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sábado, 6 de fevereiro de 2021

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VOLTAR ÀS AULAS? COM A ÉTICA DA ALTERIDADE, SIM!


Que a escola é a segunda família, todo mundo já sabe. No entanto, ela precisa estar em harmonia com a primeira família. Seria muito fácil, caso houvesse um padrão familiar. No entanto, não existem padrões familiares. Existem diferentes e diversas organizações familiares.  

Diante da diversidade, as famílias também sustentam diferentes posições em relação à educação dos seus filhos. Algumas famílias são mais liberais e, outras, por conseguinte, mais tradicionais. As diferentes posições e opiniões implicam na tomada de decisão, e estas, não ficam restritas a educação quando se trata somente de tempos de PandemiaEsse posicionamento, se reflete no campo da política, economia, saúde, governo, religião, etc. Mas em educação, já podemos perceber essa diversidade de opiniões, misturadas com incertezas, medos, histórias, em relação ao retorno do início ao ano letivo. 


Enquanto algumas famílias estão convencidas de que o retorno as aulas deve ser presencial, outras estão vivendo conflitos familiares, pois não encontram um lugar no discurso do retorno presencial, que lhes dê segurança quanto a essa modalidade de retorno.  


Quando estamos vivendo em um ambiente de incertezas, o melhor a se fazer é ser prudente. Para que haja prudência, é necessário muito diálogo e respeito. A escola, nesse sentido, precisa ser ambiente acolhedor da dimensão de humanidade que há em cada família. De fato, não é momento de ver a escola como um lugar de atividade mecânica de ensino e aprendizagem, pois, mais do que nunca, estamos todos fragilizados quanto a condição humana, devido ao contexto que estamos vivendo.


É preciso que a escola redescubra a ética da alteridade. Segundo o filósofo Emannuel Levinas, a alteridade é uma condição que permite ao homem, através da ética, estabelecer pontes que superam os abismos que existem entre o eu e o outro. A ética da alteridade, segundo o filósofo, coloca o outro no lugar central. Ainda, Levinas crítica o pensamento e a cultura ocidental, pois, segundo ele, a cultura ocidental preocupou-se sempre com o eu, deixando o outro de lado. Como consequência, a cultura ocidental prima pelo individualismo e a competição. 


"Alteridade é o reconhecimento e aceitação do que é o outro ou do que é diferente. O princípio fundamental de alteridade é que em sociedade, os indivíduos têm uma relação de dependência uns com os outros. O “eu” não pode existir sem o outro." (https://www.brasildefatomg.com.br/2020/11/13/pandemia-e-alteridade)


Pensando assim, as escolas em suas práticas pedagógicas híbridas, precisam construir uma cultura de alteridade como condição e princípio fundamental de sua filosofia educativa. O movimento de alteridade não acontece somente entre escola e família, mas inicia na própria escola: no reconhecimento do professor, funcionário e gestor como pessoas emergidas em diferentes situações culturais no contexto pandêmico. Agrega-se à estes, familiares, estudantes e comunidade em geral. 


Por fim, a ética da alteridade é um lugar do entendimento, do diálogo, das críticas e da mudança. Não há ética da alteridade quando alguém impõe ao outro o que fazer ou deixar de fazer. Assim, o diálogo da escola com a família sobre o retorno escolar, bem como, da família para com a escola, deve ser orientado por um diálogo horizontal de compreensão mútua, e ao mesmo tempo de tomada de decisão, que respeite os diferentes entendimentos sobre a pauta.  

Escutar, refletir e propor - dentro deste entendimento, são atitudes que levam à uma relação saudável ao longo prazo. Não se trata de vencer, nem de convencer, mas de amadurecer! Ambiente sem maturidade, normalmente oferece prejuízos.  


Vamos fazer do retorno às aulas um momento de amadurecimento e aprendizagem. Afinal, este é o propósito da existência da escola como continuidade dos bons valores iniciados na família.  


Um ótimo ano letivo a todos! 

((•)) Ouça este post

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