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quarta-feira, 20 de janeiro de 2010

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POLÍTICA COMPENSATÓRIA OU FRACASSO ESCOLAR?

bolsa É de saltar os olhos! O Governo Federal anunciou na terça-feira, dia 19/01/2010 o cancelamento de 23.592 contas do Bolsa-Família no país. Já no RS, 1.918 benefícios acabaram sendo anulados. O motivo: frequência escolar. As famílias atingidas não comprovam a presença dos filhos nas aulas, uma das exigências para receber os recursos. Adolescentes de até 15 anos precisam de 85% de presença, enquanto os jovens de 16 e 17 necessitam de 75%. No entanto, quando se percebe que os adolescentes de até 15 anos tem baixa frequência, a família recebe uma advertência. Na quinta advertência, o benefício é definitivamente cancelado. Para os jovens de 16 e 17 anos o processo é mais rápido. Bastam três descumprimentos para o benefício ser cancelado.

Para alguns, isso é motivo de louvor. Para outros, desgosto. Para nós, pessoas preocupadas com a educação, isso deve ser motivo de reflexão, pois sabemos que a baixa frequência leva consecutivamente ao fracasso escolar. Depois do fracasso escolar, seguem outras peripécias da vida, como por exemplo, o uso de drogas, a prostituição, o marginal, entre outros…, mas principalmente, o analfabeto político.

No entanto, ficamos extremamente estarrecidos com uma política compensatória como esta. Não basta que o Ensino Fundamental seja de caráter obrigatório, enquanto o Ensino Médio passa pelo mesmo processo, ainda é preciso existir “trocas de favores” entre o Governo e àqueles que não veem sentido na escola?

De outro lado, é preciso estar ciente de que uma família que não tem as mínimas condições de participar da vida social, também não vê motivo para colocar seus filhos na sociedade que à excluiu.

Várias então, são as hipóteses pelas quais um sujeito inserido na vulnerabilidade social, em espécie econômica, não frequenta as aulas. Obviamente, a família não pode perder um benefício que, humanamente é um direito seu enquanto excluída socialmente. Devem-se tomar outras medidas que venham a inserir novamente esses adolescentes e jovens na escola. Mas compensá-los o “mérito” de estar frequentando a escola com Bolsa-família, é gritante.

Ainda me recordo do tempo em que íamos à escola com vontade de estudar. Ninguém pagava nada para todos os dias acordarmos cedo, enfrentar sol ou chuva, frio ou calor, etc., apenas nos alimentávamos pelo desejo do conhecimento e da construção de um futuro com dignidade. Me parece que hoje, as políticas compensatórias estão aquém do sonho de muitos. Sabe-se lá, quem são os interessados em “domesticar” àqueles que ainda criticam o sistema! Temos que lembrar de fato, que para os “lobos”, apenas interessa que todos sejam “ovelhinhas”! Forte abraço.

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4 comentários:

  1. Acredito que é tanto uma política compensatória como fracasso escolar. Sou assistente social e vejo casos difíceis de famílias que não conseguem manter a frequência escolar de alguns de seus filhos. Infelizmente, não são todos que tem o mesmo perfil, ou seja, não são todas as famílias que são "perfeitas", "estruturadas" e nem todos os filhos são iguais e por aí vai começando os problemas sociais. A mente ou as mentes que idealizam esses programas sociais como bolsa-família não conhecem de perto os problemas que ocorrem nas famílias a nível privado. Política social no Brasil é elaborada assim: de cima para baixo para amenizar as questões sociais e não para solucioná-las em suas causas.

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  2. Olá Ana Santiago!
    Antes de mais nada, obrigado por passar aqui pelo blog e deixar sua importante opinião.
    Conviver com os problemas sociais não é uma realidade para quem busca apropriar-se de políticas liberais; muito pelo contrário, é sim, de pessoas que vão pelo viés da teoria crítica, se desenvolvendo e desenvolvendo as cabeças de seus próximos.
    No entanto, essas políticas compensatórias acabam atrapalhando para o desenvolvimento humano, político e social.

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  3. Professor Rudinei B. Augusti como resolver as causas? do problema é o que Ana Santiago propõe!!!

    A visão liberal, utilitárista não observa a realidade de quem precisa da política compensatória.

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    1. Olá Hartmut! Tudo bem? Concordo com você e de fato, o problema está na proposta da Ana Santiago. Veja, todos os projetos, sejam eles liberais ou não, vêm acompanhados de um projeto (por mínimo que seja) de desenvolvimento. Neste caso, incluímos o bolsa-família por exemplo. No entanto, em virtude das péssimas condições de formação dos nossos gestores públicos, as políticas de desenvolvimento acabam por ficar apenas no assistencialismo. Bom, ai nascem as políticas compensatórias, resultado no Brasil de uma cultura histórica baseada no paternalismo de um Brasil colônia.
      Abraço,
      Prof. Rudinei

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