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sexta-feira, 20 de agosto de 2021

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DO CONSELHO DE CLASSE AO CONSELHO DE GRUPO


 Você já ouviu a expressão "Conselho de Classe"? Pois bem, Esta é uma expressão utilizada quando nos referimos às práticas escolares, em especial, quando se quer verificar o andamento de um processo pedagógico. No Conselho de Classe reúnem-se professores, coordenadores, diretores, das mais diferentes áreas do conhecimento, e também de diferentes turmas. Debatem-se nesse espaço, questões relativas ao andamento da aprendizagem, disciplina, angústias e algumas propostas de melhorias para aquela determinada turma.

O Conselho de Classe é uma prática da Escola Tradicional. Desde as primeiras escolas do período da escolástica medieval, havia o Conselho de Classe. Nessas escolas, por serem internatos, o Conselho de Classe tinha a função de regimentar e fazer cumprir as normas escolares voltadas principalmente ao controle disciplinar dos estudantes internos. Era um espaço onde havia uma lista de “conselhos” indicados para cada situação vivenciada por cada turma.

Partindo do entendimento da escola na Modernidade, em especial, a escola voltada a reprodução da fábrica e da sociedade, o termo Conselho de Classe passou a significar a legitimação do conflito de classe social existentes na sociedade. A escola no período moderno, acaba reproduzido em sua dinâmica organizacional e pedagógica, a ordem social e sua organização.

O termo "classe" foi criado por Karl Marx, se referindo a uma sociedade estratificada em dois grupos: os burgueses (opressores) e os operários (oprimidos). Segundo Karl Marx, as relações entre classes são conflituosas. É esta relação de conflito de classe, que marca a história da humanidade. Pensar em classe, na condição social, é uma forma de compreender os conflitos inerentes ao próprio sistema capitalista. Pensar em classe, no ambiente escolar, é a reprodução da sociedade na estrutura da escola, onde costumeiramente utilizamos a expressão classificar - termo derivado de classe.

Quando pensamos a escola na dinâmica democrática, em especial nos nossos tempos, precisamos mudar essa prática de Conselho de Classe para a prática de Conselho de Grupo. A prática de Conselho de Grupo é democrática, pois pressupõe que cada turma disposta em assembleia, possa ser capaz de autorregular-se; ou seja, constituir-se como um espaço em que, através da participação consciente, da escuta ativa, do respeito à diversidade, e do compromisso coletivo, possam os estudantes saírem da condição passiva da obediência, para condição ativa da cidadania.

É difícil de conceber a construção da cidadania em uma escola, onde as práticas autoritárias reproduzam a natureza dos conflitos sociais. No entanto, para se construir cidadania, é necessário a educação moral do indivíduo. Nesse sentido, a convivência grupal regulada por princípios construídos pelo próprio grupo, colocando em primeiro lugar a cooperação, constitui-se num espaço de construção moral da cidadania.

 Assim, para concluir, a construção do Conselho de Grupo em uma escola, é um desafio que caminha desde a gestão escolar, o currículo, as práticas pedagógicas dos professores e sua formação profissional, bem como a sensibilização dos estudantes. Não se trata de ter sucesso ou não, mas de transformar a escola em um lugar de amplificação das vivências democráticas. Assim, consequentemente, teremos uma sociedade mas atenta a cidadania e a democracia.

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