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sábado, 17 de abril de 2021

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A Era da “Pós-verdade” e os desafios da Educação

Vivemos um tempo em que os fatos objetivos influenciam menos na formação de opinião, do que aqueles que apelam para a emoção e a crença pessoal. Esse conceito é central quando se busca compreender e refletir sobre a sociedade da informação, a cibercultura e suas potencialidades e consequências. Mas afinal, o que é a pós-verdade? Qual é a relação e o compromisso que a educação tem com essa Era?

A pós-verdade é um conceito estudado, pesquisado e debatido por um filósofo chamado Pierre Levy. Para explicar o conceito, Pierre Levy parte do entendimento que estamos vivendo um segundo dilúvio: o dilúvio de informações e conexões. Lembrando que o primeiro dilúvio é o bíblico, vivido por Noé e sua Arca.  

O segundo diluvio faz parte de um “Novo Universal”, onde ocorrem transações contratuais, contatos aparentemente amigáveis, troca de conhecimento, transmissão de valores e, descoberta pacífica de diferenças. É nesse novo universo que se insere e se desenvolve a cibercultura. No cenário de Redes que a cibercultura se dinamiza através de um conjunto de técnicas, práticas, atitudes, pensamentos e valores que colocam em jogo o tradicional conceito de verdade. 

A Verdade passa ser produzida por interconexões de mensagens entre as diferentes comunidades virtuais com sentidos variados e, de renovação permanente. No entanto, ao produzirem as mensagens, as comunidades virtuais dinamizam e as atualizam com apelos diretos para a emoção e a crença pessoal, formando assim, opiniões desconexas da realidade.

Nascem aqui as Fakes News, que estão inseridas na cibercultura, fundamentadas por serem exponenciais em seu crescimento, explosivas em seu desenvolvimento e compartilhamento e, caótica em suas consequências.  

O desafio para a educação, em especial a escolar, está em fazer o movimento que Noé realizou no primeiro dilúvio. Noé, ao perceber que nem tudo que queria caberia na Arca, resolveu selecionar o que considerou de melhor. O critério estava em poder dar continuidade à cultura com aquilo que a própria cultura tem de bom. Não se trata de uma abordagem excludente, mas de prioridades necessárias à continuidade do sentido, seja do conhecimento ou até mesmo, da própria escola.

Se o desafio da escola era, em tempos idos, pensar “o que ensinar?” e, mais tarde,  “como ensinar?”, hoje está em encontrar o sentido do que e naquilo que se ensina. 

O sentido está na intenção e no projeto educativo da Escola. Uma vez voltado para a formação integral do estudante inserido no “Novo Universal”, localizado na cibercultura e apoiado em pós-verdades, o sentido corre o risco da fake news. Para tanto, todos somos convidados à reflexão continua sobre qual postura ética estamos verdadeiramente conscientes. 

Assim, as potencialidades do “Novo Universal”, não podem serem sufocadas, mas exploradas; sem com que, no entanto, a cibercultura possa ampliar-se e desenvolver-se a partir de influências positivas sobre a vida das pessoas,

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