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sábado, 26 de junho de 2021

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A RELAÇÃO INDIVÍDUO E SOCIEDADE

Quando pensamos na relação indivíduo e sociedade, percebemos que muitas coisas mudaram desde que começamos a entendê-la. Essas mudanças acarretam melhorias ou prejuízos à vida social do indivíduo. 

A relação do indivíduo e a sociedade, em um estado de normalidade, precisa ser sadia. No entanto, o que se observa é que muitas vezes essa relação é marcada por conflitos de ordem generalizada em muitos aspectos funcionais da sociedade. Os conflitos colocam em risco a segurança, ou até mesmo a fragmentação do indivíduo com as diferentes instituições sociais. 

A vida do indivíduo em sociedade é marcada por fatos sociais, que são a maneira de ser, pensar, sentir, dos mesmos dentro da sociedade. Os fatos sociais são coercitivos, quando pensamos a relação indivíduo-sociedade. É a partir da coerção da sociedade sobre o indivíduo, da consciência coletiva sobre a consciência individual, que as pessoas vão formando suas diretrizes para viver em sociedade. Não quer dizer que não há liberdade, mas que, a partir dessa coerção, é importante refletirmos sobre como está a saúde da sociedade.

Quando os fatos sociais extrapolam os limites da normalidade social, temos uma sociedade patológica. Pensar em uma sociedade anomica, doentia ou patológica, é entender que os fatos sociais produzidos pela consciência coletiva sobre os indivíduos em sociedade, traduzem a saúde das instituições sociais. Observamos, porém, que as instituições sociais como família, escola, Igreja, e o Estado, como dito anteriormente, coagem o indivíduo em todo o seu processo de construção e vida social. Dessa forma, o indivíduo será o reflexo da saúde social. Uma sociedade patológica, terá indivíduos da mesma ordem.

Não se trata, porém, de estabelecer um padrão de indivíduo social, mas de reconhecer algumas diretrizes que podem orientar a paz, harmonia, e as relações saudáveis entre os indivíduos e sua vida em sociedade. Sempre há abertura para o livre-arbítrio, mas este precisa também ser entendido como uma construção consciente do indivíduo social.

Assim, a educação como fenômeno social, implica em essência, em ser um elemento fundamental, quando pensamos as novas gerações e seu papel social. Tudo passa pela educação. Abrir mão da boa gestão da educação, seja ela familiar, escolar, moral e ética, é comprometer o futuro das pessoas com diferentes tipos de patologias sociais. 

Hoje, vivemos o reflexo de uma sociedade construída sobre o silenciamento político, da ausência deste debate na família, na escola, na Igreja. As instituições sociais, tem papel fundamental quando se pensa educação e o futuro da humanidade. 

O futuro pode (veja bem, “pode”) ser construído a partir de uma relação saudável entre o indivíduo e sociedade. Isso não quer dizer que precisa obedecer aos parâmetros estabelecidos e configurados no contexto de hoje. O futuro é sempre uma construção em perspectiva: devemos colocar o melhor de hoje, na perspectiva do amanhã.

Mesmo que o hoje ofereça condições limitadas ao que estávamos acostumados, ele também traz muitas possibilidades. Questionado, um jovem assim me respondeu: "A grande mudança dos nossos tempos, está na educação." Esse jovem percebeu aquilo que muitas pessoas e não percebem: educação não significa transmissão, mas um processo continuo de transformação da vida e das pessoas em uma sociedade em transformação.

Por fim, a relação do indivíduo com a sociedade em nossos tempos, exige que dialogamos com as instituições sociais, de forma sadia, orientados por um processo educativo dinâmico, preservando os valores éticos, morais, espirituais, do indivíduo, que também está em constante processo de transformação.

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sábado, 19 de junho de 2021

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AS MELHORES ORGANIZAÇÕES CONTAM COM OS MELHORES COLABORADORES!

A cultura é uma construção humana. As organizações sociais, são construções culturais. Não nascemos culturais, nem tão pouco, é natural em nós a convivência em organizações sociais. Quando decidimos viver culturalmente, nos colocamos diante dos outros. Por isso, criamos em nossas organizações sociais diferentes culturas, que vão diferenciando-se, e nos diferenciando dos outros grupos sociais.

As organizações sociais estão organizadas a partir de princípios que podem ser sintetizados em sua filosofia, missão e valores. O conjunto dessa tríade, indica os princípios da cultura de uma organização. 

Se observarmos no cenário atual, vamos perceber que dentro de uma mesma cidade, podemos encontrar diferentes culturas organizacionais em um mesmo segmento de trabalho. Encontramos escolas, no segmento da Educação, com diferentes culturas organizacionais. Isso implica na organização do trabalho, e nos fins que o mesmo se propõe. Há escolas, por exemplo, em que a cultura organizacional é pautada em princípios de formação humana, sendo que esses mesmos princípios se refletem na educação que os estudantes vivenciam nesse ambiente. Por outro lado, algumas escolas estão voltadas à competitividade, de igual forma, esse princípio se reflete nas relações entre os colaboradores e e os estudantes.

Alguns profissionais, colaboradores de organizações com cultura organizacional voltada para a competição, acabam limitando seu trabalho, quando o seu perfil profissional não se acomoda em relação ao institucional. Assim, observa-se diferentes elementos em discrepância. Entre eles, o potencial de aprendizagem e de produção de cada profissional. Por isso, em ambientes assim, normalmente se aplica o ajustamento do colaborador à cultura organizacional através de cursos de formação, ou mesmo de acompanhamento profissional.

Quando isso acontece, algumas organizações preferem o desligamento do colaborador, entendendo que essa seja a melhor forma de resolver a questão. Estas organizações correm o risco desperdiçar um potencial profissional que pode alavancar soluções em diferentes situações.

Visualizando o campo da gestão, onde perpassam diferentes entendimentos sobre cultura organizacional, políticas, e interesses profissionais, parece ser necessário considerar a cultura organizacional, bem como o potencial de aprendizagem do colaborador em direção há três elementos:

1. Fazer tudo muito bem feito! - A organização cresce quando o colaborador também cresce. O crescimento profissional e pessoal do colaborador não pode representar uma ameaça para a Organização. O reconhecimento e o crescimento profissional é oportunidade de fazer tudo muito bem feito. Quando digo isso, visualizo que muitos colaboradores ao perceberem que não estão satisfeitos com o seu crescimento e o crescimento da instituição, começam a fazer o possível, mas não o seu melhor. Portanto, "fazer tudo muito bem feito", é resultado de satisfação, crescimento pessoal e profissional e também organizacional.

2. Fazer sempre o bem! - As relações saudáveis são fundamentais dentro de qualquer organização. Agir eticamente, respeitando a filosofia organizacional e suas implicações nas relações que ali existem, é também visualizar e praticar o bem. Dessa forma, a oportunidade do trabalho orientado pela ética, é também a possibilidade de ampliar o convívio social na organização. A prática do bem, melhora a saúde da organização, tornando as relações profissionais, pessoais e organizacionais mais alinhadas.

3. Estar sempre alegre! Mover-se pela esperança! - Entre os muitos desafios das organizações na atualidade, está a motivação. Alegria é o que move a esperança. Em um espaço cultural em que a esperança e alegria se encontram, há motivação. Quando pelo contrário, impera o conflito, a falta de perspectiva, e a ausência de boas relações, o rancor e os constantes ataques difamatórios.

Por fim, essa pequena reflexão serve tanto para as organizações, quanto para seus colaboradores. Refletir acerca do papel do colaborador em relação à organização, ou mesmo, da organização em relação ao colaborador, é um desafio constante dos gestores, sejam eles públicos ou privados. Os melhores colaboradores, com certeza, estão nas melhores organizações. E, para não ser redundante, as melhores organizações são privilegiadas com uma cultura organizacional construída e vivenciada pelos melhores colaboradores.

Boa leitura, belas reflexões!

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sábado, 12 de junho de 2021

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QUEM É ELE?

Para muitos, ele caiu em desuso. Para outros, ele está mais presente do que nunca. Para outros ainda, ele é fruto da autoridade. Para alguns outros, em que autoridade é constituída pelo conhecimento e pela experiência de vida, ele deve continuar existindo. Para esses últimos, mais do que autoridade do poder, ele é constituído pela autoridade do saber. E esse saber não se restringe a algum tipo de conhecimento específico, mas à uma condição de humildade, de reconhecimento, em que ele é necessário. Mas quem é ele? De quem estamos falando?

Em nossa primeira condição existencial, a infância, ele está presente na relação entre pais e filhos, na família. Depois vamos crescendo, e ele vai nos acompanhando. Entramos na escola, e ouvimos o discurso de que " ele se aprende em casa". No entanto, sabemos que a escola tem papel fundamental para o seu aprendizado e para sua vivência. Ele não está nos currículos escolares, mas está nas relações escolares. Não há uma lei na escola sobre ele, mas há consenso sobre o seu bom uso.

Conforme vamos crescendo, ele vai nos acompanhando. É difícil conviver com ele, pois ele exige que aos poucos, devemos superar nossa condição contraditória entre o que pensamos e o que fazemos. É difícil, mas não é impossível! Crescer, nesse sentido, significa, aprender a conviver com os dilemas éticos em que ele nos impõe. Entre esses dilemas, encontramos a necessidade de fazer dele uma troca: ninguém o tem, se também não o der. É uma via de mão dupla: você só receberá, se tiver a capacidade de dá-lo.

Na condição do trabalho, ele também está presente. Não podemos separar o que somos, daquilo que fazemos. O trabalho é a nossa condição fundamental de transformar a natureza em cultura. Ao passo que, quando isso acontece, também nos transformamos. Porém, transformar-se implica, necessariamente, em tê-lo presente. Uma vez destituída a sua presença na relação de trabalho, diminui-se a condição da dignidade, da liberdade e da humanidade do trabalhador.

Nas relações de governo, de gestão pública, ele também está presente. Deveria ser prática do gestor. Porque gestar não é um processo voltado para o benefício de quem gesta, mas o reconhecimento da intenção daqueles que votaram nele, que o dão crédito. Negar essa intenção é negá-lo. O bem político, é um dos maiores patrimônios que a humanidade têm. A política, é o conjunto das relações que torna possível a convivência dentro de uma sociedade. A partir do momento em que os políticos o negam, também eliminam a possibilidade de uma sociedade melhor.

Ainda, sua presença está implícita nas nossas relações com a natureza, na relação de integração do homem com a natureza; mas propriamente, no reconhecimento de que somos interdependentes. Ele não está presente na visão de que somos parte da natureza, porque quem assim vê, se vê separado da natureza. Mas em uma relação de complexidade, tudo que está em nós, também está na natureza. Tudo que constitui a natureza, também constitui a nossa própria natureza, constitui quem somos. 

Acima de tudo, ele está presente em tudo. Você já deve ter se questionado, de quem estamos falando? Quem é ele? Pois bem, não se trata de uma pessoa, mas de uma condição fundamental para ser pessoa. Não se trata de algo que se compra, de algo que se transfere, de algo que se ganha ou se perde. Não se trata de algo que se pode se tirar vantagem; algo que assegure status, fama, ou que legitime uma posição privilegiada na sociedade. Mas é a partir dele e nele, que nos constituímos como gente, gente constituída por gente. Ele é o respeito! 

Boas reflexões! 

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domingo, 6 de junho de 2021

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DIA NACIONAL DA LIBERDADE DE IMPRENSA - Da Ética, da Moral, da Educação


No dia 7 de junho, comemoramos o Dia Nacional da Liberdade de Imprensa. Todo o Artigo 5º de nossa Constituição trata do tema da liberdade. Mas afinal, o que significa liberdade? Qual é a relação que esta tem com a Moral e a Ética e a Educação?

O tema da Liberdade, é sempre, entre os seres humanos, uma das questões que leva-os a refletir filosoficamente não apenas sobre suas ideias, mas também sobre suas ações. Liberdade é uma palavra que reflete juízos, conceitos e abordagens teóricas, apresenta muitos e diversos entendimentos.

Possivelmente você já ouviu a expressão "Sinto-me livre como um pássaro...". Essa expressão, não passa de uma metáfora. Segundo o filósofo alemão Imannuel Kant, mesmo o pássaro ágil, ainda é impedido de voar contra a resistência do ar. No entanto, se a resistência não existisse, seria impossível a este pássaro voar. No tocante à  condição do voo como Liberdade, é importante observar que a resistência do ar serve de suporte, pois seria impossível voar no vácuo. Assumir a condição do pássaro, é também perceber que é diante de uma situação de resistência, que o ser humano pode sustentar a sua liberdade. Caso contrário, poderíamos incorrer no engano de ser livre, assim como o pássaro poderia considerar que ser livre, é voar no vácuo - manobra impossível de ser realizada.

Portanto, para refletirmos sobre a liberdade e suas possíveis causas ou consequências, apresento uma reflexão sobre a postura ética e moral que servem para orientar a liberdade, seja ela teórica ou prática. 

Para iniciar a reflexão sobre a questão ética, não é possível pensar em ser livre, sem considerar a ética como causa e a moral como consequência. Todo ato de liberdade é sempre orientado por uma concepção ética. A ética é o princípio teórico e reflexivo que cada indivíduo tem em sua concepção de entendimento que orienta sua ação. Assim, a moral (que são as normas estabelecidas no coletivo social), é a prática dos princípios e concepções éticas. Muitas vezes, os princípios éticos acabam entrando em conflito com com as normas morais. As normas morais determinam o certo e errado, enquanto que os princípios éticos são sempre orientados pelo bem e o mal.

A relação da liberdade com a ética e a moral, é próxima. Ninguém pode se considerar livre, sem ser orientado por uma das concepções. Agir com liberdade, portanto, é agir orientado eticamente (princípios) ou moralmente (convenções).

É um erro pensar que a liberdade se dá, como se disse no início, sem qualquer resistência. A mesma resistência que impede o pássaro de voar, é o princípio que garante o seu voô. Assim, se a ética e a moral acabam se tornando um limite da condição da liberdade, é porque esse limite é fundamental para que o ser humano seja livre.

Precisamos, no entanto, identificar os limites do livre arbítrio, mas ao mesmo tempo, perceber que a condição da liberdade é o que garante a humanidade. Os excesso de disciplina -  nominado aqui de controle - nega a raiz da reflexão, ou seja, impede que o sujeito se perceba na condição ética e moral. Assim, o primeiro ato de liberdade, é a moral e a ética; depois a disciplina.

Por fim, considerar a importância de pensar a educação como um ato de liberdade, que não aprisiona, mas que liberta, é fundamental para quem está na missão de educar. Em educação, primeiro a formação de um cidadão ético e moral, depois as preocupações com a disciplina. O mesmo filósofo que iniciei a reflexão, também aponta em sua obra "Sobre a Pedagogia", de que o homem é o único animal que precisa ser educado, pois tendo a liberdade, como potência natural, necessita da mesma para tornar-se homem. Os outros animais, segundo Kant, precisam ser disciplinados/ adestrados.

Podemos concluir que a liberdade não é algo dado, mas que resulta de um projeto de construção humana pautado na educação. É uma tarefa árdua, que nem sempre é bem entendida ou bem suportada pelos seres humanos. Mesmo assim, é preciso construir a liberdade, através da formação de consciência, denunciando as formas de prepotência, a ação silenciosa da alienação e da violência, sejam elas através ou contra a imprensa.

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