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segunda-feira, 5 de abril de 2010

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MUDANÇA DE MENTALIDADE!

Há uma história já clássica, que muitos conhecem, que se conta que um ser humano abandonou a terra e viajou, durante algum tempo, à velocidade da luz. Em seu regresso ao mundo, para ele haviam passados apenas alguns anos, mas para aqueles que aqui viviam, já não sabiam quantos milhares de anos se haviam idos. Em seu desconcerto, nosso personagem não sabia mais de nada, apenas queria encontrar um lugar para se consolar; e o teria encontrado: a Escola. Este ambiente ainda estava à seu contento!

Diante de tamanho descontento com a escola, com seu modo de ser e existir, perguntamos além da sua natureza, também a sua necessidade social. A Escola é uma instituição social que merece ser reconhecida como portadora de uma função social especial: a tarefa e o sentido ético, o compromisso com a formação de cidadãos críticos e autocríticos, despertar a escuta e o gosto pelo ouvir, instigar a esperança nos corações, desenvolver a inteligência para os sentimentos e as ideias, preparar para o fracasso e para a frustração (que também é possível), despertar o senso de humor, a curiosidade, enfim…, formar adultos de qualidade, comprometidos politicamente com o meio em que vivem. Para tanto, precisamos reconfigurar as políticas educacionais que dão base para o seio da formação escolar.

Reformular políticas de educação significa pensar que os desafios do ensinar e aprender na contemporaneidade estão nas mãos de mentes abertas, pessoas que perceberam a fragilidade do ser humano e, no entanto, exigiram de si mesmos uma mudança de mentalidade. Mudar a mentalidade não significa em primeiro momento mudar a forma de fazer as coisas, mas sim, desenvolver a consciência de que, uma vez em mudança todos os aspectos da sociedade, também se faz necessário alavancar o processo de mudança no perfil educacional.

Para tanto, é necessário elaborar algumas perguntas: Onde estamos? Para onde pode nos levar a realidade em que vivemos? Que princípios vale a pena cultivar por que o são universais? Onde é preciso corrigir e mudar? O que temos que fazer? Como eu posso contribuir?

A partir dessas interrogações, percebemos que o aprender e o ensinar são dois eixos que articulam a vida. É o epicentro da paixão pela educação, pela escola, pelo professor e em especial, um compromisso específico da natureza humana.

Tenho medo de que esse projeto seja apenas uma utopia (como o próprio nome diz, ‘que não se encontra em lugar algum’). Tenho medo de que essa voz que grita pela mudança educacional seja silenciada pela força e pelo poder da opressão. Suspiro pelas pequenas iniciativas de alguns professores e escolas, e que têm um forte papel social diante da causa política em educação.

A mudança tão esperada aqui, como já dito, não é apenas da estrutura, mas da compreensão e da destruição dos moldes neoliberais – ainda, é acima de tudo, uma mudança de mentalidade.

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2 comentários:

  1. Começar o texto com este exemplo foi perfeito, A escola não mudou, continua a mesma de décadas atrás, não é atoa que o racismo e todos os tipos de preconceitos continuam cada vez mais escancarados. Que os negros, indígenas e pobres ainda necessitam lutar pela simples sobrevivência, que mulheres e gays continuam lutando por direitos vitais como decidir sobre o próprio corpo, sobre a vida, enfim, que a mentalidade que prevalece neste país ainda é a dos homens velhos do velho colonialismo, eles morrem, mas deixam seus herdeiros adestrados para manter a velha, podre e fétida mentalidade. Por que? Porque a escola ainda é a mesma.

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