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sábado, 9 de abril de 2011

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POBRES INOCENTES CULPADOS

 

tragedia-Rio-de-Janeiro-7-de-abril-2011Diante do assassinato de crianças, não se pode dizer muita coisa. Apenas podemos elaborar algumas perguntas que não querem calar: Que sociedade é essa que culpa as crianças pelas atrocidades cometidas pelos adultos? Que sociedade é essa que coloca projéteis no lugar de sonhos? Que sociedade é essa que ao invés de poetizar o mundo com vozes alegres de crianças, desprende a tristeza e o rancor por meio de gemidos de dor? Enfim, que sociedade é essa que transformou nossas crianças em alvo de nossa estupidez adulta?…entre outras…

Ficamos acometidos por pensar de que, todo sujeito marginal também é produzido pela sociedade, e o pior, saber que o atirador de Realengo também foi estudante! Que efeito moralizante tem produzido a educação na vida de pessoas como essas?

Atentamos, visualizando como nos últimos anos a violência contra a criança tem se produzido em massa. Em 1993, ocorreu a Chacina da Candelária e também a de Vigário Geral. Sobrevivente da Chacina da Candelária, o garoto Sandro, em 2000, sequestra um ônibus no RJ e deixa por vítima uma estudante universitária. Como se não bastasse toda essa agressão e descompasso social, em 29 de março de 2008, Isabella de Oliveira Nardoni foi defenestrada do sexto andar do edifício em SP onde morava pelos próprios pais. E, infelizmente casos e mais casos são mostrados todos os dias. É o efeito “bola de neve”.

Tudo isso serve para nos mostrar que vivemos em uma sociedade extremamente patológica. Uma sociedade preocupada em questões ambientais, econômicas, políticas, etc., mas onde o maior problema é de fato, a convivência social das pessoas. Essas pessoas que culpam as crianças pela ignorância adulta são por imediato produtos de um sistema dissonante, destoado e antes de tudo, falido do ponto de vista ético e moral.

Elas não têm culpa! São pobres inocentes culpadas por uma sociedade que pensa resolver seus problemas matando gente! São frutos de uma sociedade que valoriza o supérfluo em detrimento ao necessário. Frutos de uma sociedade que coloca o tempo de amanhã na possibilidade de viver o hoje; que desloca os valores do passado chamando-os de “retrógrados” enquanto adianta a falta de regras, de justiça e de consciência coletiva.

É inadmissível que continuemos a manter como está uma instituição social como a escola. Ela precisa ser reformulada. Ela não pode ficar produzindo o seu próprio assassino. Ou educa-se para a vida, justiça e paz, ou o que significa educar? Assim, penso que é hora de pensarmos urgentemente o papel social da escola para não culpar os inocentes pelas atrocidades existentes.

((•)) Ouça este post

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