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sábado, 4 de junho de 2011

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ENQUANTO “NÓS PEGA O PEIXE”, “VOCÊIS PAGA O PATO!”

 

Pagando-o-patoO Livro didático adotado pelo MEC (Ministério da Educação) ensina o aluno do Ensino Fundamental a usar a “norma popular da língua portuguesa”. O volume Por uma vida melhor, da coleção Viver, aprender, mostra ao aluno que não há necessidade de seguir a norma culta para a regra de concordância. Algumas frases utilizadas nos livros nos causam alguns desencantamentos com a escrita formal. Frases como “os livro ilustrado mais interessante estão emprestado”, “nós pega o peixe”, “os menino pega o peixe”, deixam escancarados àqueles que, tomam as regras estabelecidas para norma culta como padrão de correção das formas linguísticas.

Diante do exposto acima, alguns se colocam à favor dos “abusos” pois dizem que, na variedade popular não há lugar para a elitização do conhecimento. No entanto, essa premissa merece algumas críticas.

Em primeiro lugar, não se pode dizer que, ao ser crítico o sujeito abandona a escrita formal, dedicando-se somente aos regionalismos linguísticos. A crítica também é um processo formal, onde a noção clara das palavras contribui para a formulação de teorias. Estas, quanto mais claras forem, mais evidentes serão suas possíveis interpretações.

Em segundo lugar, não se pode afirmar que a escrita formal e culta é sinônimo de pensamento elitizado. A massa crítica também forma uma elite. Então, quando escreve-se, mesmo utilizando os regionalismos, tem-se o culto à uma outra forma de pensar e a produção de outra elite.

Em terceiro lugar, a importância de um padrão linguístico faz com que as pessoas estejam organizadas, entendidas e comunicadas pelo processo do significado das palavras. Fundamentalmente, escrever correto é também comunicar-se de forma compreensível.

Se o MEC produziu este livro com a intenção de errar em suas frases, justificando agora os regionalismos presentes no mesmo, tudo bem…o que ninguém está levantando é a possibilidade de, junto com a suspensão do kit contra homofobia, estarem sendo apontadas a falta de controle de qualidade e a displicência do próprio Ministério.

Não nos assusta! Lembram-se das provas do ENEM? Será que também é uma questão de regionalismo? Ou será uma postura elitista? Enquanto não sabemos as respostas para estas perguntas, o dinheiro sujo corre solto entre as veias abertas da corrupção que, para aumentar a nossa indignação, chegou até o coração da vida social: a educação. Enquanto isso, “eles pegam o peixe” e “nós pagamos o pato!”

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2 comentários:

  1. Professo, ler sobre esse assunto me deixa triste, pois é impossível acreditar que é possível ensinar quando se foge da regra culta, de acordo com sua terceira colocação do texto a cima. Bjão boa semana!!

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  2. Olá Suzana!
    Pois é, mas enquanto nos prendermos às purpurinas do senso comum, estaremos educando uma civilização para o seu fracassso.
    Obrigado,
    Abraço,

    Prof. Rudi

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