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quinta-feira, 9 de julho de 2015

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DESCARTES, KANT E O ABORTO DOS OUTROS

 

Aborto-Feto-ExisteSe Descartes, filósofo moderno (Século XVII) ficou conhecido por sua expressão máxima, representada no “Cogito, ergo sum” (Penso, logo existo), a proposição aqui é pensar de que forma esse mesmo pensar (cogito) se aplica a partir do aborto dos outros.

Antes de mais nada, a palavra aborto, tem sua origem no latim abortacus, uma derivação de aboriri (perecer) e oriri (nascer). Então, aborto é ato ou efeito de perecer a possibilidade do nascimento. Por mais que o termo etimológico não signifique tirar a vida, mas sim, negar a possibilidade de nascer, há que se dizer que, para impedir o nascimento, é necessário, em ação, tirar a vida. A decisão de interromper uma gravidez, não iniciou no tempo de Descartes, mas sim, desde a antiguidade. O aborto só era desejável em situações que uma mulher não poderia levar sua gestão à frente. Hoje, a questão complexificou-se necessitando reflexões mais profundas e a necessidade de uma orientação legal para tal.

Sabe-se, porém, que a vida não é apenas uma questão legal, e sim, ética e moral. Deve ser pensado no âmbito do valor que os indivíduos atribuem à vida. Uma sociedade que nega a vida, é sempre uma sociedade amoral. Um indivíduo que tem sua ação pautada na negação da possibilidade de viver, promovendo a morte em última instância, não pode ser considerado ético. Então, se a lei autoriza o aborto, nem sempre essa autorização se dá pelo cabide da ética ou da moral.

Há aqueles, em defesa do aborto, que dizem que a ética e a moral são construções sociais. Estão com a razão. No entanto, não podemos esquecer que a lei também é uma construção social. Diante desse conflito, uma questão está em concordância: enquanto a ética e a moral se mostram como princípios de ação consciente, a lei nem sempre é sinônimo de justiça. O que é justo para um, pode ocorrer que não o seja para outro. Já a ética e moral não se encontram nessa derivação. Ética e moral são princípios universais. Para certificar esta argumentação, basta observar a imperativo de Kant: “Age de tal modo que a máxima de tua ação possa sempre valer como princípio universal”.

Se o imperativo moral de Kant nos orienta à reflexão sobre a ação individual que se estende à validade universal, o Racionalismo de Descartes nos apresenta o cogito (pensar) como princípio da ação. A existência para Descartes se dá no pensar. Assim, pensar a existência de si a partir do aborto do outro é contradição, pois a existência do outro, se dá em seu próprio pensar.

De toda forma, o aborto enquanto ação pensada ou como máxima universal não se sustenta. É necessário assegurar a vida. Todos desejamos viver!

Se há situações em que o início da vida foi produzida de forma violenta, precisamente, as leis devem coibir e porque não dizer, anular o princípio da ação violenta. Lembremos Kant, onde o princípio da ação individual é o desejo do princípio universal. Não desejo a violência, também não posso violentar. Desejo a paz, que a paz seja o princípio universal.

Não desejo morrer, também não posso matar!

Se desejo viver, devo deixar viver!

Não ao aborto! ((•)) Ouça este post

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