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segunda-feira, 3 de maio de 2010

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OS LIMITES DA NORMALIDADE

human Vivemos em uma sociedade que constantemente estabelece padrões. Vai dos padrões de beleza até padrões pré-condicionados das formas de pensar. Por trás de fatos normais, existe a possibilidade do controle, ou seja, àquilo que é normal, constantemente acontece, mas o que é considerado fora do padrão incomoda e é deve ser excluído. O que muitas pessoas não sabem é que essa normalidade tem um limite: a condição humana da busca pela diferença.

Desde que nascemos, temos aprendido a confrontar nossa forma de pensar com os padrões do certo e do errado socialmente estabelecidos. Não que queiramos extrapolar o que culturalmente se constrói, mas o desejo da mudança é intrínseco dentro de nós. No entanto, esse desejo faz com que nos pusemos em uma condição de tamanho conflito, que a normalidade acaba por se apresentar como um estranhamento de mim comigo mesmo, e de mim com o outro.

O normal é patológico. O normal adoece a vida social. Estabelecer o normal é o mesmo que não permitir a diversidade – o que nos dias de hoje é fatal para a desintegração do tecido social. A normalidade aceita apenas o que é ou que pode ser funcional do ponto de vista operacional da vida social.

Quando se fala em educação, a escola tem contribuído muito com o processo da normalidade. A justificativa que se apresenta está no fato de que a mesma é um aparelho ideológico do Estado. No entanto, a mesma deve funcionar como um espaço do “acontecer” da normalidade. Os padrões escolares se refletem no campo de trabalho, na economia, na cultura e na língua de um povo. A partir desse desenho, vê-se que a estrutura escolar necessita de uma mudança que venha a corroborar com a noção da diferença o que, por conseguinte, gera criatividade.

Também precisamos debater a construção histórica que se deu até hoje ao ser diferente. No Séc. XVII, ser diferente era ser deficiente, inapto ao trabalho e à vida social. No entanto, com o discurso da inclusão, a diferença volta com novo significado: a valorização da vida, da liberdade e da dignidade em uma sociedade capitalista precisa da condição da diferença para se sustentar. No âmbito do trabalho a diferença, muitas vezes, acaba se tornando em exclusividade. O sucesso de muitas pessoas e empresas faz com que a diferença assuma tamanha presença social a ponto de limitar a normalidade e elitizar o mercado.

Em educação, os limites da normalidade se apresentam quando, em diferentes situações somos convidados a pensar uma escola mais diversificada, seja em questões de método quanto no desenvolvimento de competências e habilidades a serem desenvolvidas em nossas crianças e jovens.

Não podemos mais pensar uma sociedade que paute sua educação no solo de uma racionalidade técnica, assentada em princípios padronizados conforme o interesse das elites dominantes. Toda tentativa de mudança é valida! Toda sede de superação do antagonismo social tem seus reflexos e seus empecilhos! Mas todo desejo de superar a normalidade carrega em si, o gostinho da mudança!

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2 comentários:

  1. O que é ser normal para uma pessoa que não sabe o que é viver dentro da normalidade?
    Tenho certeza que muitos são diferentes,e por serem diferentes sofrem pela ansiedade de se tornar normais.Sou o que sou mas não gostaria de ser o que me tornei,mas não tem como mudar,uma pessoa que não tem um proposito para a vida não tera um bom caminho para a morte.Ser normal no que,se todos somos diferentes,com objetivos,classes,e formas de pensar.Peço desculpas por palavras que são reflexos do meu pensamento mas não para aquelas palavras que demonstram o que eu sou!ABRÇS.

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  2. Olá Pensadora!
    A diferença está na superação do Pensamento Único. Dia após dia reproduzimos os estereótipos de nós mesmos, so que na configuração de outrem. Ser o que os outros querem que sejamos, é retornar à condição de escravidão.
    Sem querer ser criterioso, é importante observar que a vida das pessoas segue um ritmo que elas mesmo se colocam. Então, a falta de postura em si, define um sujeito normal. Falta de atitude é, sim, excesso de normalidade.
    Abraços,

    Rudi

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