Páginas

sexta-feira, 3 de julho de 2015

0

DO COLO PARA O CÁRCERE!

 

carcereQuem não tem saudade do aconchego do colo dos pais? Quem não lembra das palavras duras ou dóceis que ali ouvia? Ali era o lugar da educação por excelência. Antes mesmo de coisificarmos nos bancos frios das escolas, o colo era o lugar que nos aquecia. Aquecia com abraço, com o aconchego, com a palavra…próximo ao fogão ou à lareira, lá estava o pai ou a mãe, com o filho no colo. O colo é aconchego! Dar colo é acolher, é acolhimento – não despedida! Ganhar colo é ter uma nova chance de acertar…é pensar sobre o erro, é refletir! No colo se faz filosofia, psicologia, educação. No colo se faz família, respeito, dignidade, amor. No colo se faz relação, proximidade, intersubjetividade.

Quando chamado ao colo, a novidade está. “O que será?” – questiona-se a criança, o jovem, o adulto. O colo, também é lugar do conflito, da decisão. O colo prende, reprende, orienta.

Pois bem! Estão tentando tirar a criança do colo e coloca-la no cárcere.

Colocamos a criança no cárcere da economia - Sociedade bestial a nossa quando coloca a criança no cárcere das concepções alienadas de mercado; quando vende a imagem da criança como um produto, quando vê na criança um nicho de mercado.

Colocamos a criança no cárcere da educação – diga-se, em bom tom: no cárcere da educação! Uma educação escolar voltada para a autoridade da norma, da disciplina e em raros casos, na autoridade do saber, da emancipação, da dignidade, da proatividade.

Colocamos a criança no cárcere de não ter uma família – adultos irresponsáveis jogaram seus filhos no mundo, e o mundo não os acolheu. A vida é dura! Brutal! O mundo é como o mar, àquilo que está na superfície é levado à margem, ao abandono, ao cruel, ao banal.

Banalizamos a criança em sua sexualidade – Do desenvolvimento infantil ao erotismo adulterado. Sexo virou conversa de berçário!

Banalizamos a conduta – É proibido dizer “não!” – enquanto o não, não é dito, a permissividade de uma conduta sem princípios e sem valores, constrói o sonho daqueles que não ousam em sonhar.

Tiramos do colo, e jogamos no cárcere – No cárcere da vida! No lixo humano da perda! Na normalidade de “mais um” no mapa da violência.

Ofuscamos o exemplo, dirimindo a responsabilidade de dar o exemplo. A família empurra para a escola, a escola empurra…empurra…para onde? Não se sabe...a sociedade não acolhe, julga, mata!

Tiramos da vida, e jogamos na morte!

Quero voltar ao colo! Ao colo da paz, da educação, do respeito, da dignidade, da liberdade – ao colo da vida!

Não posso aconchegar ao colo usando a culpa como argumento! Ele e ela não são culpados! Culpados são todos que contribuíram para com a culpabilização!

Tendemos a achar um culpado! Queremos enxergar a condenação, a tortura e a morte. Não há educação na penalização! Na penalização há a pena! Está pronta…

O cárcere é gélido, horrendo, suspeito…é o lugar da pena. O colo é quente, carinhoso, afetivo, amigo…é o lugar da educação. ((•)) Ouça este post

Nenhum comentário:

Postar um comentário

Deixe aqui seu comentário