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segunda-feira, 17 de maio de 2010

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O QUE É O BEM E O QUE É O MAL?

Prof. Ms. Danilo Simionatto Filho – Email 

 

lutero2 Diferentemente do que tem ocorrido no meu espaço, mais por um motivo de indignação do que por falta de assunto, vou sair um pouco do roteiro “artes, cultura e entretenimento” para me adentrar um pouco no campo do comportamento humano.

Digo indignação, não sem motivos! Afinal, vivemos mais um ano eleitoral e muitas promessas vêm por aí para ludibriar a maioria da população, que acaba acreditando que nosso país está seguindo o caminho certo e que possivelmente vamos sair de nosso atraso de mais de 500 anos em breve.

Não estou falando que para sairmos desse atraso é necessário seguir modelos já utilizados nos chamados países de primeiro mundo (se é quer ainda podem ser chamados assim, uma vez que já existem termos mais “atuais” para se dizer a mesma coisa, como, por exemplo, países centrais ou de globalização hegemônica), mas que temos que pensar diferente e agir diferente para podermos evoluir como sociedade e como cidadãos.

O que me leva a desviar parcialmente a “rota do navio”, sem, contudo, desligar-me da cultura que vivemos, é um fato que me ocorreu nessa semana em sala de aula.

Na bem da verdade, cheguei a me perguntar se não sou um energúmeno ou algo que o valha. Mas, como não comungo dessas crendices, achei até engraçado poder ser comparado a isso e, não temendo as possíveis reprovações, fui em frente.

Naquela tarde, havia participado de uma banca de um Trabalho de Conclusão de Curso sobre um tema polêmico: Uniões Homoafetivas (que envolve indiretamente o assunto religião e Estado). Mais tarde, pela noite, fui questionado sobre minhas crenças em sala de aula.

Não sou de me expor. Entretanto, achei o momento propício para lançar 10 pequenas sentenças e assim causar alguns questionamentos nas cabeças dos universitários presentes.

Assim: 1) Martinho Lutero provocou o maior burburinho em torno da religião que se tem notícia; 2) A cisão com a Igreja Católica se deu em virtude da venda de cadeiras no céu; 3) A Reforma Protestante se originou de tal fato, por que seus responsáveis acreditavam justamente que não precisavam de bens para amar e serem amados por seu Criador; 4) A Igreja e o Estado separaram-se, restando o Estado laico, que teoricamente não tem influência da fé,; 5) O Estado laico, que não é influenciado pela fé, deu imunidade tributária para os templos religiosos e para os partidos políticos (inclusive existem partidos políticos de religiões); 6) O Estado laico combate o crime, sendo que este vem de forma mais perniciosa quando afeta um sem-número de pessoas (como no caso da lavagem de dinheiro); 7) Ninguém tem meios de apurar quanto entra de dinheiro dentro de um tempo religioso, e nem mesmo qual a origem desse dinheiro; 8) A criatividade de quem se valha da dor alheia para “financiar a obra de Deus” criou o “trízimo” (30% dos rendimentos para a Igreja); 9) Quanto maior o desespero, maior a busca por ajuda espiritual (temos medo de morrer e não encaramos o fato de que isso é apenas mais uma etapa natural); 10) Determinadas religiões dominam os meios de comunicação de massa.

Claro que as cadeias de argumentos trazidos podem apresentar falhas e, em virtude disso, podem ser rebatidas. Mas, da mesma forma, podem apontar algumas conclusões interessantes, como: 1) Martinho criou uma Reforma para acabar na mesma situação anterior; 2) O Estado nunca se separou da Igreja; 3) O Estado combate e financia o crime, por meio de benefícios fiscais, inclusive; 4) O dinheiro do dízimo (ou do trízimo) que era para financiar a obra divina acaba financiando o narcotráfico, a exploração sexual, o jogo e outros templos caça-níqueis; 5) Estamos vivendo um caminho sem volta e ainda temos que nos confortar com musiquinhas que falam “faz um milagre em mim” e padrecos metidos a cantores invadindo a intimidade de nossos lares com melodias de péssimo gosto!

Entendo que as pessoas têm suas crenças e que algumas jamais irão se livrar desses vampiros travestidos de santos. Respeito a opção de cada um e, em alguns casos, tenho piedade dessas pobres almas.

Só não posso compactuar com tanta sacanagem que está acontecendo nos olhos de todo mundo e não aparece ninguém para denunciar esta falta de vergonha.

Vamos votar outra vez. Vamos torcer pelo melhor de nosso país. Mas, infelizmente, enquanto tivermos tratamento privilegiado para templos religiosos e partidos políticos, não progrediremos.

Não é uma questão de fé; é uma questão de razão e honestidade para com o outro (o que não deixa de ser um mandamento de várias crenças). Sabias as palavras de João: conhecereis a verdade e a verdade vos libertará!

((•)) Ouça este post

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