Quero trazer essa reflexão, pois quarta-feira iniciamos em todo o Brasil, a Campanha da Fraternidade 2023, que traz como tema "A FOME!".
Para se ter ideia da dimensão desse quantitativo de pessoas é uma população equivalente as maiores cidades do Brasil, como o Rio de Janeiro, São Paulo, Salvador, Fortaleza, Belo Horizonte e Manaus. Em termos de população de país, é como se fosse toda a população peruana passando fome. É muita gente! É gente, porque a condição da Fome é uma condição de humanidade, é um direito humano. O direito humano da Alimentação saudável é adequado e indispensável para sobrevivência de todas as pessoas. Alimentação é um direito, e como tal, deve ser garantida pelo Estado a todos os seus cidadãos.
Os pobres são as primeiras vítimas. Entre eles, as crianças e os idosos, as mulheres grávidas e os enfermos. Também encontramos as pessoas refugiadas com deficiência nutritiva.
Porém, as causas da fome no Brasil, podem ser resumir algumas situações:
a) Estrutura fundiária: esse tópico se refere a como a terra foi distribuída historicamente e como ela continua sendo distribuída. Quando se fala em terra, é bom lembrar que é nela que ocorre a produção familiar do alimento. Países que tiveram uma melhor distribuição de terra, com uma ocupação preocupada com a produção de alimentos, não realizou de forma irregular o estabelecimento das famílias, com isso, diminuiu e muito as desigualdades socioeconômicas.
b) Política agrícola que coloca o sistema produtivo a serviço do sistema econômico-financeiro: as políticas agrícolas em sua maioria, incentivam o agronegócio exportador, acreditando que o mercado internacional é mais importante do que a alimentação e a nutrição da população interna. Por isso, descaso com agricultura familiar, pouco incentivo. É importante investir na produção agrícola local, diversificando as propriedades e movimentando a economia local. Deve se produzir para comer; no entanto, No Brasil se produz para lucrar e exportar.
c) O desemprego e o subemprego: entre as manobras de sobrevivência, estão a crise econômica aliada a difícil conjuntura de trabalho que causam a fome no Brasil. Muitas famílias desempregadas e outras tantas subempregadas, sem as necessidades seguranças institucionais. O Brasil conta com 14 milhões de desempregados em 2022. Desses, 24% não consegue trabalho e desistiu de procurar.
d) A perversidade da política salarial: o preço do alimento é caro. O salário é baixo. No entanto, o salário mínimo não garante mais minimamente as condições de existência do trabalhador e de sua família. Existe no Brasil um grupo privilegiado de 28 mil pessoas que ganha mais de 320 salários mínimos mensais. Enquanto isso, um trabalhador tenta forçosamente viver com o salário mínimo mensal.
e) Comportamentos morais lamentáveis: a busca pelo dinheiro, a ganância em querer ter mais, a luta pelo poder da imagem pública, o descaso pela comunidade, e outras formas de corrupção, aumentam os perigos da fome e da subnutrição. A posição social da mulher, a carência da formação, o analfabetismo, gravidez na adolescência, entre outros, aumentam a precariedade da vida social, potencializando a fome.
As regiões mais afetadas pela fome são a região nordeste e a região norte. Nelas, os domicílios rurais são aqueles que são afetados pela fome com maior intensidade. A região Sul tem o menor índice de fome. Mesmo que exista essa diferença, a fome não tem sido prioridade; a prioridade maior é sempre o lucro.
Para finalizar, uma reflexão: "Se eu tenho fome. o problema é meu. Se meu irmão tem fome, o problema é nosso!" - Dom Hélder Câmara.
((•)) Ouça este post
Nenhum comentário:
Postar um comentário
Deixe aqui seu comentário