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sábado, 6 de junho de 2020

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“POR FAVOR, NÃO CONSIGO RESPIRAR!” (George Floyd, 1973-2020)


In the Moment
George Floyd foi um afro-americano que foi brutalmente assassinado em 25 de maio de 2020, depois que Derek Chauvin - policial da cidade de Minneapolis, Estados Unidos da América, ajoelhou-se sobre o seu pescoço, com as mãos no bolso, por pelo menos sete minutos. Suas últimas palavras foram: “Por favor, não consigo respirar!”. Gostaria de tecer algumas reflexões sobre.

A cena do assassinato cruel de Floyd tem grande significado, quando se trata de repensar a história da humanidade. Traz consigo a representação de muitas situações de opressão que se produzem e reproduzem no cotidiano das minorias sociais, entre elas, o Racismo.
O pedido, em sua delicadeza do “por favor”, é um súplica ao Estado para que dê mais atenção às questões sociais, para que seja sensível à causa dos menos favorecidos da sociedade, para os oprimidos, para os que sofrem. O “por favor” de Floyd é um apelo da humanidade para que os que governam, o façam com mais responsabilidade, mais sensibilidade, mais assertividade.

No Brasil, além de ecoar fortemente sobre reflexões em torno da questão do Racismo, a súplica de Floyd é um convite para reflexão sobre a ineficiência e a insensibilidade governamental no trato com as questões sociais. A súplica de Floyd “Por favor, não consigo respirar!”, nos convida a pensar sobre o pedido em tom de desespero de muitos brasileiros que, ecoam dentro e fora dos respiradores em tempos de Pandemia. São muitos os brasileiros que, pela ineficiência e má gestão governamental do sistema de saúde, acabam por serem sufocados até a morte.

Parece-me que aqui, vivemos três mundos: o mundo daqueles que suplicam, que pedem “por favor”; o mundo daqueles que, com as “mãos nos bolsos”, vão aos poucos sufocando, acompanhando friamente a morte acontecer; e o mundo daqueles que preferem ver o “espetáculo” pela lente de seus celulares, sentindo-se impotentes, sem nada fazer.

A súplica de Floyd é transversal! Ela ecoa nos três mundos! Ela se faz sentir em cada ser humano que, minimamente se coloca no lugar da condição “Floyd”. É preciso se despir da roupagem moral, cultural, de poder tradicional, para se colocar no lugar daqueles que ainda podem suplicar. Enquanto isso, espera-se que aquele que governa, tenha dignidade no que faz! Governar não é oprimir, sufocar, matar! Governar é deixar “respirar”, é ouvir o “por favor” das gentes, diversas em suas culturas, dignas em sua humanidade.

De todo, no Brasil, precisamos de uma nova postura dos governantes e de cada cidadão. Não se pode tratar com indiferença, aquilo que é prioridade! É preciso dar atenção à súplica “Por favor, não consigo respirar!” daqueles que estão sufocados, seja pela Pandemia, seja pelo abuso de autoridade. Não se pode ignorar o sofrimento de muitos, que qualifica e quantifica o momento, tratando como espetáculo o que acontece. Não se pode ficar de braços cruzados! Enquanto isso acontece, o “Por favor, não consigo respirar!”, se torna o adeus de muitos!
((•)) Ouça este post

Um comentário:

  1. Pensar sobre o racismo no âmago do privilégio racial, refletido nas próprias escolhas e reprodução da vida é uma boa reflexão.

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