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domingo, 25 de abril de 2010

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O SUCESSO E O INDIVIDUALISMO!

individualismo Desculpem! Mas discordo que precisamos ser individualistas para ter sucesso em nossas vidas!

Certa feita, um professor ao estudar os temas ética e moral, acentua à todos daquela classe que, as mesmas somente são possíveis diante do coletivo. - Não! – Alguém discordou! Afirmou apenas que a base do seu sucesso na sociedade se dá de forma individual, pois o sentimento de mudança é um mero engano e, que não adianta nada, por conseguinte, alguém estar preocupado com a coletividade.

A reflexão que gostaria de trazer a partir dessa premissa acima é a proposta engendrada na mente de nossos jovens de hoje. Muitos acreditam que determinados indivíduos estão bem colocados financeiramente, em um escalão de ricos sobre pobres, devido ao seu excêntrico individualismo. Pois bem, essa geração não tem culpa dessa visão equivocada! Somos nós, educadores, pais, lideres políticos que acabamos impulsionando os mesmos a pensarem assim. Somos culpados por uma sociedade que apenas reflete quando chega ao seu extremo, quando vê diante de seus olhos os seus semelhantes esgrimidos pela fome e pela dor do sofrimento que aterroriza a vida de cada um e de todos. Sociedade esta que, moralmente impregnada pelo absurdo dos noticiários exagerados e cheios de ideologias carregam todo dia em suas páginas sujas de sangue, do meu e do seu dinheiro, a extorsão dos princípios da dignidade e da liberdade humana.

Não escrevo para redimir meu olhar da escravidão estúpida que homens e mulheres cultivaram em nome da ordem e do progresso, esquecendo que, não pode haver progresso sem desenvolvimento humano. Por outro lado, não foi apenas o sangue dos mártires que renovaram e renovam até hoje a esperança de algum tipo de mudança social, mas a característica intrínseca de cada um de nós ao afirmar que somos humanos.

Sucesso? Sucesso individual é culpa. Não se pode ajustar a dinâmica social destruindo e esfacelando o sentimento de um povo que respira mudança, mas se encontra agonizado pelos exemplos que dia após dia arrastam milhares de pessoas, inclusive nossas crianças e jovens à modelos implantados na sociedade sob a base do espetáculo. Querem fazer do homem aquilo que ele nunca foi: uma máquina! Querem a produção à qualquer custo! Querem fazer do consumo o sustentáculo do progresso! Querem fazer de cada um de nós meros credores do sucesso, enquanto nos tonificamos com pequenos goles de individualismo. Querem a diferença a qualquer custo, enquanto desacreditam na harmonia de uma sociedade que luta pela sobrevivência. Querem o sucesso, mas esquecem da coletividade.

E para terminar, não vivemos em uma sociedade baseada no modelo de um circo, onde dia após dia uns fazem micagens e somos apenas meros “receptores”, mera plateia emburricada pela cultura emergida em interesses econômicos. Querem nossos aplausos? Não somos plateia, somos protagonistas deste espetáculo que se chama vida! E, nessa formamos nossas identidades coletivas, nosso papel social e nossa responsabilidade. Sem você, sou apenas eu; com você somos mais, somos nós!

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sábado, 17 de abril de 2010

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REINVENTAR A INTELIGÊNCIA!

A grande distinção entre o homem e o animal é a inteligência. Percorrer criatividade1os caminhos e os descaminhos desse processo significa trilhar os processos de significado e repressão que damos às nossas vidas. A inteligência sempre foi algo a ser discutido, aberto às críticas e sem um conceito pronto. Alguns dizem que ser inteligente é se adequar às necessidades que a sociedade impõe aos indivíduos, ou seja, a cada dia você é posto diante de novos desafios em seu trabalho, estudo, vida, etc., é no saber negociar nesses espaços que você demonstra sua inteligência. Outros já discordam dessa postura, pois investigam que, ao passo que a sociedade determina os meios de sobrevivência está também construindo o conceito de Inteligência, nesse caso, ser inteligente significa aceitar passivamente àquilo que outros nos impõem como fundamental para conviver.

Ao estarmos inseridos em um mundo em constantes mudanças, aponta-se para a inteligência como a capacidade de ser criativo.

Durante anos, a ideia de criatividade estava restrita somente ao campo das artes que, fenomenalmente apontava grandes gênios. A criatividade estava apenas a serviço da elite social, ou seja, a contemplação da magnitude de uma obra dependia exclusivamente do olhar da classe social dominante. Essa visão muda ao passo que não se polariza mais este campo, igualmente, com a expansão da arte nas mais diversas classes sociais, também se produz ali o novo conceito de inteligência.

Ser inteligente significa ser criativo! E ser criativo significa criar conexões entre àquilo que não é, com o que já está. Diante da loucura inusitada dos negócios diários, muitas vezes ficamos aglutinados em um espaço que é destinado somente à reprodução daquilo que os outros produzem. Já, na nova postura, essa visão não é possível.

Basta você observar que, em fase inicial de sua vida, o ser humano parece ser mais criativo. Para ele o mundo é uma pergunta. Acontece que, ao passo que essas perguntas vão sendo respondidas (na maioria das vezes com respostas impostas pelo poder do pai, mãe, professor, etc.), vamos nos afastando da inclinação crítica, ou seja, abandonamos nossa criatividade, portanto, nossa inteligência.

Ao estabelecer os padrões socialmente aceitos, construímos um protótipo de pessoa não agregado no valor da criação e sim, da reprodução de ideias socialmente produzidas. Cabe à nossa capacidade crítica a desestabilização e a abertura às novas perguntas sobre as velhas “verdades”. Cada um demonstra sua inteligência ao passo que se insere como crítico nos espaços sociais.

Dessa forma, vivemos um momento de reinventar a inteligência, não baseada em artifícios metálicos, mas na perspectiva humana. As invenções da técnica e da robótica acentuaram a necessidade do aperfeiçoamento e melhoraram o acesso às informações e outras, mas dispensaram o esforço como ponto de partida para qualquer forma de desenvolvimento.

Assim, vivemos um tempo de constantes mudanças, e a maior delas parece ser a necessidade de reinventar a inteligência.

"A inteligência é feita por um terço de instinto - um terço de memória - e o último terço de vontade." (Carlo Dossi)

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domingo, 11 de abril de 2010

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EDUCAÇÃO: SUPERAÇÃO DO PENSAMENTO MECÂNICO!

Segundo Durkheim (1858-1917), sociólogo considerado um dos pais da sociologia moderna, a vida em sociedade passa por dois estágios: a solidariedade mecânica e a orgânica. Para entender essas duas formas de solidariedade social, Durkheim fala que todos nós somos pré-condicionados em nossas ações, ou seja, nossas ações são determinadas pelos fatos sociais. Estes são entendidos como os modos de vida, língua, costumes, hábitos, formas de pensar, política, educação, etc.

chaplinA Solidariedade Mecânica na acepção durkheineana de sociedade, pode ser comparada ao funcionamento e a estrutura de um relógio. Esse modelo nos remete a pensar em um sistema formado por engrenagens, onde necessariamente uns não necessitam dos outros para sobreviver. Quando uma engrenagem já não serve mais (por desgaste ou outro problema) ela é imediatamente substituída para que o sistema mecânico do relógio volte a funcionar em perfeita harmonia. No sistema social mecânico, vivemos acertadamente o que a analogia do relógio significa. Para tanto, basta observar no mercado de trabalho funcional: quando um trabalhador não está mais adequado para tal função, ele é descartado.

Já a Solidariedade Orgânica prevê um modelo social baseado na analogia de um corpo orgânico, onde cada órgão é individual mas necessita do outro para executar bem sua função. Por exemplo, o coração precisa do pulmão, o pulmão precisa do cérebro, o cérebro…etc. Assim, se observado no tecido social e em toda sua esfera de funcionamento, percebemos que independente da profissão que cada um tem, todos precisam uns dos outros. Àquilo que eu produzir é inerente e necessário à sua sobrevivência. Os socialistas criticaram Durkheim no quesito da produção de uma sociedade extremamente individualista, ou seja, cada um, segundo a concepção dos socialistas, acaba buscando aquilo que lhe convém. Durkheim rebate a crítica com a ideia de que, justamente por ser de esfera individual, nessa solidariedade é que uns precisam dos outros, pois aquilo que eu produzir não somente me basta para sobreviver.

Se aplicado essas teorias às concepções pedagógicas em educação, observamos que o interessante seria o desenvolvimento das competências e habilidades individuais; sem antes, perder o sentimento de coletividade. Afinal, o modelo mecânico não inova, apenas reproduz.

Está na hora de parar o funcionamento do relógio e compreender que não é o tempo ou o seu funcionamento que dá vida à sociedade, mas a criatividade que se emprega nesse tempo, ou ainda, o seu significado. Educação precisa de significado! Enquanto não há significado, as engrenagens do relógio continuam a fazer o seu belo trabalho, mesmo sem saber por quê o fazem.

Nasce da visão orgânica da sociedade um sentimento de que pertencemos uns aos outros. Surge a concepção de que vivemos um tempo em que precisamos cada vez mais uns dos outros para sobreviver, à isto chamamos de era planetária. Não dá mais para imaginar que a natureza, o outro homem estão à nosso serviço, portanto, devem ser explorados! Não dá mais para pensar um mundo sem solidariedade, sem educação!

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segunda-feira, 5 de abril de 2010

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MUDANÇA DE MENTALIDADE!

Há uma história já clássica, que muitos conhecem, que se conta que um ser humano abandonou a terra e viajou, durante algum tempo, à velocidade da luz. Em seu regresso ao mundo, para ele haviam passados apenas alguns anos, mas para aqueles que aqui viviam, já não sabiam quantos milhares de anos se haviam idos. Em seu desconcerto, nosso personagem não sabia mais de nada, apenas queria encontrar um lugar para se consolar; e o teria encontrado: a Escola. Este ambiente ainda estava à seu contento!

Diante de tamanho descontento com a escola, com seu modo de ser e existir, perguntamos além da sua natureza, também a sua necessidade social. A Escola é uma instituição social que merece ser reconhecida como portadora de uma função social especial: a tarefa e o sentido ético, o compromisso com a formação de cidadãos críticos e autocríticos, despertar a escuta e o gosto pelo ouvir, instigar a esperança nos corações, desenvolver a inteligência para os sentimentos e as ideias, preparar para o fracasso e para a frustração (que também é possível), despertar o senso de humor, a curiosidade, enfim…, formar adultos de qualidade, comprometidos politicamente com o meio em que vivem. Para tanto, precisamos reconfigurar as políticas educacionais que dão base para o seio da formação escolar.

Reformular políticas de educação significa pensar que os desafios do ensinar e aprender na contemporaneidade estão nas mãos de mentes abertas, pessoas que perceberam a fragilidade do ser humano e, no entanto, exigiram de si mesmos uma mudança de mentalidade. Mudar a mentalidade não significa em primeiro momento mudar a forma de fazer as coisas, mas sim, desenvolver a consciência de que, uma vez em mudança todos os aspectos da sociedade, também se faz necessário alavancar o processo de mudança no perfil educacional.

Para tanto, é necessário elaborar algumas perguntas: Onde estamos? Para onde pode nos levar a realidade em que vivemos? Que princípios vale a pena cultivar por que o são universais? Onde é preciso corrigir e mudar? O que temos que fazer? Como eu posso contribuir?

A partir dessas interrogações, percebemos que o aprender e o ensinar são dois eixos que articulam a vida. É o epicentro da paixão pela educação, pela escola, pelo professor e em especial, um compromisso específico da natureza humana.

Tenho medo de que esse projeto seja apenas uma utopia (como o próprio nome diz, ‘que não se encontra em lugar algum’). Tenho medo de que essa voz que grita pela mudança educacional seja silenciada pela força e pelo poder da opressão. Suspiro pelas pequenas iniciativas de alguns professores e escolas, e que têm um forte papel social diante da causa política em educação.

A mudança tão esperada aqui, como já dito, não é apenas da estrutura, mas da compreensão e da destruição dos moldes neoliberais – ainda, é acima de tudo, uma mudança de mentalidade.

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