Páginas

terça-feira, 24 de abril de 2012

8

TEMPOS VELOZES

(Mario Sérgio Cortela)

Quando o jogo e a estratégia mudam rapidamente, não basta se contentar com o possível. É preciso fazer o melhor.

aristo-plato-gifO mundo está mudando. Mas a novidade não é a mudança do mundo, porque o mundo sempre mudou. A novidade é a velocidade da mudança. Nunca em toda a história humana se mudou com tanta velocidade. Aliás, a velocidade é tamanha que mudou a nossa noção de tempo. Cada dia você levanta mais cedo e vai deitar-se mais tarde. Sempre com a sensação de que deveria estar mais tempo acordado. Parece que é preciso estar o tempo todo em estado de vigília.

Velocidade, mudança, alteração – tudo é fast. Fast-food, drive-thru, lava-rápido. Você lavaria seu carro em um lava-lerdo? Por que não? Onde está aquele ditado que “a pressa é inimiga da perfeição?” E aquele que diz que “devagar se vai ao longe?”.

A velocidade é tanta que mudou a ideia de geração. Há vinte anos, choque de gerações era entre pais e filhos. Aliás, considerava-se geração um tempo de 25 anos, porque supostamente por volta dessa idade a pessoa teria um descendente e aí viria uma outra geração. Hoje, choque de gerações é imediato. Um jovem de 28 anos é considerado ultrapassado pela moça de 26 anos e ambos são vistos como ultrapassados pelo rapaz de 22. Eles não cortam o cabelo do mesmo jeito, não apreciam o mesmo gênero musical e não usam o mesmo tipo de roupa.

Quando criança, eu usava o termo “antigamente” para me referir a gregos e romanos. Já esses jovens falam “antigamente” em relação a fatos que não ultrapassam duas décadas. E nos inquirem:

- É verdade que antigamente não tinha controle remoto?

- É verdade.

- Então antigamente era preciso levantar para mudar de canal?

- Sim.

Até a maneira de disputar uma partida de futebol mudou. Nos anos 1970, um jogador corria por partida, seis quilômetros em média. Hoje, estatística refeita, um jogador percorre, em média, o equivalente a 13 quilômetros por jogo. Não mudou o tamanho do campo, nem a duração da partida e tampouco o número de jogadores. O que mudou? A velocidade do jogo, o ritmo e a estratégia.

Algo similar ocorre no mundo das empresas. Mudou o jogo, mudou a estratégia. E tem gente que acha que dá para fazer do mesmo jeito que já fazia antes. Os cenários são turbulentos, as condições se alteram e as mudanças são muito velozes. A coisa mais perigosa num mundo que muda velozmente é achar que já se chegou aonde podia. Ou seja, sossegar. A pior coisa para construir futuro é achar que o passado já sustenta. Sabe qual é o maior pecado para quem quer criar futuro? Achar que já está pronto, achar que já sabe, achar que já ficou bom. Cuidado!!! O seu cliente, o seu consumidor tem de ficar satisfeito, mas você jamais pode ficar satisfeito.

Nós brasileiros, temos um vício, que é muito perigoso, de nos contentar muitas vezes com o possível, em vez de procurarmos o melhor. Por exemplo, você chega ao mecânico: “o meu carro está com um problema, estou ouvindo um barulho”. Ele fala: “Vou fazer o possível”. Você fica desanimado, mas aceita.

Nessas horas, temos de aprender com os norte-americanos. Não devemos aprender tudo com eles, nem devemos rejeitar tudo o que vem deles. Mas quando se pede algo a um norte-americano, ele diz: I will do may best, ou, “Vou fazer o meu melhor”. Não é uma diferença de idioma, é uma diferença de atitude. Há uma diferença estupenda entre o possível e o melhor. Num mundo competitivo, para caminhar para a excelência é preciso fazer o melhor, em vez de contentar-se com o possível. Fazer o possível é o obvio. Agora, fazer o melhor é exatamente aquilo que cria a diferença. Se o mecânico responde: “Vou fazer o meu melhor”, você já se anima, confia.

Imagine você, submetido a uma cirurgia de extirpação do apêndice, e deitado, olhando para o médico a caminho do centro cirúrgico:

- Doutor, vai dar certo minha cirurgia?

- Vou fazer o possível.

Nessa hora você quase falece. Agora pense em como se sentiria se a resposta fosse ligeiramente diferente:

- Doutor, vai dar tudo certo?

- Vou fazer o meu melhor.

Já imaginou? E essa busca pelo melhor exige humildade e exige que coloquemos em dúvida as práticas que nós já tínhamos.

Porque se as práticas que tínhamos e temos no dia a dia fossem suficientes, já estaríamos melhor. ((•)) Ouça este post

8 comentários:

  1. Rudinei,
    Parabéns pelo seu texto! Parabéns por ter encontrado também um tempo para por no papel as ideias referentes as inúmeras mudanças que estão acontecendo a olhos vistos, mas dificilmente paramos para refletir sobre elas. Continue dando o seu melhor sempre! Grande abraço,

    ResponderExcluir
    Respostas
    1. Olá Luciane! Que bom tua participação por aqui!!! De fato, o texto de Mario Sérgio Cortela apresenta detalhadamente algumas mudanças que vêm ocorrendo em todos os setores empresariais e na sociedade de uma forma geral. Assim, é importante pararmos para refletir sobre as mesmas.
      Obrigado pela tua participação!
      Obs.: Sou seguidor de teu blog! Muito legal!
      Abraço,
      Prof. Rudi

      Excluir
    2. Muito legal o texto professor, super interessante fazer essas reflexões sobre a vida. Tão verídico que nem nos damos conta para pensar sobre essas mudanças, pois como diz o texto, perdemos essa noção de tempo devido a velocidade que a mesma percorre.
      Abraços!

      Excluir
    3. Olá Carine!!!
      Tudo bem?
      Que legal que gostou do texto. Acho ele superinteressante. As mudanças veem para que nós também mudemos nossa forma de ver, pensar e compreender o mundo.
      Abraço,
      Prof. Rudi

      Excluir
  2. Olá Rudi!
    Gostei do texto. Muito bom para refletirmos sobre o sentido da vida...
    abraços
    Leandro Sperotto

    ResponderExcluir
    Respostas
    1. Olá Leandro.
      Obrigado pela visita!
      É um texto que nos faz perceber o tempo, a velocidade e principalmente o perfil das pessoas nessa nova configuração de vida.
      Abraço,
      Prof. Rudi

      Excluir
  3. Olá professor,muito bom seu texto...parabéns!!
    Abraçoo da aluna Luana C. Oleiniczak- 2º NORMAL L'HERMITAGE Cristo Rei.

    ResponderExcluir
    Respostas
    1. Olá Luana!
      Que bom que gostou!!!
      Continue visitando o blog. Com certeza, terá outras novidades.
      Abraço,
      Prof. Rudi

      Excluir

Deixe aqui seu comentário