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sábado, 15 de maio de 2010

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UMA MENTIRA CHAMADA AUTORIDADE

autoridade Foi-se o tempo em que as coisas funcionavam na base da força. Experimentamos um novo tempo, um tempo que a força, a prepotência e a autoridade não mais satisfazem qualquer tipo de convenção social.

Na antiguidade, as formas mais elementares de convivência social exigiam a força. Por exemplo, os líderes políticos eram escolhidos em uma batalha, onde o mais forte era o escolhido. Na mitologia, um homem, convencionado socialmente como o representante das divindades dirigia seus discursos para o governo dos outros com base na fé dos mesmos. Na Idade Média, com a supremacia da Igreja Cristã mais uma vez a visão absolutista de mundo é inserida no contexto social. Reis, Papas, autoridades laicas existiram com a intenção de representar alguma instituição social que lhe dera, em seu nome, autoridade para legislar, executar a lei e julgar quando necessário.

A autoridade exige respeito. O respeito delegado à autoridade tem como base o medo! Desde pequenos fomos educados a permitir dentro de nossa consciência um espaço para o medo. Medo da polícia sem nenhum delito cometido; medo do pai, pois ele era o tutor supremo da convivência familiar; medo do professor, pois sua figura é disciplinante; medo do padre, pois ele representa nossa ligação com a perfeição (Deus). Alguma vez já paramos para pensar que esse medo também pudera ter produzido em nós “medo de nós mesmos”?

Intrigante e desafiador é produzir a superação desse medo a partir do entendimento, do diálogo e do consenso. Não vivemos um tempo em que se escondem informações; o momento é de transparência e de complexidade. Estamos buscando a conviver com o diferente, entendendo suas limitações, angústias e desejos. Visualizamos o sistema político e econômico como uma possibilidade de organizar a economia de um país, mas não como única possibilidade. Apostamos na educação como a tentativa do cultivo de valores; não valores impostos pela autoridade de alguém, mas virtudes universais como a vida, dignidade e a liberdade, que são válidos em todo tempo e lugar.

As relações de trabalho passam pela gestão de grupo e não pela autoridade de um indivíduo. Não suportamos mais o egocentrismo exagerado daqueles que pensam que podem definir o que pensamos, o que consumimos, que moeda usarmos, que língua falamos…Nossas relações são de livre-arbítrio, no entanto, há que se considerar que precisamos ainda nos “desgrudar” daquela velha moral com base na autoridade.

O respeito não é um produto a ser adquirido com a autoridade, mas um valor a ser conquistado com a liberdade de pensamento e ação. Não se pode pautar o desejo de ser livre alimentando cotidianamente as velhas estruturas moralistas que durante muito tempo mantinham o império da força e do domínio como ditames de uma sociedade embasada na ordem e no progresso.

Ninguém pode resistir ao sonho da liberdade sem antes sobrevoar sua consciência e nela, categorizar os pressupostos da convivência humana, ainda mais quando se fala na preservação da vida, liberdade e dignidade da pessoa humana.

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3 comentários:

  1. O que uma pessoa que vive afundado no senso comum diria se falasse a ela que tens medo de procurar sua liberdade?Quem não procura a liberdade,sofre pelo objetivo do outro que inclui a liberdade de quem autoriza.Aquele que tem autoridade comanda a liberdade da pessoa que é subordinada?
    Confesso que queria ter liberdade,mas não sei quando à tenho ou quando à procuro,pois no momento que procuro revelo minha liberdade no que quero achar.
    O senhor tem a liberdade que deseja?

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  2. Amiga Pensadora Anonima!
    De fato, tenho acompanhado suas escritas pelo meu blog. Não sei quem és, ou o que faz! Mas fico imensamente feliz que ainda existem pessoas que procuram a reflexão! Muito obrigado! Grato!
    Em se tratando de liberdade, segundo Sartre, essa é uma condição pela qual e com a qual, somos eternamente condenados! É uma questão existencial!O problema está quando essa condição fica atrelada à vontade de outrem. No fundo, nasce uma relação de subordinação á autoridade de Outrem que limita o fato de sermos livres! esse outrem, pode ser inclusive a nossa condição de liberdade!
    Amiga, reflita comigo: Será que a Liberdade não é, por acaso,uma questão de autoridade?
    Abraço,

    Rudi

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  3. Bom ate certo ponto.Pois no momento em que adquiro total liberdade sobre tal coisa recebo limites até onde posso me libertar.Quem me da limites é aquele que tens autoridade sobre mim pois tera consequencias do mau uso da mesma,então aquele que tens mais autoridade é aquele que tens mais liberdade e responsabilidade de seu uso,é injusto com quem não tem autoridade e emocionante pra quem comanda o controle de poder e remediar!
    ABRAÇO

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