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domingo, 21 de junho de 2015

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ANALFABETO É QUEM LÊ SOMENTE O NECESSÁRIO!

 

onibus-leitura-pO pior analfabeto é o analfabeto político (Bertold Brecht). De fato, o é! O analfabetismo político é produzido pelo analfabetismo cultural. Nossa cultura, em especial, a atual, é caracterizada por um movimento de necessidade. Pensar e agir somente na e pela necessidade é produzir o necessário.

Pensando na busca de uma melhoria no sentido da ampliação dos espaços culturais da diversidade, é interessante refletir sobre a leitura nossa de cada dia. Ler o necessário é sinônimo de analfabetismo. O necessário é imediato. A alfabetização é processo. Reduzir o processo ao imediato é reduzir a possibilidade ao fatalismo.

A leitura do necessário é uma abordagem do ponto, o ponto da leitura. Ler isoladamente, é discriminação. Ler isoladamente é olhar para o próprio umbigo e nele, glorificar a complexidade da vida. Ler o necessário é instrumentalizar o óbvio. Ler o necessário é fazer mais do mesmo. O mesmo é de sempre, para sempre, todo sempre.

A leitura do necessário é visível no fenômeno facebook. É viral. Quando alguém lê o ponto, o post do ponto, a discussão do ponto, o ponto…quiçá, em muitos casos, o ponto final. Ali termina, não brota, não amplia, empobrece. Movimento interessante essa abordagem que se demonstra contraditória quando do espírito de rede: ao invés de ampliar, pontua, fragmenta, torna necessário, desenvolve o analfabetismo do necessário.

Se assim o é, é possível não o ser? O ponto nunca vai deixar de ser um ponto. Mas o necessário pode ser ampliado para o ousado! Ousar é linkar uma ideia com o contexto. Ai está, o contexto. O contexto não se reduz ao necessário. Ele é mais. É movimento, fenômeno, mutação. O contexto é conflito. É no conflito que se produzem as ideias. No conflito, produzimos as soluções, as tentativas, os erros. Errar é alfabetizar-se. Conflitar é ampliar do necessário ao utópico.

Esse é o desafio: ler além do necessário. Ler contexto. Decodificar o fenômeno, a crise, o conflito, para produzir contexto.

Pós século XVII, a ciência apontou para o método dizendo: não é mais necessário a essência, mas o método. Portanto, qual é o método para ampliar a leitura do necessário? Sugiro, de acordo com Paulo Freire, o método dialético. Sugiro a crítica. Sugiro o movimento de ideias.

Já se produziu um chavão social de que são as ideias que movem o mundo. Está na hora de discutir o que move as ideias: puro contexto! Conflito! Crise! É ali, nesse lugar, o lugar de substituir o necessário pelo ousar!

Se de um lado necessitamos de muito, de outro, ousamos pouco!

Amplie-se o que ousamos! Ampliem-se as utopias, os sonhos, os erros. Amplie-se a leitura do necessário! ((•)) Ouça este post

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