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terça-feira, 24 de janeiro de 2023

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UMA REVISÃO CRÍTICA DO PAPEL DO PEDAGOGO E DA PEDAGOGIA NA CONTEMPORANEIDADE

Só é possível falar de uma revisão crítica do papel do pedagogo  na contemporaneidade,  se ancorado em princípios que assumem como ponto de partida para a educação uma pedagogia do diálogo.  

Esta pedagogia considera, sem a tentativa de fazer distinções formais entre as diferentes pedagogias,  que a realidade é dialética (movimento de contradições e mudanças). Ela introduz no diálogo pedagógico a dúvida e a suspeita sobre a realidade do homem concreto, e das relações que este estabelece com a sociedade real e seus meandros. Assim,  a pedagogia do diálogo está historicamente situada em uma compreensão de homem válida para todos os contextos; ou seja, uma antropologia contextualizada.

Fazer uma revisão do papel do pedagogo na contemporaneidade,  é refletir diretamente,  na teoria e na prática,  a prática social do exercício da pedagogia na educação, bem como vincular essa prática ao ato educativo como ato político e transformador, a teoria vinculada à transformação social.

Por isso,  utilizar a concepção de pedagogo como aquele  que "conduz as crianças",  como outrora entre os gregos se fazia,  é inadequado ao nosso tempo. Hoje, o pedagogo exerce outros papéis. E é sobre esses papéis e a formação acadêmica para os mesmos que cabe a revisão crítica (dialética) da pedagogia. 

Argumento de que  a pedagogia é uma ciência educativa, onde sua epistemologia e conteúdo situacional consistem em existir para criar educação. No entanto,  o que vemos são as ciências específicas conduzindo o processo educativo,  sua gestão, seu sentido e existência. O que as nossas faculdades de pedagogia tem a dizer sobre isso?  Há exceções, que confirmam a regra; mas que de imediato,  são raras.  

Quando se trata da formação  de pedagogos nas universidades/ faculdades, outras perguntas são interessantes de serem elaboradas:  Por que a extinção de muitos cursos de Pedagogia,  uma vez que esta é a ciência da Educação? O que justifica a não existência dessas Faculdades, se o fundamento das próprias é a própria Pedagogia?  Talvez,  o grande desafio para as Faculdades de Pedagogia é formar gente capaz de assumir sua autonomia epistemológica, de perceber as contradições do processo formativo com oportunidade formativa, como semente de libertação da alienação técnica sobre a dimensão humana do "criar educação" -  função primeira da pedagogia.

Por fim,  falar em reconstrução,  é assumir que estamos vivendo um momento em que o pedagogo tem a possibilidade de repensar a sua função na sociedade; ou seja,  repensar a educação como tarefa crítica, reconstruindo com isso, a própria sociedade brasileira e a sua condição educativa.  Mais que ter a função de perceber a contradição,  é necessária a consciência da contradição, e perceber que a mesma é histórica, filosófica e sociologicamente fundada a partir das contradições inerentes a sociedade brasileira.

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