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domingo, 7 de fevereiro de 2010

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A PEDAGOGIA DAS CENTOPEIAS

Vivemos um momento caracterizado pela liberdade de expressão. Em the_wallartigo recente no Jornal Zero Hora (N.º 16234 – 02/02/2010), na Seção de Artigos, encontramos afirmações sobre a questão se o professor aprende ou não com os alunos. Naquela coluna jornalística a afirmação era de que nada os professores aprendem com seus alunos. Apenas os alunos devem aprender com os professores. E por fim, ainda resta a afirmação de que aqueles que procedem considerando que a aprendizagem ocorre na troca de conhecimentos entre professores e alunos são constituintes da chamada “pedagogia das centopeias”; ou seja, tem muitas patas e vivem se arrastando.

Discordo! Sempre fui defensor de que o novo paradigma da educação a ser construído aponta para o consenso intersubjetivo, ou ainda, é a partir do entendimento entre as esferas educacionais, seja no processo de gestão escolar, seja na própria sala de aula quanto ao relacionamento de ensino-aprendizagem entre professor e aluno que se fazem relacionar o verdadeiro significado da educação.

Escola não é cinema, teatro, ou coisa do gênero! Escola é lugar de participação! Ninguém vai na escola apenas para assistir aulas. As aulas são construídas pela interação do professor e aluno e vice-versa. Como então sustentar um ponto de vista tão antiquado quanto ao da pedagogia das centopeias?

Outro aspecto importante à considerar é a possibilidade de mal compreendido o processo de construção do conhecimento pode dar a impressão de estar se “arrastando” feito centopeia. Não é morosidade no processo, apenas faz parte pois os tempos e espaços de aprendizagens são diferentes de pessoa para pessoa. Não se pode trabalhar em escola com espírito de empresa, ou seja, metas precisam ser alcançadas, mas padrões não podem ser estabelecidos. Padronizar, rotular é ao mesmo tempo voltar no tempo. Portanto,  essa interpretação feita pelo artigo de Zero Hora não merece crédito daqueles que acreditam em educação.

No entanto, afirmar que somente aluno aprende com professor é acentuar o caráter de memória. Volta-se no tempo em que aprendizagem estava ligada à capacidade que o aluno tem de decorar coisas – acumular informações em sua memória. Deus me livre! Prefiro acreditar que estamos andando no caminho certo! Se for valido o critério da memória, pobre povo brasileiro, que nota teria na escola da vida? A justificativa se dá porque se esquece em questões de semanas ou mesmo meses o que aconteceu no cenário político, econômico, social, etc.

Quem escreveu aquele artigo foi um professor, com certeza o mesmo nunca foi educador. Ser educador implica em aprender ensinando. Negar a possibilidade de aprender é se transformar em um ditador! Você não gostaria de ter um professor, um pai, um presidente, um chefe ditador? Por enquanto, prefiro a pedagogia do entendimento.

Precisamos construir uma educação baseada na aprendizagem multicultural, ou seja, o aprendizado é uma competência sendo considerada a partir do ouvir as “vozes” de todas as culturas, jeitos, religiões, tradições, etc. Jamais nos considerarmos donos do saber! Antes disso, prefiro ser uma centopeia.

Link para Artigo de Zero Hora: ZH - A Pedagogia das Centopéias

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Um comentário:

  1. Bem se vê que o Sr Jornalista e Economista não tem NADA de professor. Deve ter passado sua vida nos números e nas entrevistas, pois nõ posso acreditar que aluguém que "ensina" não conseguiu aprender... nem que seja uma "gíria", uma "moda", afinal, não saimos de casa todas as manhãs sabendo tudo, mas enfim, cada um com os seus "ensinos e aprendizagens"... Paulo Freire nessa criatura, por favor!!! Deveria ler "Pedagogia da Autonomia"...

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