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sábado, 4 de março de 2023

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O ADOLESCENTE PÓS-MODERNO: SEUS CÓDIGOS, NOSSOS DESAFIOS!

Na pauta das famílias, do encontro entre pais, professores, formadores de opinião, comunidades religiosas, gestores de instituições educacionais, está sempre a busca da compreensão das diferentes gerações e fases das nossas crianças, adolescentes e jovens. Me ocorreu, nesse sentido, buscar uma analogia para tentar compreender, refletir e discutir algum tipo de contribuição sobre os adolescentes do nosso tempo:  adolescentes pós-modernos. Mas antes, fui recolhendo ao longo de algumas leituras e diálogos, algumas máximas que caracterizam os nossos adolescentes:


1) O adolescente pós-moderno não acredita em grandes mitos que animaram a nossa adolescência (me refiro à adolescência do atuais adultos).
2) O adolescente pós-moderno não crê em milagres econômicos, principalmente aqueles que vem de autoridades políticas.
3) O adolescente pós-moderno não se agrega a grandes ideologias, grandes ídolos ideológicos que sustentavam movimentos juvenis no século passado.
4) O adolescente pós-moderno não crê na onipotência da razão, em sistemas ou explicações puramente racionais como forma de resolução de seus problemas do cotidiano.
5) O adolescente pós-moderno, mesmo inserido no mundo da tecnologia e da ciência, não a compreende como aquela que tudo pode criar ou construir.
6) O adolescente pós-moderno, recusa o passado e duvida do futuro; e por isso, quem sabe, busca o descompromisso com o presente.
7) O adolescente pós-moderno opta pelas vivências e experiências do momento.
8) O adolescente pós-moderno, não crê em utopias, cria distopias.
9) O adolescente pós-moderno não transcende o hedonismo, por isso facilmente é vítima do consumismo e busca uma cultura da satisfação.
10)O adolescente pós-moderno abomina a rotina, detesta  a repetição do cotidiano seja ela na escola, na casa, ou em suas obrigações.
11) O adolescente pós-moderno, boa parte dessa geração, encontra-se em um estado de melancolia; para reafirmar esse estado, cria tribos onde encarna o astral de uma linguagem que possa representar diferentes perfis melancólicos.
12) O adolescente pós-moderno valoriza a estética, o ritmo, a música, luzes e cores, valoriza a beleza e o movimento.
13) O adolescente pós-moderno, vive em um mundo extremamente subjetivo. Tem uma visão de mundo niilista. Afirma sua própria verdade. Afirma pedaços de verdade, como se esses pudessem explicar a complexidade do todo. Para chegar a esta verdade, utiliza de sentimentos e experiências individuais.


Possivelmente, ao ler até aqui, você concordou com algumas afirmações, discordou de outras. Por isso, essas afirmações não podem ser compreendidas como juízos sobre o adolescente pós-moderno, mas desafios que se impõe a sociedade de uma forma geral. 
Veja que em meio a essas características, há presença de valores e contravalores, caminhos e descaminhos, possibilidades e impossibilidades.


Nesse sentido, precisamos descobrir os códigos dessa adolescência pós-moderna. Precisamos compreender, como dito anteriormente, utilizando quem sabe analogia da águia. Quando a águia constrói seu ninho, normalmente em situações ou locais arriscados e, ensinar a pequena águia a voar, ela o faz com maestria; ou seja, coloca a águia adolescente no risco de cair, mas ao mesmo tempo, na possibilidade de aprender a voar.  Enquanto lança, ampara. Somente lançar, caracteriza abandono; somente amparar, caracteriza superproteção.

Por mais que o adolescente muitas vezes rejeite algumas sadias expressões dos adultos, ele deseja e necessita das mesmas.  Quando abandonado, se sente rejeitado. Quando amparado, se sente superprotegido. Não deseja o abandono, nem a superproteção! Desejo apenas que os pais, professores e toda a sociedade, tenham a consciência de que os adolescentes precisam de segurança e confiança para poderem alçar seus voos.

Por fim,  o adolescente pós-moderno não poderá ser concebido como projeção de realização daquilo que a geração anterior não conseguiu realizar em seu tempo.  Assim, o melhor a se fazer, é  ajudá-los a assumir as rédeas da própria história, interpretando e dialogando sobre seus códigos, conflitos e possibilidades.

((•)) Ouça este post

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