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sábado, 29 de agosto de 2020

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DAS CONDIÇÕES ÉTICAS DO RETORNO ÀS AULAS PRESENCIAIS


Toda tomada de decisão, implica necessariamente em considerar em que condições se produz melhores resultados. Para tanto, a reflexão sobre o agir, é sempre a melhor postura. Com o retorno às aulas presenciais não é diferente. Não se trata apenas de estabelecer uma data, colocar medidas disciplinares à serem cumpridas, treinar pessoal, fazer planos de segurança, etc. Se trata sim, de refletir sobre quais princípios éticos está pautado o agir, para poder ser assertivo em relação aos resultados.

Considerando que, o agir humano é sempre orientado por diferentes tipos de racionalidade, também há diferentes posturas quanto ao retorno às aulas presenciais. Quando orientamos nossa ação pela racionalidade técnica, instrumental, ganha força todo um planejamento sistemático e normativo. Já quando orientamos pela racionalidade humana, a dimensão complexa do agir orientado pelas questões culturais, históricas, saúde, política, econômicas, espirituais, etc., se sustenta. Há, portanto, uma terceira postura que permite considerar o olhar ético antes de qualquer ação sem reflexão: a dialética educativa.

O movimento dialético em educação é um movimento do pensamento crítico, que assentado na concretude da vida das escolas, possibilita a compreeensão de que as relações que se estabelecem na escola, são sempre resultado da práxis humana e de suas contradições. Com isso, as relações complexas no ambiente escolar, não podem serem fetichizadas. O fetiche leva à criação de uma pseudoconcreticidade, ou seja, uma falsa noção de realidade.

Não se pode criar uma pseudoconcreticidade para justificar a necessidade ou não do retorno. É preciso uma reflexão ética, que suspeite e integre o mundo dos fenômenos escolares em sua complexidade. Nesse sentido, assumir o cotidiano escolar como lugar de contradições, é compreender que a dinâmica dos processos escolares são pautados pelo movimento das próprias contradições. A contradição leva à dúvida, curiosidade, ao movimento de busca pelo saber. A escola não é lugar de relações estáticas, truncadas, positivadas, legalistas ou funcionalistas. Escola é lugar de crítica, reflexão sobre a ação. Toda tomada de decisão na escola, deve considerar essa seara.

Portanto, sobre as condições éticas do retorno às aulas presenciais, é necessário que se avalie eticamente, em uma reflexão ampla com os professores, alunos, famílias e comunidade, considerando em primeiro lugar o objetivo central do processo educativo, que é (re) construir, e ampliar a humanidade de cada um. Para tanto, a condição dialogal dos grupos envolvidos nesse debate não pode ser meramente político, econômico ou de uma curvatura de fantasias que não se sustentam no campo da concretude da escola. O debate deve ser sim, de escuta e de trocas efetivas, que considere que, nem sempre o que acredito é o melhor a ser feito; mas que o melhor a ser feito, deve ser ético.

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