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sexta-feira, 17 de fevereiro de 2023

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Tempos de Intersubjetividade Comunicativa!

 

Estamos vivendo a crise dos tempos sólidos.  É o momento de privilégio,  de sentir-se privilegiado, pois, ao mesmo tempo em que sentimos a crise dos tempos sustentados por valores sólidos,  estamos construindo novos tempos.  Não se trata de julgar o passado como forma o garantia de exaltar o presente e prospectar o futuro,  mas de refletir sobre aquilo que foi bom, dando continuidade, e descontinuando aquelas abordagens que a reflexão não permite sustentar.

Em tempos sólidos, a subjetividade, a razão, o indivíduo, estava em alta.  O sucesso era resultado de mérito! Mesmo que para isso fosse necessário criar uma sensação de superioridade perante os outros; romper relações com os próximos,  com a natureza e até mesmo com Deus.

Em tempos sólidos a visão de mundo estava pautada no domínio do Homem sobre a Natureza e, muitas vezes, sobre o próprio homem.  A ciência, a técnica e a Razão matemática contribuíram para esse cenário. Dicotomizou-se muito,  fragmentou-se culturas, pensamentos, memórias.  Excluiu-se as possibilidades da diversidade. O sólido não é flexível! Não se adapta, não muda!

Na educação, os tempos sólidos carregavam verdades inquestionáveis, autoridades mascaradas, autoritarismos vangloriados pela honra, pela história e até mesmo, em muitos casos, pela impossibilidade de questionar a reprodução do próprio tempo.  O velho se tornou mais importante que o antigo. Desgastou-se, subjetivou-se tanto que entrou em crise.

A ética do domínio necessitou ser substituída pela ética do diálogo. Nasceu a intersubjetividade comunicativa. O novo paradigma que está sendo construído. Neste novo paradigma,  o da Intersubjetividade comunicativa,  não há lugar para autoritarismos ou para subjetivismo autoritários. As relações de diálogo são construídas mediante consensos  de diferentes. A diferença e a multidiversidade fazem parte da nova ética.

Mesmo que estejamos em um processo de transição do paradigma da subjetividade para o da intersubjetividade comunicativa,  é preciso superar alguns desafios:  o primeiro,  quem sabe o mais importante,   a relação entre opressores e oprimidos,  entre pobres e ricos,  entre sábios e ignorantes.  Buscar o sentido, ao invés de buscar o poder.  Até porque o poder não está na força, mas na autoridade do argumento. É preciso convencer sem vencer!  

A postura dialogal, no paradigma da intersubjetividade comunicativa, passa necessariamente pelo diálogo crítico, pela oportunidade de falar e o direito de ouvir. Não há indivíduos, mas sujeitos porque agem, e agindo, se tornam novos sujeitos.

A ética está na maturidade da aproximação sem o preconceito ou a exclusão, pois é através da referência do outro que vou me constituindo nas minhas escolhas, no meu projeto de vida, e no meu discernimento diante das questões éticas que cercam a vida da sociedade. Por isso, são escolhidos projetos coletivos para compor o coletivo da sociedade.  A dimensão individual, tem sua importância quando contribui  democraticamente para a esfera coletiva.

Para concluir, as relações intersubjetivas são mediadas pela comunicação educativa, de respeito, de amor, de entendimento.  O diálogo crítico tem função reparadora, pois ao reparar também ama,  aprende e se eterniza. 

E aí, já pensou nas possibilidades da intersubjetividade comunicativa nos novos tempos?

((•)) Ouça este post

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