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quinta-feira, 25 de junho de 2015

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A UNIVERSIDADE E O CEMITÉRIO DO EGO ACADÊMICO

 

egoismoA Universidade se caracteriza pela universalidade do saber. Ela é lugar, por excelência, dos mais diversos saberes, conflitos e construções intelectuais, empíricas e culturais. É lugar do saber universal, isto quer dizer, não se pode pensar universidade insistindo na fragmentação do praxiológico: teoria e prática. Universidade não é lugar para dualidade, mas sim, para complexidade. Universidade é lugar de pensar o todo nas partes, e não, pensar o todo a partir das partes. Universidade é UniDiversidade.

A universidade, em sua complexidade, se caracteriza pela indissociabilidade do Ensino, Pesquisa e Extensão. Não é apenas um fazer indissociável, mas o pensar da universalidade do saber acadêmico se dá nessa dimensão. O corpus universitário não tem só “braços” (me refiro ao empirismo - homo fabers) ou “cabeça” (me refiro ao Racionalismo – homo sapiens), mas tem “coração”, tem situação: Como a Universidade situa sua ação (situação) em relação ao Ensino, Pesquisa e Extensão?

A Universidade centrada apenas em suas práticas cotidianas, enclausuradas em seus departamentos, conduz o coveiro ao seu trabalho: o sepultamento do ego acadêmico.

O Cemitério, do latim coemeterium, lugar onde se faz deitar, jazer, em sua origem, é o lugar longe das igrejas, fora dos limites geográficos das cidades. Alguns cemitérios ainda, a exemplo do louvável ego acadêmico, recebem seus atos fúnebres em jazigos ornamentados por mármore. Mas lá está o defunto. Descanse em paz! Trabalhar na perspectiva do coveiro, é sinalizar a fragmentação e a dissociabilidade da relação universidade e comunidade.

A universidade, ao contrário da exaltação do ego universitário, supostamente em processo de decomposição, é lugar fértil. A universidade é o terreno do conflito epistemológico. É o lugar, por excelência, da discussão, do debate, do questionamento da hierarquia da autoridade, que cede lugar à autoridade do saber. Universidade é lugar da abertura, da sensibilidade e da corroboração da ciência.

Universidade é lugar do acolhimento. Ensino, pesquisa e extensão é lugar de acolher. Acolher as diferenças sociais como pobreza, desigualdade social, financeira, cultural, humana, de direitos humanos…É lugar do constante refazer-se!

Refazer-se, implica na universidade, a reflexão! Sem reflexão, que leva fundamentalmente à crise, não há possibilidade de mudança. Sem mudança, não há como refazer-se. Portanto, a universidade é uma constante construção provisória de saberes em crise, em debate.

Por fim, a mudança na universidade não é uma questão arquitetônica, mas sim, humana. Ao ponto que se tem como filosofia na universidade a transformação de pessoas, e elas transformam o mundo, a universidade também se transforma. Transforma-se em local do provisório, da troca, da universalidade do saber.

É o ciclo. Não se pode negar! É a indissociabilidade entre Ensino, Pesquisa e Extensão. É a discussão, o debate, a crítica, a desconstrução…é a Universidade que deixa de ser o cemitério do ego acadêmico. ((•)) Ouça este post

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