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sábado, 23 de outubro de 2010

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RESPONSABILIDADE POLÍTICA: “É tão cômodo ser menor” (Kant)

 

ignorância_políticaEm tempos políticos como o de agora, se vive exuberantemente um período de transição. O fluxo até então fragmentado e avassalador moderno, se constitui agora, nas palavras de Marx: “Tudo o que é sólido se desmancha no ar”. Como já dizia Aristóteles, devemos nos posicionar como arché ton esomenon (origem do que será), ou seja, uma constante abertura do ser. O desafio que hora se apresenta, é chamar a historicidade à si, e diante dela se apresentar em continência.

É tempo de pensar a poíesis, e não apenas a téchne. A imposição da ciência positiva como verdade adequatio se desmanchou, restando apenas uma verdade-ato. É nesse sentido que se constrói a atividade política atual, um exercício carente de garantias, um espaço instituinte, órfão de “pai” e em profundo desacordo entre “irmãos”. As divergências, o conflito, os consensos provisórios sujeitos à disputas acirradas, caracterizam o novo tempo em política.

Diante dessa perspectiva, é que a sociedade necessita sempre do debate, do constante espaço da ação comunicativa, livre de coerções, dogmas e sectarismos – sem características finalistas.

Diante da superprodução dos “mestres dos ismos”, não podemos deixar prevalecer o dilema do “ser papagaio”, muito menos do “ser mudo”. É preciso compreender que ninguém detém a verdade ou está sentado em lugar privilegiado. Portanto, a análise de um discurso tendencioso, doxal e avarento, pode constituir o antônimo da máxima de Nietzsche: “Não é pro ser coxo que não se vá caminhar”.

Por outro lado, é preciso que os sujeitos sociais, políticos por natureza, constituam seus projetos sem reproduzir experiências ou expectativas totalitárias. Tudo isso serve, em primeira instância, para apontar de que não se deve esperar por soluções que advenham da ordem natural dos acontecimentos, ou ainda, apostar em “mágicos” em política, que tiram de sua “cartola” soluções que nos orientem para uma ontoteologia da “boa sociedade”, “terra prometida” ou “paraíso do laissez-faire”.

Assim, assumir-se enquanto sujeito político, de ação comprometida é estar alheio às vontades de um sistema fechado, absoluto. No dizer de Cirne Lima, “Assumir-se enquanto sujeito é desempenhar um papel ativo neste filme onde estamos de qualquer forma arrolados: a vida!”.

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