo, ascendência na aprendizagem, na disciplina, na relação. O balanceamento pedagógico permite com que, a condução pedagógica ofereça mais estabilidade durante esses momentos da trajetória.

Mesmo depois do balanceamento pedagógico realizado, é momento de balancear os desgastes emocionais, racionais, afetivos, intersubjetivos, frustrações ou mesmo sucessos que são recolhidos durante a trajetória.

Durante o semestre, por vezes, estamos em um deslize aqui, outro acolá. A escola de hoje, na pós-modernidade, não é um porto seguro, sólida, sem mudanças. A escola é sim, um lugar de frequentes transformações, de incertezas, fragilidades, acertos e erros. No lugar do porto seguro, estão os tristes marinheiros observando os destroços dos velhos portos onde ancoravam suas certezas. Esses portos não existem mais! As certezas desapareceram. No lugar deles, um novo porto, uma nova escola. Ali estão novos marinheiros, atentos ao movimento do contexto do mar. Sabem esses marinheiros que o melhor a se fazer na agitação ou na calmaria do mar, é balancear certezas com incertezas, seguranças com inseguranças, esperanças com desesperança, sentidos com ausências, solidão com presença, tristeza com alegria, etc.

Logo, voltaremos balanceados! A viagem continua! Continuaremos! Paramos um pouco para balancear, rever o que não deu certo, meditar sobre o que não tivemos tempo de refletir, ampliar aquilo que era só uma ideia, e sentir que desde já, mesmo sabendo que as trajetórias nos oferecem desconhecidos solos à pisar, o que balanceamos agora nos possibilitará viajar seguros e tranquilos até onde nós pudermos, e que Deus nos permitirá!

Boa Viagem! Bom descanso! Bom retorno! Não se esqueça de balancear!

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sábado, 10 de julho de 2021

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SEUS DADOS ESTÃO SEGUROS?


Um dos grandes enigmas humanos sempre foi responder as perguntas que fazem referência à sua existência e à sua história. A existência humana, necessariamente, vem acompanhada de sentido, encontrados no mundo material, racional, subjetivo, emocional. Perguntas como, “Quem sou? De onde vim? Para onde vou?”, são questões que os primeiros filósofos já levantavam sobre o ser humano em seu tempo. Ainda hoje, mesmo diante de tantos avanços tecnológicos, políticos, econômicos e científicos, o dilema sobre a resposta das perguntas continua. Acrescenta-se a este dilema, a segurança de dados.

Você pesquisou seu nome na internet? (se não ainda, faça agora...) Você sabe quantos registros fotográficos seus estão online? Seu CPF, RG, CNH, estão publicados na internet, para acesso público? Sabe quantas empresas vendem seus dados, como telefone, email, perfil em rede social, para outras empresas que lhe oferecem produtos? Você sabe quantas empresas de propaganda e publicidade utilizam seus perfis nas redes sociais, considerando seus interesses, para lhe oferecer propaganda de produtos que atendem seu perfil? Sabe quantas pessoas já descobriram alguma coisa sobre você,  porque seus dados estavam dispostos em locais que você não sabia que eles estavam? Enquanto lê esse texto, nesse blog, você tem certeza de que está seguro (a) ao estar conectado na internet?

E os seus dados físicos, suas matrículas, seus registros, suas movimentações bancárias, seus documentos, sua intimidade, entre outros, estão seguros? É, parece que o mesmo dilema que incomodava e fazia os primeiros filósofos pensar, ainda continua nos preocupando hoje.

Vivendo em um mundo, em que não estão separados o real do virtual, a pergunta que fica é: como garantir a segurança de meus dados? Quem sabe, sendo mais prudente e não tão radical, poderia relaborar a questão: como melhorar a segurança de meus dados?  Para isso,  foi criada a LGPD -  Lei Geral de Proteção de Dados.

A LGPD - Lei Geral de Proteção de Dados, é a lei nº 13.709, aprovada em agosto de 2018 e com vigência a partir de agosto de 2020. Ela serve para garantir a proteção de direitos fundamentais da pessoa humana, como a liberdade e a privacidade, entendendo que estas são fundamentais para livre formação da personalidade dos sujeitos. Entenda, porém, que a proteção de dados pessoais, como o nome, RG, CPF, CNH, e-mail, matrícula escolar, entre outros, estão entre direitos da pessoa humana que garantem à ela uma vida social plena. Quando estes dados se encontram  desprotegidos, também está desprotegida a condição social, ética e moral da pessoa humana, bem como, a sua integridade no convívio social. 

Mesmo que a lei represente um grande avanço, em especial, no tempo de conexão que existimos, o primeiro passo a ser dado quanto aos dados pessoais, é sempre por parte do indivíduo que dele faz natureza. Assim, muitas vezes, a falta de senso crítico e a ilusão pelo mercado por parte dos indivíduos, são oportunidades para os falsários. Por isso, recomenda-se sempre em primeiro momento, fazer uso da informação verdadeira. Pessoas seguras de si, esclarecidas, tem demonstrado maior segurança com seus dados.

 O isolamento social não proporciona segurança de dados. A vida social é sempre uma troca. Assim, não pode a troca ser confundida como posse, aproveitamento, exploração e engano. Parte-se de relações éticas, que fundamentam qualquer relação mais segura. Dessa forma, a reflexão ética sobre o agir, é fundamental para segurança de dados. A ética valoriza os princípios da ação, confere legitimidade às relações sociais.

  Converse sobre a LGPD, discuta LGPD. Proponha em seu ambiente de trabalho, em sua casa, a busca de informações sobre a LGPD. Acima de tudo, não se esqueça: esteja seguro de sí ao realizar qualquer tipo de transação, mediação, troca, que exija seus dados. O esclarecimento é a chave da emancipação!

 Boa reflexão 

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domingo, 4 de julho de 2021

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SUA ESCOLA TEM UM PROJETO DE INCLUSÃO E RECONHECIMENTO DA DIVERSIDADE?

Durante os últimos tempos, vivemos vários desafios nas escolas. Existem desafios que são sequentes quando se pensa a organização e o funcionamento da escola. Alguns desafios são mais latentes, outros, nem tanto. Outros ainda, foram normalizados como rotina no cotidiano das escolas. Por serem normalizados, acabaram por se tornar comuns/controlados nas práticas educativas. Mas, em especial, gostaria de trazer para reflexão a inclusão e o reconhecimento da diversidade como prática escolar educativa.

A diversidade está tão presente em nossa vida, em especial, na contemporaneidade, que ela acabou por impulsionar movimentos de mudanças dentro das instituições sociais. É o caso da família, das empresas, do trabalho, da religião, da cultura, entre outras e, finalmente, a escola.

Na escola, boa parte dos projetos, tradicionalmente, são decorrentes do currículo. Porém, há que lembrar, que o currículo tem várias vertentes epistemológicas, metodológicas e ideológicas. O currículo sempre corresponde à uma tendência educativa que orienta o saber e o fazer escolar. Algumas escolas, tratam o currículo como algo vivo, compreendendo-o como lugar de conflito, de reflexão, e de ação pedagógica. Outras escolas, tratam o currículo como estratégias de controle disciplinar do corpo e da mente dos seus estudantes. Nesse segundo caso, o currículo não é libertador, é sim, opressor.

No entanto, falar de inclusão e reconhecimento das diversidades e propô-la como prática viva na escola, está em desafiar, em primeiro momento, a observar as fragilidades relacionadas à inclusão de grupos minoritários no contexto escolar. Com certeza, não se trata apenas de incluir, mas de reconhecer sempre em abertura para uma proposta educativa aberta, não opressora.

Assim, a inclusão e o reconhecimento das minorias, deve ser reconhecida não apenas no grupo de estudantes, mas nos professores, gestores, famílias, e todos que compõem a escola. Além do reconhecimento, precisa também ser estendida para comunidade não-escolar, pois é ela que legitima, juntamente com a comunidade escolar a educação como um processo socialmente válido.

Se for do interesse da escola, a proposta parte de um estudo, não apenas de sua implementação, mas de uma sensibilização quanto as diversidades socialmente presentes na escola. Esse ponto é muito importante, pois é através dele que se busca a construção de um contexto de diálogo e de enfrentamento dos preconceitos construídos e legitimados no ambiente escolar.

Após a sensibilização, é hora da implementação. Para esta, é preciso reconhecer quais são os facilitadores e os dificultadores das ações de implementação. Os facilitadores e os dificultadores, são elementos fundamentais pois representam o interesse da escola em implementar as mudanças no processo pedagógico, curricular, de gestão, na política educacional, entre outros.

Por fim, é preciso que a escola se organize com um plano de trabalho, pois o processo não é pontual, de imediata mudança na cultura organizacional bem como no trabalho pedagógico. O plano de trabalho, necessita sempre ser resultado de muito estudo, discussão, abertura, e entendimento da diversidade com flexibilidade à permanente inclusão. 

Incluir a diversidade não basta, é preciso reconhecê-la. Ela está aí, muitas vezes silenciada, calada, oprimida. Reconstruir os espaços de voz, vez, e atividade, não pode ser uma tentativa de normalizar a diversidade, mas de perceber nela mais uma oportunidade de aprendizagem e de saudável convivência.

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