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sábado, 21 de novembro de 2020

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NINGUÉM NASCE RACISTA, TORNA-SE!


Contra fatos, não há argumentos; mas são possíveis algumas reflexões.  

Acompanhamos de perto, dia após dia, cenas de crueldade humana ou da falta dela, que perpassam as mais diferentes estruturas da sociedade brasileira. Destaque para a questão do racismo, da desigualdade social, da opressão e exploração sobre os mais pobres, intolerância religiosa, corrupção na política, ineficiência do poder judiciário, violência doméstica, agressão contra a infância, violência contra os idosos, e outras formas que ameaçam a vida na sua integridade. 


No dia 6 de junho do corrente ano, publiquei neste blog, uma reflexão que tratava do assassinato do americano George Floyd (http://rudineiaugusti.blogspot.com/2020/06/por-favor-nao-consigo-respirar-george.html). Recordamos que, em seu último instante de vida, ele suplicou por respirar. O ocorrido com João Alberto Silveira de Freitas, em Porto Alegre/RS, um dia antes do dia da Consciência Negra – 20.11.2020, não foi diferente. Infelizmente, a súplica foi recorrente. 


Diante de tantas situações apontadas e das incansáveis súplicas que emergem das mais diferentes vozes,  cabe-nos perguntar: Qual é o papel da educação na formação de pessoas, visualizando uma cultura de paz? Para responder essa pergunta, penso que é necessário convertermos a visão ingênua de sociedade em uma visão crítica, transformadora.  


Os fatos estão aí, espalhados por toda a parte, para nos mostrar que precisamos ressignificar o papel educativo das instituições sociais. De fato, tudo o que vem acontecendo, vem sendo somado às angústias históricas, em um país que clama por mudança desde a sua existência.  


Percebemos que, por todos os cantos da sociedade, pessoas clamam por mudança. O espaço educativo, em especial, a família e a escola, são por excelência, o lócus de tal anseio. É na família e na escola que se direcionam construções subjetivas dos valores e práticas que vão construindo a identidade do sujeito, sua ação moral e valores éticos que o orientam para o resto de sua vida. 


Portanto, todas as mazelas sociais que contemporaneamente existem, são construções humanas, culturais históricas. Ninguém nasce racista, torna-se! Ninguém nasce pré-determinado à uma condição social, seja ela de paz ou de violência. Somos, portanto, construção de uma rede de relacionamentos, de convivência, de reflexão. a forma como agimos será orientada por essa construção educativa. 


Diante dos fatos ocorridos, em especial, sobre a brutalidade do uso da força e do que esta significa para nossa análise, cabe reforçar a importância de um projeto urgente de mudança educativa. Educar, nessa nova proposta, vai além da profissionalização, atinge também a essência do ser humano, a formação de sua consciência, dos seus valores e princípios. Todo o resto, será consequência desses princípios. 


Tudo que está em nossa consciência, se torna projeto. É através de sua liberdade, que o homem se projeta sobre o mundo. É no mundo o que o homem pronuncia, anuncia e denuncia. É na liberdade que o homem projeta sua ação. Ser livre implica, necessariamente, em colocar-se no lugar do outro, considerando que, ao pensar como agiria estando em seu lugar, também revelaria os princípios que o sustentam. 


Entendo, por fim, que todas nossas ações são orientadas por concepções educativas - considerando a educação como um fenômeno voltada essencialmente para a formação do ser humano- e que as mesmas transitam para a liberdade de ação sobre a qual somos eternamente responsáveis. 

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3 comentários:

  1. Texto publicado da melhor qualidade! Vou trabalhar com meus alunos!
    Obrigada meu professor de pós Rudinei!!
    Que Deus lhe abençoe sempre!!abração

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    1. Obrigado, colega Professora Eli Cabral. Sempre é bom contar com leitoras e pensadoras como você! Abraço!

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