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sábado, 1 de maio de 2021

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O TRABALHO, A CULTURA E A CONDIÇÃO DO EDUCADOR!


Hoje comemoramos o Dia do Trabalhador. Já ouvi alguém homenageando o Dia do Trabalho. De fato, há uma relação intrínseca entre o trabalho e o trabalhador. Te convido à refletir sobre.

Desde os tempos mais remotos, o homem trabalha. Trabalhar, faz parte da condição humana. O tornar-se homem, passa necessariamente por uma relação de trabalho: a transformação da natureza em cultura. Quando o homem transforma a natureza através do trabalho, também transforma à si, a sua própria natureza. As primeiras formas de trabalho estavam inseridas na relação homem natureza.

Depois, já com a formação da sociedade, o trabalho insere-se em uma dinâmica orgânica: um produz o que o outro precisar. O trabalho passa a ser visto como necessário ao desenvolvimento da sociedade. Com isso, ao se tornar produtivo socialmente, o trabalho passa a ser explorado. Perde, em parte sua dinâmica humana-emancipatória; deixa de ser produtor de cultura, para ser produto da relação de exploração de homens sobre homens.

Verifique, porém, que a palavra “trabalho” em sua origem etimológica, deriva do latim tripalium - instrumento de tortura feito de três paus (tri - três, palium - paus). É conhecida a frase que diz: “o trabalho dignifica o homem”. De fato, na concepção de trabalho como fazer cultural humano - que transforma o homem bruto em humano - o trabalho dignifica. Já na concepção do tripalium, não há uma relação de dignidade, muito pelo contrário, há a sua perda.

No contexto do trabalho do educador, recuperar a condição do trabalho como construção de cultura, é resgatar o papel social do professor, sua condição e reconhecimento, bem como, entendê-lo a partir de sua essência: a transformação de pessoas pelo viés do conhecimento (cultura).

No entanto, tenho a sensação de que, em nossos tempos, esse não é o olhar - com raras excessões - que a sociedade como um todo, têm sobre a condição do educador. Felizmente, sabemos disso. Felizmente, estudamos essa problemática. Mas, infelizmente, pouco fazemos para transformar essa realidade. Transformar essa realidade, implica necessariamente, em transformar o trabalho em cultura. Interessante observar que nosso trabalho como educadores transforma vida, emancipa condições, eleva a condição cultural, favorece o exercício da liberdade, dignifica o outro. No entanto, tão pouco o mesmo trabalho que engrandece o outro, enobrece a nossa condição. 

Não há, como já dito, condição mais essencial para o ser humano do que a sua cultura. É ela que orienta a ação das pessoas em sociedade, seja na saúde, na política, economia, ou mesmo, no próprio trabalho. A cultura, construída e sempre em processo de construção através da educação, é libertadora ou opressora. É a cultura que ajuda um povo a resolver seus problemas, apontando soluções criativas, desenvolvendo tecnologia, saberes, preservação ambiental, entre outros. E, por fim, a cultura é construída em boa parte, pelo trabalho do educador.

No entanto, valorizar o trabalho do educador, é valorizar o próprio educador. Uma sociedade não se emancipa, não melhora, se o trabalho do educador também não for emancipatório. E isso, só se faz em condições de emancipação e valorização e da dignidade do trabalhador em educação.

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