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sábado, 24 de outubro de 2020

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O FILÓSOFO ESPINOSA NOS ALERTA: A SUPERSTIÇÃO POLÍTICA É PERIGOSA!


Estamos vivendo um tempo de decisões políticas, em que muitas ideias, concepções e crenças se manifestam. Por todos os lados, encontramos pessoas discutindo sobre diferentes e divergentes temas que envolvem política. De fato, toda vida coletiva passa por decisões políticas. Apresento a seguir, significativas contribuições do filósofo Baruch Espinosa (1632-1677) no campo da política.

Inicialmente, Espinosa em sua filosofia afirma que Deus é uma substância que comporta todas as outras; ou seja, tudo está em Deus. Sendo que a principal caraterística de Deus é, segundo o filósofo, a liberdade - tudo quanto Deus comporta também é livre. Assim, a essência da  natureza humana é a liberdade. Partindo dessa ideia, Espinosa diz que a Política deve afastar-se de concepções que desprezam a natureza humana, que não afirmam a liberdade. Para tanto, a boa política além de afirmar a liberdade humana como princípio, deve também conceber o homem como ele é, em sua condição material, humana, social, concreta, etc.

Os governos, na gestão das leis e do Estado, não podem de forma alguma, sobrepor os interesses particulares de seus governantes sobre o direito natural, estando assim fundado na defesa da Vida, Liberdade, Dignidade e Propriedade. Uma forma de concretizar a boa política para pessoas reais, é na perspectiva do filósofo, priorizar e defender esses direitos e, somente o Estado o pode fazer.

Sabemos, porém, que a nossa natureza é marcada pelo desejo de poder, pelo egoísmo, pelo desejo de governar e não ser governado. Segundo Espinosa, não se trata de conceder direitos, de forma assistencial, mas formar um corpo político que garanta a participação de cada um e de todos. Nesse sentido, Espinosa defendia a Democracia que, segundo ele, é o regime de governo mais propício para a realização dos interesses humanos. Somente a democracia é capaz de realizar a máxima de que as pessoas querem governar sem serem governadas. Esse ideal só é possível quando os cidadãos participarem do governo e da elaboração das leis.

Porém, ao elogiar a liberdade, Espinosa nos alerta sobre o surgimento da superstição política, que leva os cidadãos a adorar os governantes como se fossem deuses, ou de outra forma, detestá-los como se fossem pragas. De uma forma ou outra, Espinosa nos lembra que a superstição é o meio mais eficaz que os maus políticos utilizam para dominar as massas. 

Uma vez que a política está voltada para a concretização da liberdade intrínseca à natureza humana, ela não pode estar orientada para a submissão. Políticos que atentam contra a liberdade, não prejudicam apenas um indivíduo, mas toda uma sociedade. Estão apenas interessados em acumular cargos e honras, do que gestar o bem comum. Para combater a superstição, e é sempre bom lembrar, os interesses particulares em matéria de política, devem sempre estarem direcionados para beneficiar toda a coletividade.

Assim, fique atento aos discursos supersticiosos e as promessas mirabolantes que, em última análise, priorizam os interesses de poder e egoísmo individual. Uma boa proposta política é aquela que afirma a realização da liberdade em todas as suas dimensões. 

Para finalizar, é sempre bom lembrar da célebre passagem do Hino Riograndense: “Povo que não tem virtude, acaba por ser escravo!”. Que Espinosa nos ajude amadurecer politicamente! Amém. 

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