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sábado, 12 de junho de 2021

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QUEM É ELE?

Para muitos, ele caiu em desuso. Para outros, ele está mais presente do que nunca. Para outros ainda, ele é fruto da autoridade. Para alguns outros, em que autoridade é constituída pelo conhecimento e pela experiência de vida, ele deve continuar existindo. Para esses últimos, mais do que autoridade do poder, ele é constituído pela autoridade do saber. E esse saber não se restringe a algum tipo de conhecimento específico, mas à uma condição de humildade, de reconhecimento, em que ele é necessário. Mas quem é ele? De quem estamos falando?

Em nossa primeira condição existencial, a infância, ele está presente na relação entre pais e filhos, na família. Depois vamos crescendo, e ele vai nos acompanhando. Entramos na escola, e ouvimos o discurso de que " ele se aprende em casa". No entanto, sabemos que a escola tem papel fundamental para o seu aprendizado e para sua vivência. Ele não está nos currículos escolares, mas está nas relações escolares. Não há uma lei na escola sobre ele, mas há consenso sobre o seu bom uso.

Conforme vamos crescendo, ele vai nos acompanhando. É difícil conviver com ele, pois ele exige que aos poucos, devemos superar nossa condição contraditória entre o que pensamos e o que fazemos. É difícil, mas não é impossível! Crescer, nesse sentido, significa, aprender a conviver com os dilemas éticos em que ele nos impõe. Entre esses dilemas, encontramos a necessidade de fazer dele uma troca: ninguém o tem, se também não o der. É uma via de mão dupla: você só receberá, se tiver a capacidade de dá-lo.

Na condição do trabalho, ele também está presente. Não podemos separar o que somos, daquilo que fazemos. O trabalho é a nossa condição fundamental de transformar a natureza em cultura. Ao passo que, quando isso acontece, também nos transformamos. Porém, transformar-se implica, necessariamente, em tê-lo presente. Uma vez destituída a sua presença na relação de trabalho, diminui-se a condição da dignidade, da liberdade e da humanidade do trabalhador.

Nas relações de governo, de gestão pública, ele também está presente. Deveria ser prática do gestor. Porque gestar não é um processo voltado para o benefício de quem gesta, mas o reconhecimento da intenção daqueles que votaram nele, que o dão crédito. Negar essa intenção é negá-lo. O bem político, é um dos maiores patrimônios que a humanidade têm. A política, é o conjunto das relações que torna possível a convivência dentro de uma sociedade. A partir do momento em que os políticos o negam, também eliminam a possibilidade de uma sociedade melhor.

Ainda, sua presença está implícita nas nossas relações com a natureza, na relação de integração do homem com a natureza; mas propriamente, no reconhecimento de que somos interdependentes. Ele não está presente na visão de que somos parte da natureza, porque quem assim vê, se vê separado da natureza. Mas em uma relação de complexidade, tudo que está em nós, também está na natureza. Tudo que constitui a natureza, também constitui a nossa própria natureza, constitui quem somos. 

Acima de tudo, ele está presente em tudo. Você já deve ter se questionado, de quem estamos falando? Quem é ele? Pois bem, não se trata de uma pessoa, mas de uma condição fundamental para ser pessoa. Não se trata de algo que se compra, de algo que se transfere, de algo que se ganha ou se perde. Não se trata de algo que se pode se tirar vantagem; algo que assegure status, fama, ou que legitime uma posição privilegiada na sociedade. Mas é a partir dele e nele, que nos constituímos como gente, gente constituída por gente. Ele é o respeito! 

Boas reflexões! 

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