Páginas

sábado, 16 de janeiro de 2021

0

SUPERAR A CRISE HUMANITÁRIA


https://g1.globo.com/am/amazonas/noticia/2021/01/14/pacientes-e-medicos-relatam-colapso-em-manaus-leia-relatos.ghtml

Somos todos, formados de muitos. Nossa condição humanitária, está além de nossa existência individual. Cada vez que um, entre milhões de seres humanos morre, é uma parte de cada um de nós que morre junto. Somos todos, juntos e misturados. Nossa humanidade reside na condição de humanidade do outro. Quando a humanidade do outro é negada, é a minha humanidade que está sendo negada. Por isso, toda condição de crise humanitária, implica e importa à todos.

Ocupamos um lugar humanizador na vida do outro. É lugar de construção do outro. É o reflexo de nosso exemplo, palavras, ações, que vai constituindo o lugar do outro. Por isso, ninguém se constitui sozinho, mas sim, a partir de um lugar. O lugar (do latim localis), é onde se tem lócus, ou seja, onde colocamos nossos sonhos, desejos, utopias. 

Cada vez que a condição humana de um de nós morre, com ela e em cada um de nós, desaparece sonhos, desejos e utopias. Elimina-se a possibilidade da condição do outro, dos outros e de cada um.

São muitos que já perderam sua condição humana de viver. A natureza nos deu a condição de existir, mas não nos impôs condições de como deveríamos viver. O que fazemos com a vida é um ato de liberdade. Ser livre é agir com consciência e responsabilidade. Consciência da condição humana e responsabilidade sobre a mesma.

Diante da crise de humanidade, governos quantificam acumulados de números sem se importar com a humanidade que reside em cada um. Por trás de cada número, há uma vida que merece ser vivida em sua plenitude. O acumulado quantificado de vidas perdidas reflete o desespero e a impotência de quem governa com foco no poder de si e não na humanidade do outro, no achismo e na incapacidade de humanizar-se com o outro.

Diante da crise de humanidade existente, a palavra AMAZONAS (Ha-mazan: de origem iraniana), cujo significado é “Lutando Junto”, nos convida para refletirmos qual é a importância da condição humana, do lugar do outro como luta pela sua e pela minha minha humanidade?

É preciso lutar junto. Não há humanidade em um só. É como a chuva que irriga a natureza, renova a vida, faz tudo crescer e multiplicar, também multiplica e faz crescer a humanidade do outro diante de minha humanidade. O outro é morada, estância. Não há estância sem estancieiro, morada sem morador...se assim for, é tapera...fica desabitada...

É preciso habitar a morada que há em nós com sentimentos de humanidade. É preciso humanizar o quantitativo acumulado de números perdidos. Lutar é resignificar a história de cada vida perdida e as que seguem. Resgatar o cuidado com a vida em cada um, ampliando a responsabilidade sobre a vida do outro, cuidando do outro, permitindo-se e permitindo ao outro sua humanidade, sua liberdade e dignidade.

É preciso AMAZONAS - “Lutar Juntos” - Lugar onde a luta seja pela vida, pela condição de humanidade. Que a luta do Amazonas - nesse momento, em gotas de lágrimas, possa respingar em cada um de nós. Que os respingos nos tragam a condição humana do outro, onde também, quem sabe, possamos encontrar a nossa.

((•)) Ouça este post

Nenhum comentário:

Postar um comentário

Deixe aqui seu comentário