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terça-feira, 30 de junho de 2015

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ESCREVA! POIS, O SILÊNCIO QUANDO ESCRITO, DENUNCIA!

 

clarice_perderEscrever é dar identidade. É criar. Escrever é ir além da simples aparência, é pensar. Escrever é colocar em tela tudo que ainda está em ideias. As ideias, quando escritas, conjugam vontades, desejos, anseios. Quando não se escrevem ideias, elas são ideias mortas, sem qualquer tipo de movimento, sem agitação, sem importância ou necessidade.

Vivemos um tempo em que muito se copia, e pouco se cria. Dizem por ai, que não há mais o que criar. Dizem que tudo já foi criado, que chegamos ao fim, que resta apenas reproduzir com outras palavras. O valor das palavras não está nos sofismas, no dizer a mesma coisa com outras palavras, mas está no novo, no ainda não dito. É necessário dizer.

Escrever é dizer o que precisa ser dito. O silêncio pode ser inscrito com letras pesadas, negritos, itálicos e sublinhados. O silêncio quando escrito, denuncia. Denuncia a verdade oculta, o ator escondido, a ideia que grita em meio ao sono dogmático do não-saber. Escrever o silêncio, é arte, é poesia. Escrever o silencia é constituir o livro do tempo. O tempo, quando escrito, extrapola o limite cronológico de sua existência. Elimina a barreira da pressa, do gráfico, da materialidade, da moral. A linha do tempo, é o atemporal livre de qualquer linha, sem limites.

Denuncia em tua escrita o que não consegues conjugar em tuas ideias. Denuncia em tua escrita, no sabor da letra, do fel ao mel das palavras! Denuncia, pois denunciando está ensinando os analfabetos espoliados pela ausência da tua denúncia, a escrever. Escreve com eles, a história. Escreve a tua história através da denúncia, da crítica, do pensamento.

Escrever é questionar a autoridade do poder, e o poder quando não se faz saber. Escreve para mostrar que sabe e, sabendo, mostra que escreve. Ninguém se constitui escritor se não fazer a autoridade do saber. Faz, e não deixa fazer; faz por si, pela escrita a tua autoridade.

Se questionado (a) pela escrita, desfaz, usa da borracha, mas não apaga, apenas sublinha lentamente, esconde a palavra no borrão, mas não a deixe deixar de existir. Ela já está escrita.

Não reescreva a tua obra. Ela é única. Escreve para ser único. Escreve para destituir a cópia, a mesma coisa, a semelhança. Busca a diferença na escrita de uma maneira inédita. Se não gostar, não importa! Escreve para pensar e não pense para gostar.

Não delimita tua ideia. Amplia. Estabelece laços, vínculos…Abraça o complexo mundo das palavras, e nelas a complexidade dos significados sociais.

Abraça em tua mão o lápis, a caneta, e deixa fluir lentamente, silenciosamente, carinhosamente a denúncia de tua escrita.

Lá se vão os dedos, dançando sobre o teclado, em um ritmo compassado pelo significado de escrever. Os dedos se cruzam, não é sorte! É denúncia!

Escreva…escreva…pois, o silêncio quando escrito, denuncia! ((•)) Ouça este post

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