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sábado, 3 de outubro de 2020

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A INCRÍVEL AVENTURA DE EDUCAR PELO AMOR

Desde o início de nossa experiência existencial, vivenciamos a incrível aventura da educação. Através de nossas aprendizagens, nossos pais e professores perpetuam sua eternidade em nós. Através de nossas aprendizagens, também vamos nos eternizando neles. Então educação está sempre em uma relação de que, aquele que ensina, também aprende. E a primeira aprendizagem, a mais básica e - por isso base, é que não há educação sem amor. Assim, a educação se constrói sobre o princípio do amor.

Não é porque o amor é a base da educação, que amar em educação é simples. O amor, entre os gregos antigos, tinha trẽs conceitos: o Amor Philia - Amor de pais para filhos; o Amor Eros - Amor entre os apaixonados; e, por fim, o Amor Ágape - Amor Transcendente, que vai além da própria condição de quem ama. O fantástico da aventura humana de educar está na condição Ágape, um amor incondicional, que não estabelece condições, que transcende qualquer dimensão condicional, seja ela de cor, classe social, sexo, religião, etc.


Lembremos que educação, em sua raiz etimológica, significa “tirar de dentro”. Ao educar e, dialeticamente, educar-se no mesmo momento, “tirar de dentro” exige de quem educa uma relação de alteridade e transcendência: preciso enquanto educador, primeiramente, colocar-me no lugar daquele que não sabe, para posteriormente conduzí-lo ao saber. Conduzir a transição da ignorância ao saber, é um ato de amor. Ao colocar-me no lugar do outro, reconheço o meu lugar e minha missão.


A dimensão do saber do outro, é reconhecimento da minha dimensão do não saber. Por isso, no ensinar e no aprender, não se trata de competir sobre quem sabe mais ou menos. Quando amo o conhecimento e nele amo o outro, reconheço que o saber é tão diverso, que o que sei não é mais, mas é apenas diferente do aquilo que o outro sabe. E isso não me torna menos ou mais, porque educar pelo/no amor não exige a condição de saber mais ou menos, mas dialogar constantemente sobre aquilo que se sabe.


A dimensão do ser do outro, é reconhecimento da dimensão do meu ser. Ao reconhecer a dimensão da impossibilidade de limitar as potencialidades daquele que educo, e ao educá-lo também me educo, me mostra de que não posso estabelecer condições limitadas para ensinar. Todo ser humano é potencialmente, um sujeito de aprendizagem. Transformar a potência de aprender em aprendizagem, é um ato de amor. Limitar a aprendizagem, bem como definir quais potências transformar em ato, é cercear a liberdade do ser do outro e, na perspectiva da alteridade, minha própria potência de ensinar.


A dimensão do aprender do outro, é reconhecimento da dimensão do amor que tenho ao ensinar. Propondo que, é na incondicionalidade do amor que se realiza a aventura de educar, não posso ensinar sem considerar que o aprender do outro exige amor do meu ato de ensinar. Ato é realização da potência. Muitas das concepções educativas que foram ocorrendo ao logo da história da educação, trataram o processo de ensino e aprendizagem como uma “transmissão” de conhecimento. Transmitir conhecimento, é condição linear. A vida, não é linear; nem tampouco, pudera ser. Quando ensino linearmente, transmito. Não há aprendizagem, mas acúmulo de informações. Quem acumula, não ama, é egoísta. Não se faz uma aventura acumulando coisas. Em algum momento quem acumula terá que decidir do que irá abrir mão para poder prosseguir. Educar na aventura do amor, é abrir mão do egoísmo, do acúmulo, para ao educar, também aprender com o outro.


Assim, na incrível aventura de educar pelo amor, o saber, o ser e o aprender do outro, constituem, entre muitas, algumas possibilidades. Há outras...não há condições ou limites...há possibilidades.

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2 comentários:

  1. Exatamente assim...onde há ensino há aprendizagem e igualmente do aprender o amar...temos ke se reconectar ao aprender e amar....Parabéns primo...

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  2. Bem assim Rudinei...profundas e verdadeiras palavras.Parabens!

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