Páginas

sábado, 13 de março de 2021

0

RESILIÊNCIA, SIM! MAS COM O OUTRO!



 Cada tempo carrega consigo algumas palavras que acabam se tornando espécies de “filosofias de vida”. Em nosso tempo, um tempo marcado por muitas adversidades, a palavra resiliência é pronunciada várias vezes ao dia pela boca de diferentes profissionais, em diferentes lugares do mundo.
 
Ser resiliente é ter a capacidade de adaptar-se às situações que são efetivamente difíceis de lidar. Ela significa voltar atrás, ou seja, não endurecer diante de uma situação que exige maleabilidade e flexibilidade. Ser resiliente, é também ter uma atitude otimista diante da vida, mesmo que em determnada situação isto lhe pareça impossível.

Percebendo este significado, lembro da Filosofia Helenística. Essa filosofia, localizada no final da idade antiga, era resultado de um cruzamento cultural que ocorreu entre o ocidente - racionalizado - e o oriente - mistificadoDesse cruzamento, nasceram diferentes filosofias de vida que orientavam ao modo de vida da sociedade da época, ainda que esta estivesse emergida em uma profunda crise moralEssa cultura sugeria a apatia, a afasia, e a ataraxia. 

Na filosofia helenística, diziam de que quanto menos preocupações o homem tivesse com a sociedade, tanto mais feliz este seria. Os pensadores deste tempo sugeriam como forma de ser feliz, o abandono das questões coletivas como a política, pobreza, sociedade, para aqui no lugar delas, fortalecer o espírito individual. De outra forma, isto significa cuidar mais de si, adaptando-se às condições de seu tempo, evitando qualquer conflito mesmo que teórico, e vivendo uma vida extremamente meditativa.

Sabemos, porém, que ser resiliente está além de uma vida individualista. É preciso reconhecer que o sentido da vida está no encontro com o outro, um encontro que produz aprendizagens, alegia. Essas aprendizagens alí constituídas, são a marca que os encontros deixam em nossa vida. Retornar de um encontro sem nada ter mudado, é como querer a mudança e não estar aberto a ela.  

Nesse sentido, precisamos resignificar a resiliência humana. Dar à ela um novo sentido, um entendimento que amplie o encontro de si com o outro. Entender a resiliência a partir de uma condição individual faz com que o sujeito abandone a grande oportunidade da sua vida: a convivência com o outro. Isso não significa que, diante do outro preciso estar em plenas condições de meu reconhecimento individual. Na relação com o outro, posso estar fragilizado por uma situação de perda, dor, ausência, entre outras e, brota espontaneamente a acolhida.

Sendo educador, percebo que a abertura para a condição humana do sujeito é uma grande oportunidade do encontro educativo. Não nos encontramos para nos mostrar-nos uns aos outros, o quanto somos adaptáveis, pessoas de sucesso, carregadas de auto estima, ou mesmo prestigiada por outras. Nos encontramos pela necessidade de trocarmos o essencial que há em nós: a nossa humanidade. 

Nesse sentido, e para finalizar, te convido a refletir sobre as possibilidades do encontro educativo, quando busca ser resiliente com o outro. Ainda que a adaptação às condições seja fator importante, assim como foi para os filósofos helenísticos, resta dizer de que a transformação das mesmas condições, conduz o sujeito à um contexto de Felicidade. 

Por fim, resiliente, sim! Mas em constantes encontros educativos com o outro!
((•)) Ouça este post

Nenhum comentário:

Postar um comentário

Deixe aqui seu comentário