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domingo, 21 de março de 2010

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O MAL-ESTAR DE UMA CIVILIZAÇÃO!

O ser humano é insatisfeito! No entanto, há sempre a necessidade de buscar àquilo quetristeza deseja. O desejo, conforme Aristóteles é uma condição natural, ou seja, já nascemos com ele. Ninguém está imune do desejo. O desejo acompanha a vida do início ao seu fim. No entanto, a vida social é resultado do desejo e não simplesmente da necessidade de sobrevivência. O conflito, autor de inúmeras construções ou destruição de cultura é sim, por conseguinte, inerente do processo social.

Diante dessa apresentação surge a tendência ao livre-arbítrio, ou seja, uma vez que a vida social é construção, também o mal-estar pode ser construído. O livre-arbítrio é o que determina a condição humana, ou seja, por meio dele abandonamos nossa animalidade e preservamos a intenção de viver em sociedade. Alguns não entendem a máxima do livre-arbítrio: “Não faças ao outro o que não queres que te façam” e, praticam atrocidades na vida social, dificultando a sua vida e a dos seus.

Visualizando essas prerrogativas na educação, verifica-se que vivemos um momento de “mal-estar de uma civilização”, ou seja, valores que até então tinham significado de universalidade são abandonados sem a construção de novos. No lugar desses valores surgem modismos sofisticados em nome da felicidade, mascarados de marketing barato e sustentação da desigualdade social. Basta observar o modelo carregado pelo Big Brother e outros do mesmo caráter.

Diante desse cenário, no lugar da indignação (valor tão esquecido atualmente) surge o parâmetro de normalidade, onde as gerações com nomenclaturas diversas (Y, X,Z…) aceitam padrões construídos pela ideologia dominante como princípios de vida para si e para seus convives. É de saltar os olhos!

Então, enquanto professores, pais e escola, lutamos contra um sistema imaturo, insustentável do ponto de vista social, onde há uma força alienante que conduz a nossa e as futuras gerações à viverem um mal-estar, ou seja, uma insatisfação que só será suprida a partir do momento em que o normal produzirá nosso imperativo de vida, dizendo o que pensar, fazer, consumir, etc.

O mal-estar é caracterizado pela insatisfação com a condição individual e coletiva. Estar de bem consigo mesmo exige uma postura diante do mundo! Estar de bem com o coletivo exige uma postura diante dos outros! E essa relação não é nada fácil, principalmente quando se vive um momento em que cada um estabelece sua verdade. A identidade coletiva foi abandonada e, junto com ela a noção de responsabilidade coletiva! Para tal, basta observar a dificuldade que é encontrar lideranças nos tempos em que mais necessitamos das mesmas.

De outro lado, há que se dizer da necessidade de superar este mal-estar sob a perspectiva de que esse momento assim caracterizado seja apenas uma transição. Se não o encararmos assim, vamos aos poucos perdendo a noção dos valores universais, encarando apenas os “modismos” como imperativos de nossa vida.

Enquanto escola, professores e pais, jamais podemos deixar de reforçar valores universais como a vida, a liberdade e a dignidade, pois, se assim o fizermos estamos acabando por concordar com o mal-estar civilizatório.

“Se você treme de indignação perante uma injustiça, então somos companheiros” – Che Guevara.

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4 comentários:

  1. Oi, estou precisando de um livro que mostre as mudanças políticas da Grécia até os dias de hoje, como também fale da crise de identidade política e a desilusão com a representatividade. SE souber de algum, desde já agradeço. Também tenho um blog, se quiser dar uma visitada: www.aledasissi.blogspot.com

    Abraço.

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  2. Olá Alexandre! Em primeiro lugar, gostaria de agradecer sua visite! Que bom trocar ideias!
    Quanto ao livro que me pediste, que fale da Identidade, te sugiro "Identidade Cultural na Pós-modernidade" de Stuart Hall. É um livro bom de ler.

    Boas Reflexões!
    Abraço,

    Rudinei

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  3. Certo,vou ver ele então. Abraço e muito obrigado.

    Alexsander.

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  4. Bom como damos valor para o que nos da boa imagem,é certo afirmar que somos comandados pelo o que os outros pensam.Ignorando o que nossa alma precisa e revivendo o que já vivemos sem dar uma compreensão de experiência espiritual.Para quem tem uma mente que se abre para novas ideias nunca ira ter um senso comum remoendo seu conhecimento!

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