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domingo, 25 de abril de 2021

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A PARTICIPAÇÃO FAMILIAR RESPONSÁVEL E A APRENDIZAGEM ESCOLAR DOS FILHOS

Sem pretensão de generalização, gostaria de trazer um ponto que serve para a reflexão quanto a aprendizagem escolar: filhos responsáveis são oriundos de famílias onde é a relação é baseada na interação e participação responsável.  

Todos nós, desde o momento em que nascemos, vamos nos constituindo mediante aprendizagens. Não nascemos prontos, tão pouco, findamos nossa trajetória da forma que iniciamos. Nascemos com possibilidades, no que se refere a relação com os outros, com a cultura, com a história já construída e em construção.

Nessa trajetória, vamos constituindo laços de responsabilidades que se refletem em aprendizagens que  estão implícitas na forma como nosso grupo familiar e social participa. Quando nos deixamos de participar, deixamos de lado oportunidades de ampliar nossa aprendizagem, consequentemente, todas as competencias oriundas da responsabilidade. Na família não é diferente, a participação dos pais implica diretamente na educação e na aprendizagem escolar dos filhos. 

A interação participativa familiar, configura as bases da formação sociocultural dos filhos. Dessa forma, os filhos vão se tornando mais maduros em relação à aprendizagem, na medida em que se tornam membros de uma comunidade (seja ela escola ou a família), ou de um mundo compartilhado subjetivamente pelo seu grupo social de referência.

É pela interação e participação que os indivíduos formam-se, seja no âmbito da estrutura de sua personalidade, e ao mesmo tempo, no grau de participação assumidos com responsabilidade na sociedade. A responsabilidade e a participação fazem com que os filhos passem a compreender à si mesmos, permitindo agirem autonomamente e de modo responsável diante de si, diante da sociedade e da cultura. 

Portanto, a participação da família é o horizonte norteador a partir do qual os filhos vão configurando seus processos de aprendizagem - inclusive, aprender a ser gente - enquanto construção de personalidade, frente à cultura, à história e à sociedade. Dessa forma, entende-se que o ser humano, tendo por referência a sua construção, cria relações de proximidade e ampliação de suas potencialidades, a partir do momento que interage de maneira decisiva com seu grupo familiar. 

No espaço familiar, as pessoas têm a possibilidade de aprender uns com os outros, reconstruindo os seus saberes e a sua identidade, em processos de concordância e conflito. Caso não ocorra a relação comunicativa entre a família e os seus, deixa de existir o essencial no processo de formação e de aprendizagem: a comunicação. 

Por fim, cabe dizer ainda, que é no mundo da vida, em especial, no grupo familiar, que o sujeito inicia e dá continuidade aos seus processos de aprendizagem. No entanto, não basta estar inserido, é preciso participar. Mais do que isso, é preciso transformar as orientações educativas em reflexão e vivências. A partir dessa transformação, os sujeitos são capazes de desenvolverem suas aprendizagens objetivas, culturais, sociais e subjetivas, elos garantidores de sucesso em suas aprendizagens.

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sábado, 17 de abril de 2021

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A Era da “Pós-verdade” e os desafios da Educação

Vivemos um tempo em que os fatos objetivos influenciam menos na formação de opinião, do que aqueles que apelam para a emoção e a crença pessoal. Esse conceito é central quando se busca compreender e refletir sobre a sociedade da informação, a cibercultura e suas potencialidades e consequências. Mas afinal, o que é a pós-verdade? Qual é a relação e o compromisso que a educação tem com essa Era?

A pós-verdade é um conceito estudado, pesquisado e debatido por um filósofo chamado Pierre Levy. Para explicar o conceito, Pierre Levy parte do entendimento que estamos vivendo um segundo dilúvio: o dilúvio de informações e conexões. Lembrando que o primeiro dilúvio é o bíblico, vivido por Noé e sua Arca.  

O segundo diluvio faz parte de um “Novo Universal”, onde ocorrem transações contratuais, contatos aparentemente amigáveis, troca de conhecimento, transmissão de valores e, descoberta pacífica de diferenças. É nesse novo universo que se insere e se desenvolve a cibercultura. No cenário de Redes que a cibercultura se dinamiza através de um conjunto de técnicas, práticas, atitudes, pensamentos e valores que colocam em jogo o tradicional conceito de verdade. 

A Verdade passa ser produzida por interconexões de mensagens entre as diferentes comunidades virtuais com sentidos variados e, de renovação permanente. No entanto, ao produzirem as mensagens, as comunidades virtuais dinamizam e as atualizam com apelos diretos para a emoção e a crença pessoal, formando assim, opiniões desconexas da realidade.

Nascem aqui as Fakes News, que estão inseridas na cibercultura, fundamentadas por serem exponenciais em seu crescimento, explosivas em seu desenvolvimento e compartilhamento e, caótica em suas consequências.  

O desafio para a educação, em especial a escolar, está em fazer o movimento que Noé realizou no primeiro dilúvio. Noé, ao perceber que nem tudo que queria caberia na Arca, resolveu selecionar o que considerou de melhor. O critério estava em poder dar continuidade à cultura com aquilo que a própria cultura tem de bom. Não se trata de uma abordagem excludente, mas de prioridades necessárias à continuidade do sentido, seja do conhecimento ou até mesmo, da própria escola.

Se o desafio da escola era, em tempos idos, pensar “o que ensinar?” e, mais tarde,  “como ensinar?”, hoje está em encontrar o sentido do que e naquilo que se ensina. 

O sentido está na intenção e no projeto educativo da Escola. Uma vez voltado para a formação integral do estudante inserido no “Novo Universal”, localizado na cibercultura e apoiado em pós-verdades, o sentido corre o risco da fake news. Para tanto, todos somos convidados à reflexão continua sobre qual postura ética estamos verdadeiramente conscientes. 

Assim, as potencialidades do “Novo Universal”, não podem serem sufocadas, mas exploradas; sem com que, no entanto, a cibercultura possa ampliar-se e desenvolver-se a partir de influências positivas sobre a vida das pessoas,

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sexta-feira, 9 de abril de 2021

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PERCEBER-SE E SER PERCEBIDO!

Desde o início da Pandemia, toda a sociedade transformou-se, e os professores não ficaram de fora dessas transformações. De 2020 para cá, muitas mudanças aconteceram no campo da educação. Em alguns momentos, as salas de aula ficaram vazias, em outros, alguns estudantes preencheram os espaços que eram permitidos nos protocolos. Independente do lugar ou da condição, lá estavam os professores, seja online, seja presencialmente. Os professores, em momento algum abriram mão de sua responsabilidade educativa.  

No momento em que nos formamos professores, em especial na formatura da graduação, realizamos um juramento ético para com a profissão. Cumprimos este juramento todos os dias, faça chuva, sol, frio, calor, crise econômica, desemprego, Copa do Mundo, campanhas políticas ou Pandemia.  

É fato que algumas pessoas, por não verem mais os professores nas escolas, suspeitam que os mesmos não estão trabalhando. Inclusive, muitas vezes, julgam apressadamente denigrindo a 

Não se sabe ao certo, se essa percepção já existia antes da Pandemia, ou se é decorrente do cenário e suas transformações. Cabe informar que o trabalho do professor não parou. Os professores adaptaram-se rapidamente às necessidades que foram surgindo com os desafios gerados pelos imprevistos da pandemia.  

A sala de aula da escola, foi para a sala de estar da caso, o quarto, o escritório, a garagem, e tantos outros espaços que cada um foi significando. Câmeras foram sendo instaladas em todos os cantos, novas assinaturas de internet ampliando a velocidade para poder oferecer um serviço com mais qualidade, quadro sendo pendurados pelas paredes da casa, livros espalhados por todos os lugares, isolamento acústico nas portas janelas, entre outros. Investimentos estes, que não só os professores fizeram, mas também as próprias famílias. Tudo isso, por um único objetivo: fazer acontecer e favorecer a aprendizagem e o ensino.  

Como qualquer outro profissional, o professor é um ser humano que tem uma bagagem histórica, econômica, cultural, emocional. Se a preocupação que afligiu a maioria da população brasileira foi a crise econômica derivada e aguçada pela pandemia, o professor também passou por essa crise.  

Perceber e ser percebido, são duas ações e somente podem ser realizadas por pessoas que tenham um profundo senso de humanidade, que saibam se colocar no lugar do outro. Pessoas  que são capazes de reconhecer que o esforço que cada um faz para melhor fazer aquilo que realiza, merecem aplausos.  

Mas há também, aquelas pessoas que não conseguem perceber o outro, porque se interessam demais consigo mesmas. Esse exagero de si, infelizmente, produz um sujeito egoísta, individualista. É preciso que olhem ao seu redor, percebam a diversidade, as diferenças. apenas percebam... 

Não é momento para a sociedade fragmentar-se sobre determinados entendimentos; ou pior, momento em que cada um se agarra naquilo que considera o melhor para si. É momento, sim, de perceber, ser sensível, colocar-se no lugar do outro, ter senso de entendimento,  buscar o consenso, refletir mais que julgar, construir e reconstruir-se sempre.  

Professores e não professores! Unamo-nos! 

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sábado, 3 de abril de 2021

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PÁSCOA - DO HEBRAICO PESSACH...PASSAGEM!

                       

Entre os diferentes problemas sociais que temos hoje, aquele que parece preocupar a maioria das pessoas é a violência. Quando falamos em violência, normalmente associamos o nosso entendimento à criminalidade e ao uso da força física. Talvez, tenhamos esse entendimento presente, pois a palavra violência tem origem no latim “vis” e significa “força”. Dessa forma, o uso da força de forma impositiva exagerada, produz a violência. 

No entanto, existem diferentes formas de violência. A violência não se caracteriza apenas por tapas, socos, pauladas, cortes, etc., mas também sobre forma de brincadeiras depreciativas, agressão verbal, agressão moral, e toda forma de desrespeito contra o ser humano.  

Além dessas formas, a nossa sociedade é impulsionada fortemente ao lucro, o consumismo, ganância, egoísmo, corrupção, descaso com os serviços públicos, entre outros. Vivemos cotidianamente essa seara de situações geradoras de violência. Entre as pessoas violentadas estão os jovens, idosos, negros, mulheres, desempregados, pessoas com deficiência, entre outros. 

Diante de todos os desafios para o enfrentamento da violência, assegurar o direito à uma vida digna, é o maior deles. Discutir e combater as causas da violência, é um trabalho um tanto exaustivo, pois a violência combina problemas de ordem familiar, econômicos e sociais. para combatê-la, precisamos ter ações educativas voltadas às instituições, ao indivíduo e à sociedade. 

No campo das instituições sociais, é necessário um novo modelo político, com governantes mas atentos e sensíveis aos direitos humanos, à integridade da pessoa, seja no campo da justiça, da liberdade e da solidariedade. Junto a isto está a erradicação da pobreza, da fome, da miséria, reduzindo as desigualdades sociais e protegendo/ promovendo o bem de todos,  independente dos conceitos de cor, raça, sexo, idade, etc. 

No plano de sociedade, é necessário que a sociedade esteja organizada, fazendo o que com isso os políticos eleitos possam sentirem-se apoiados e fiscalizados pela sociedade civil.  

No plano do indivíduo, precisamos ser sujeitos ativos, verdadeiros estudiosos, dispostos a lutar pela paz, pelo exercício dos direitos cidadãos, pela promoção da vida e o seu sentido. 

São muitas as mudanças necessárias para que a vida em sociedade seja melhor, mais valorizada. Compreender essa dinâmica, é fazer passagem. Páscoa é passagem! Fazer a passagem é desafiador, gera crise, dessacomodação, e transformação. Você está preparado (a) para isso?  

Feliz e Abençoada Páscoa!  

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