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domingo, 23 de agosto de 2015

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A DIFÍCIL TAREFA DE HUMANIZAR O CIBORGUE

ciborgueSabemos que, historicamente, o homem tem desempenhado suas tarefas com o uso de ferramentas. Este uso, o transformou de homo sapiens à homo fabers. A condição do uso de ferramentas sem o pensamento crítico produziu o homem alienado, consumista, fragmentado de sua condição originalmente natural. Pensadores do Século XVIII e XIX, como Rousseau (no Emílio) e Kant (Sobre a Pedagogia) afirmavam que ser papel da educação continuar àquilo que a natureza começou. Parece que o nosso tempo, tão pouco tem entendido essas premissas iluministas.

Instrumentalizar o homem para resolução de suas tarefas, sejam elas cotidianas, sejam esporádicas, tem sido o grande desafio daquilo que chamamos de técnica. Educar é mais que instrumentalizar, é fazer-se humano.

Diante da sociedade da informação, onde a comunicação passa necessariamente pelo viés tecnológico, o destaque está para o uso de ferramentas. À esse movimento, chamou-se de ciborguização; ou seja, um modelo de homem caracterizado pelo uso de ferramentas. Detalhe a se observar, é que essas ferramentas representam extensões das possibilidades do humano, portanto, não fora dele, mas inseridas em seu ser.

Se a grande crítica feita à modernidade era de que o pensamento humano teria se tornado mecânico, aqui, o mesmo agora é digital. O Ciborgue é o homem ferramenta – que veste tecnologia e pensa digitalmente. Não está constituído apenas fisicamente com tecnologia, mas seu pensamento se tornou digital. O ciborgue comunica-se digitalmente. Sua relação com o mundo se dá através de ferramentas digitais. As mesmas vestem a nossa pele, estão incorporadas em nosso corpo. O destaque está na possibilidade de estender a humanidade encontrada no animal-homem através de elementos complexos tecnológicos que buscam corrigir e aperfeiçoar o saber e o ser do homem.

Assim, os ciborgues a partir das diferentes habilidades também apresentam diferentes condições de aprendizagem. Seu conhecimento não é mais cumulativo, por filtros, enfim…acontece pelo viés dos hiperlinks; ou seja, o ciborgue é hiper-conectado digitalmente. Um belo exemplo disso, é o uso dos smartphones por jovens.

Os ciborgues entendem de que conhecimento não se dá pelo viés de espaços isolados como estar atrás de uma classe em sala de aula, mas sim, na construção de espaços significativos de aprendizagem. Entendem que a escola não tem paredes. Compreende que é na conexão que se faz a troca, a construção do conhecimento.

Diante dessa mudança, é desafio pensar de que forma podemos, na escola, humanizar o ciborgue?

Há algumas possibilidades. Uma delas se encontra na metodologia de aprendizagem do mesmo. O ciborgue aprende utilizando de ambientes colaborativos, são nativos digitais que aprenderam a desenvolver multitarefas. Então, é desafio da escola pensar esses espaços utilizando-se da interdisciplinaridade e da transversalidade de saberes que culminam em valores humanos, ou seja, é educar o ciborgue com afetividade. De outro lado, é importante compreender que o ciborgue está inserido em uma sociedade individualista, a “sociedade da selfie”, mas que, contraditoriamente é tão capaz de compartilhar aquilo que se é, ou se sabe.

Compartilhando valores, produzindo relações cada vez mais afetivas, construindo uma sala de aula pautada na atividade, no grupo e com atendimento humano do professor é possível dar significado de escola para o ciborgue. ((•)) Ouça este post

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