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domingo, 19 de fevereiro de 2023

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CF - 2023: A FOME QUE É NOSSA, DE TODOS NÓS!

Você pode estar curtindo o carnaval,  festa, alegria!  Quem sabe até saboreando um banquete regado de muita abundância alimentar e bebida.  No entanto,  nesse momento existe um número alarmante em relação a fome no Brasil.  A festa do carnaval pode até mascarar os  125,2 milhões de brasileiros que convivem com alguma insegurança alimentar.  Dentre esses, encontramos mais de 33 milhões de pessoas que enfrentam a fome em nosso país.  São exatamente 15,5% da população brasileira de 2022!

Quero trazer essa reflexão, pois quarta-feira iniciamos em todo o Brasil, a Campanha da Fraternidade 2023, que traz como tema "A FOME!".

Para se ter ideia da dimensão desse quantitativo de pessoas é uma população equivalente as maiores cidades do Brasil,  como o Rio de Janeiro, São Paulo, Salvador, Fortaleza, Belo Horizonte e Manaus. Em termos de população de país, é como se fosse toda a população peruana passando fome.  É muita gente! É gente, porque a condição da Fome é uma condição de humanidade,  é um direito humano. O direito humano da Alimentação saudável é adequado e indispensável para sobrevivência de todas as pessoas.  Alimentação é um direito, e como tal, deve ser garantida pelo Estado a todos os seus cidadãos.

Os pobres são as primeiras vítimas. Entre eles, as crianças e os idosos, as mulheres grávidas e os enfermos. Também encontramos as pessoas refugiadas com deficiência nutritiva.

Porém, as causas da fome no Brasil, podem ser resumir algumas situações:

a) Estrutura fundiária:  esse tópico se refere a como a terra foi distribuída historicamente e como ela continua sendo distribuída.  Quando se fala em terra, é bom lembrar que é nela que ocorre a produção familiar do alimento. Países que tiveram uma melhor distribuição de terra, com uma ocupação preocupada com a produção de alimentos, não realizou de forma irregular o estabelecimento das famílias, com isso, diminuiu e muito as desigualdades socioeconômicas.

b)  Política agrícola que coloca o sistema produtivo a serviço do sistema econômico-financeiro:  as políticas agrícolas em sua maioria, incentivam o agronegócio exportador,  acreditando que o mercado internacional é mais importante do que a alimentação e a nutrição da população interna.  Por isso, descaso com agricultura familiar, pouco incentivo.  É importante investir na produção agrícola local, diversificando as propriedades e movimentando a economia local. Deve se produzir para comer; no entanto, No Brasil se produz para lucrar e exportar.

c) O desemprego e o subemprego:  entre as manobras de sobrevivência,  estão a crise econômica aliada a difícil conjuntura de trabalho que causam a fome no Brasil.  Muitas famílias desempregadas e outras tantas subempregadas, sem as necessidades seguranças institucionais.  O Brasil conta com 14 milhões de desempregados em 2022.  Desses, 24% não consegue trabalho e desistiu de procurar. 

d) A perversidade da política salarial:  o preço do alimento é caro. O salário é baixo.  No entanto,  o salário mínimo não garante mais minimamente as condições de existência do trabalhador e de sua família.  Existe no Brasil um grupo privilegiado de 28 mil pessoas que ganha mais de 320 salários  mínimos mensais.  Enquanto isso,  um trabalhador tenta forçosamente viver com o salário mínimo mensal.

e) Comportamentos morais lamentáveis:  a busca pelo dinheiro, a ganância em querer ter mais, a luta pelo poder da imagem pública,  o descaso pela comunidade, e outras formas de corrupção, aumentam os perigos da fome e da subnutrição.  A posição social da mulher, a carência da formação,  o analfabetismo,  gravidez na adolescência, entre outros,  aumentam a precariedade da vida social, potencializando a fome.

As regiões mais afetadas pela fome são a região nordeste e a região norte. Nelas, os domicílios rurais são aqueles que são afetados pela fome com maior intensidade. A região Sul tem o menor índice de fome.  Mesmo que exista essa diferença,  a fome não tem sido prioridade; a prioridade maior é sempre o lucro.

Para finalizar, uma reflexão: "Se eu tenho fome. o problema é meu. Se meu irmão tem fome, o problema é nosso!"  - Dom Hélder Câmara.

((•)) Ouça este post

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