Em tempos sólidos, a subjetividade, a razão, o indivíduo, estava em alta. O sucesso era resultado de mérito! Mesmo que para isso fosse necessário criar uma sensação de superioridade perante os outros; romper relações com os próximos, com a natureza e até mesmo com Deus.
Em tempos sólidos a visão de mundo estava pautada no domínio do Homem sobre a Natureza e, muitas vezes, sobre o próprio homem. A ciência, a técnica e a Razão matemática contribuíram para esse cenário. Dicotomizou-se muito, fragmentou-se culturas, pensamentos, memórias. Excluiu-se as possibilidades da diversidade. O sólido não é flexível! Não se adapta, não muda!
Na educação, os tempos sólidos carregavam verdades inquestionáveis, autoridades mascaradas, autoritarismos vangloriados pela honra, pela história e até mesmo, em muitos casos, pela impossibilidade de questionar a reprodução do próprio tempo. O velho se tornou mais importante que o antigo. Desgastou-se, subjetivou-se tanto que entrou em crise.
A ética do domínio necessitou ser substituída pela ética do diálogo. Nasceu a intersubjetividade comunicativa. O novo paradigma que está sendo construído. Neste novo paradigma, o da Intersubjetividade comunicativa, não há lugar para autoritarismos ou para subjetivismo autoritários. As relações de diálogo são construídas mediante consensos de diferentes. A diferença e a multidiversidade fazem parte da nova ética.
Mesmo que estejamos em um processo de transição do paradigma da subjetividade para o da intersubjetividade comunicativa, é preciso superar alguns desafios: o primeiro, quem sabe o mais importante, a relação entre opressores e oprimidos, entre pobres e ricos, entre sábios e ignorantes. Buscar o sentido, ao invés de buscar o poder. Até porque o poder não está na força, mas na autoridade do argumento. É preciso convencer sem vencer!
A postura dialogal, no paradigma da intersubjetividade comunicativa, passa necessariamente pelo diálogo crítico, pela oportunidade de falar e o direito de ouvir. Não há indivíduos, mas sujeitos porque agem, e agindo, se tornam novos sujeitos.
A ética está na maturidade da aproximação sem o preconceito ou a exclusão, pois é através da referência do outro que vou me constituindo nas minhas escolhas, no meu projeto de vida, e no meu discernimento diante das questões éticas que cercam a vida da sociedade. Por isso, são escolhidos projetos coletivos para compor o coletivo da sociedade. A dimensão individual, tem sua importância quando contribui democraticamente para a esfera coletiva.
Para concluir, as relações intersubjetivas são mediadas pela comunicação educativa, de respeito, de amor, de entendimento. O diálogo crítico tem função reparadora, pois ao reparar também ama, aprende e se eterniza.
E aí, já pensou nas possibilidades da intersubjetividade comunicativa nos novos tempos?
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