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sexta-feira, 4 de setembro de 2015

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“DANCEM, HOMENS LIVRES, DANCEM!”

“E aqueles que foram vistos dançando foram julgados insanos por aqueles que não podiam escutar a música” (Friedrich Nietszche)

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"O caminho discursivo é ideológico. Palavras são significantes quando acolhidas em determinado contexto histórico, sociológico, econômico e político. É a subjetividade falando mais alto. O poder, estampado no grito e na expressão de horror frente à desordem. A desordem manifestada na dança.

A dança, assim como toda forma filosófica de expressão do homem mais que animal, incomoda, desestabiliza, questiona. É quase um exército, mas não é...não estão armados; não se vê fuzil ou qualquer outro tipo de armamento. Se vê apenas homens e mulheres desnudos em sua fragilidade humana, resistindo ao dever de ser quem sempre foram: seres humanos dotados de dignidade.

A anatomia das pessoas na dança, é simples, apenas simples para aumentar o impacto. Não há ornamentos, nada além do cotidiano, pois é no cotidiano que se dança. A dança da vida: nela o emaranhado de sons, ritmos e possibilidades de movimentos. Um único movimento: o protesto, a resistência, a luta. Mas o impacto é grande. Soa no ouvido daqueles que são surdos para os gritos que pedem “valor, constância, nessa ímpia e injusta guerra!” O impacto atormenta o sono, a tranquilidade e o dissabor do domínio. Gritam: Sirvam nossas façanhas, de modelo à toda terra!. Não! Não há gritos, há dança!

O espaço é confinado. Estão entre a multidão. Não se pode exigir que sejam apresentados. Não há essa intenção. Apenas o confinamento faz com que o olhar mantenha-se concentrado na composição, na música do silêncio. O silêncio, quando desejado é música; e música, é dança!

A tensão é visível: de um lado, as mãos se soltam durante a dança exigindo que mais mãos se entrelacem e que, aos poucos a dança envolva à todos. Mas, o soltar de mãos pode representar a fragilidade, o desajuste do ritmo, a individualização do sentimento! Não há o que temer: a diagonal criada pelos braços em dança, os braços quando estendidos, ajuda a manter o movimento. E o movimento continua...mais...mais e mais!

E lá se vão...enquanto o discurso invasivo insiste em falar das pedras, a dança fala das gentes. De todas as gentes! Se “pedras funcionam melhor para construir do que para destruir”, a dança destrói as barreiras das pedras para unir as pessoas! ((•)) Ouça este post

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